O cigarro faz mal e é causa importante para o surgimento de doenças crônicas e que trazem risco de morte.

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Parece que isso, todos sabem, mas não é uma boa sensação, se sentir o único incapaz de abandonar um vício.

Aliás, a sensação não é boa, nem é positiva, nem ajuda. Nem é verdadeira. Os próprios números da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam um crescimento de fumantes, a cada ano.

Quem fuma e está tentando deixar de fumar, precisa de parceria, de companheirismo, de solidariedade, não de cobranças, nem de ameaças.

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O cigarro faz mais vítimas fatais do que a aids, malária e varíola juntos, causando 150 milhões de mortes por ano no mundo. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil morrem perto de 200 mil pessoas por ano em decorrência de doenças causadas pelo cigarro.

O fumo é responsável por 90% das mortes por câncer de pulmão, 25% das mortes por doença coronariana, 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e 25% das mortes por doença cérebro-vascular.

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Sem proteção

Neste ano, a OMS definiu como tema do Dia Mundial de Combate ao Fumo, lembrado em 31 de maio, Advertências sanitárias dos maços de cigarro. Como no Brasil, desde 2000 as imagens de advertência já são regulamentadas e utilizadas, a ênfase está sendo a discussão de áreas livres do tabaco, fato que tem motivado a criação de projetos de lei que tratam sobre o assunto.

De acordo com a oncologista do Serviço de Cabeça e Pescoço do Instituto de Oncologia do Paraná (IOP), Paola Pedruzzi, a preocupação com os fumantes passivos tem aumentado. A cada tragada, o fumante inala 4.720 substâncias tóxicas, entre elas a acetona, o formol e a naftalina. Desse total, 80 são consideradas cancerígenas.

No entanto, o fumante está “protegido” do contato direto com essas substâncias devido ao filtro existente no cigarro, já a pessoa que está ao lado dele, não. Assim, inala a fumaça sem nenhuma proteção.

“Precisamos conscientizar as pessoas para que evitem a permanência em grupos de fumantes, evitando a inalação dessas substâncias nocivas à saúde”, adverte a especialista.

O hábito de fumar é responsável por mais de 80% dos casos diagnosticados de câncer de pulmão em homens, já nas mulheres representa 45% dos casos.

Entretanto, tem sido observado que as taxas em mulheres vêm aumentando e as taxas nos homens têm se mantido estáveis, com tendência ao declínio.

Anticoncepcionais

O indicado é que as mulheres parem mesmo de fumar. O tabagismo é responsável não apenas por doenças no sistema respiratório e circulatório, mas também no reprodutor.

“O cigarro aumenta a taxa da infertilidade feminina e, nas mulheres grávidas, facilita o trabalho de parto prematuro, baixo peso e pode causar o câncer de colo cervical”, reconhece a cardiologista Maria do Rocio Peixoto de Oliveira, do Hospital Cardiológico Costantini.

“Se a mulher não conseguir evitar o vício, ela deverá evitar o uso de anticoncepcionais”, pondera. De acordo com a médica, a nicotina, encontrada no cigarro favorece a agregação das plaquetas e, aliada ao anticoncepcional, facilita formação de coágulos nas artérias, podendo obstruir o fluxo sanguíneo. “Se essa oclusão for numa artéria no coração, a mulher pode ter um infarto, no cérebro, pode causar um acidente vascular cerebral (AVC)”, explica.

Paola Pedruzzi lembra que o processo de largar o fumo deve ser um contínuo para evitar a recaída, sendo importante que o paciente mantenha-se motivado. A motivação é um processo psicológico que pode ser acelerado ou não pela intervenção do profissional da área da saúde.

A avaliação psicológica é importante, pois, constata o tipo de relação estabelecida entre a pessoa e o cigarro. “Sabemos que algumas pessoas não conseguem se imaginar sem o uso do cigarro, já que ele faz parte da sua identidade e imagem”, adianta.

Recaídas

Existem várias táticas para parar de fumar. Deve-se em primeiro lugar ter iniciativa própria. A escolha de uma data é aconselhável, já que grava no subconsciente a idéia e o desejo de parar e ajuda no processo. A parada deve ser de preferência imediata, mas pode ser feita de forma gradual.

Outra forma é o uso de terapia de reposição de nicotina, principalmente utilizando adesivos. “O uso de adesivos deve ter acompanhamento médico, pois é contra-indicado no caso de algumas doenças coronarianas e há risco de intoxicação quando utilizado de forma errada”, ressalta.

A oncologista alerta que os riscos de recaída são maiores em pessoas que consumem café ou álcool, sentem ansiedade, tristeza, tédio ou raiva, permanecem em ambiente tenso e convivem com fumantes.

Após a parada, o risco de desenvolver doenças relacionadas ao cigarro diminui gradativamente, mas leva em torno de cinco a dez anos. “Portanto, quanto antes parar de fumar, mais rápido os benefícios aparecerão”, finaliza.

Dez benefícios imediatos

Aproveite a comemoração de 31 de maio, Dia Mundial de Combate ao Fumo, para refletir sobre os fatores que o motivam a parar de fumar. Deixe de postergar a data para livrar-se do cigarro e conheça alguns benefícios obtidos depois da última tragada.

1. Duas horas após o último cigarro, a frequência cardíaca e a pressão arterial retornam ao valor de base.

2. Após duas sem fumar, não há mais nicotina circulante no sangue.

3. Após 72 horas sem fumar há renovação das papilas gustativas queimadas pelo cigarro e já é possível sentir melhor o sabor dos alimentos

4. Em poucos dias percebe-se melhora notável no olfato

5. Entre 10 e 20 dias após o último cigarro é perceptível a melhora do aspecto dos cabelos e da coloração da face

6. Após 2 a 3 semanas sem fumar, é possível perceber a melhora do fôlego e da capacidade de praticar exercícios.

7. Após 3 a 4 semanas sem fumar, há melhora da tosse, do pigarro e de outros sintomas respiratórios

8. Poucas semanas sem fumar são suficientes para se notar melhora na circulação nas pernas e nos pés.

9. Um mês sem fumar é o tempo suficiente para hipertensos notarem melhor controle da pressão arterial e menor necessidade de uso de medicação

10. Após um ano sem fumar o risco de infarto cai pela metade.

Novas pesquisas

* O cigarro como o principal fator de risco de infecção pós-cirúrgica em pacientes oncológicos, elevando em 120% a possibilidade de um quadro infeccioso.

* O cigarro é o vilão não apenas do câncer de pulmão, mas também de outros tipos da doença, como tumor na bexiga e câncer de boca, laringe e faringe.