A equipe de implante coclear dos hospitais Pequeno Príncipe e Iguaçu comemora o êxito do 50.º implante realizado, ocorrido no último fim de semana. O Hospital Iguaçu realiza, desde junho de 2006, a cirurgia de implante coclear, estabelecida como rotina médica. Desde então, o procedimento é a esperança para quem perdeu a audição por algum problema ou, também, para quem nasceu com a deficiência.
O implante coclear pode ser indicado tanto para adultos quanto para crianças maiores de um ano de idade que apresentem surdez profunda, ou seja, não ouvem nada e que não tenham benefício com aparelho auditivo tradicional.
O otorrinolaringologista Maurício Buschle, chefe da equipe multidisciplinar de implante coclear do hospital, comenta que a reabilitação da criança é mais rápida, pois, geralmente, a cirurgia é indicada quando ela está aprendendo a se comunicar com o mundo ao seu redor.
Aos dois anos de idade, o garoto M. A. S. teve o diagnóstico de surdez profunda e foi submetido à cirurgia de implante coclear. Hoje, tem o acompanhamento de uma fonoaudióloga que o ajuda a perceber e distinguir os sons, estimulando seu aprendizado. “Ele freqüenta uma escolinha, pronuncia as vogais e quando ouve o barulho de um avião procura repetir o som”, se alegra E. M. A., sua mãe.
De acordo com o especialista, a deficiência auditiva profunda cria grandes dificuldades de comunicação e convivência social. “A partir do momento em que este paciente é inserido no grupo dos ouvintes ele ganha mais qualidade de vida, por ter mais facilidade de comunicação”, completa o médico Lauro Alcântara, chefe do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Pequeno Príncipe.
O implante
Maurício Buschle explica que a cirurgia é bastante simples e que o implante coclear consiste em inserir na parte interna do ouvido um dispositivo eletrônico, composto por um grupo de eletrodos e um aparelho receptor. Por fora, colocado atrás da orelha, fica o dispositivo que processa a fala, com microfone e bateria.
O implante substitui a função da cóclea, importante órgão do ouvido que codifica os sons, transformando os sinais sonoros em impulsos elétricos, fazendo com que a pessoa possa ouvir. A comunicação entre os componentes externo e interno é realizada através de ondas de freqüência transmitidas pela pele intacta (percutâneo).
Cerca de um mês após a cirurgia, é necessário ativar o aparelho. O procedimento consiste na colocação da parte de fora do aparelho e do ajuste e mapeamento, que é feito por meio de programa de computador, com a ajuda de uma fonoaudióloga.
“Após a cirurgia, o paciente terá que ser submetido a sessões de fonoaudiologia por um período que varia de seis meses a dois anos, com duas consultas semanais”, explica o especialista.
Fila
O candidato ao implante coclear é acompanhado por uma equipe multidisciplinar que incluí otorrinolaringologistas, fonoaudiólogos e psicóloga especialista em deficiência auditiva e implante coclear. Referência em atendimento infantil, o Hospital Pequeno Príncipe possui toda a estrutura hospitalar de procedimentos mais complicados com auxílio de várias especialidades médicas e afins, incluindo assistência social.
A fila de pacientes que necessitam da cirurgia já tem 56 pacientes. Eles esperam a liberação dos convênios para passar pelo procedimento. Os serviços médicos não contam com nenhum tipo de ajuda oficial e, muitas vezes, os custos com a cirurgia, materiais e reabilitação são absorvidos pelos próprios hospitais.
Para estender o atendimento a um número maior de pacientes, o Pequeno Príncipe está solicitando o credenciamento junto ao Sistema Único de Saúde (SUS), o que permitirá à população de ,baixa renda alcançar os benefícios do implante e voltar a ouvir.
Déficits dificultam aprendizagem
Com o início do ano letivo, as escolas devem estar atentas para um problema sério que pode prejudicar o acompanhamento das aulas e fazer cair o rendimento escolar dos alunos: a perda de audição.
É necessário que os professores observem o comportamento e o grau de dificuldade de seus alunos e, se houver suspeitas, mobilizem os pais, alertando-os para possíveis casos de surdez, que muitas vezes passam despercebidos.
É necessário medir a audição das crianças, principalmente no início da fase escolar. Um diagnóstico precoce poderá evitar que esses alunos tenham dificuldades de aprendizagem e até repitam o ano.
Por meio do exame audiológico é possível verificar se a criança apresenta uma perda auditiva. A avaliação do especialista também detecta o grau e o tipo de perda auditiva, assim como o local da lesão.
“Os pais devem estar atentos para as crianças que falam alto, aumenta demasiadamente o volume da TV, apresentam rouquidão crônica, otites de repetição, têm dificuldades na escola, distorções na fala e atraso no desenvolvimento da linguagem”, lembra a fonoaudióloga Isabela Gomes.