Se você chegou aos 60 anos sem praticar nenhum exercício físico, agora é a hora de pegar pesado para garantir a saúde do coração. Estudo norte-americano divulgado no fim do ano passado mostrou que os efeitos do sedentarismo são reversíveis mesmo na terceira idade, mas exigem frequência e intensidade maiores do praticante.
Para garantir os benefícios, é preciso começar a se exercitar antes dos 65 anos, quando o coração ainda mantém a plasticidade e a habilidade de se remodelar. É necessário também que a frequência dos exercícios seja regular, entre 4 a 5 vezes por semana, durante dois anos.
A intensidade deve ser moderada no início, mas com aumento gradual. O objetivo do estudo foi verificar a relação entre os exercícios físicos e a prevenção da insuficiência cardíaca.
Com o aumento da intensidade e frequência ao longo dos meses, ao chegar ao sexto mês os participantes treinavam entre cinco a seis horas por semana, com duas sessões de exercício intervalado, uma sessão de uma hora e outra de 30 minutos com intensidade moderada. Treinamento de força semanais também foram indicadas entre uma a duas sessões.
Ao compararem os resultados com pessoas que praticavam as atividades entre duas a três vezes na semana, a conclusão mostrou que essa frequência não era suficiente. Da mesma forma, idosos mais velhos não têm os mesmos resultados que aqueles entre os 45 e 65 anos. A idade, frequência e intensidade dos exercícios, portanto, contam muito.
Fazer exercícios deve ser como escovar os dentes
Benjamin Levine, autor principal do estudo, diz que os exercícios físicos devem se tornar frequentes, parte da rotina, como é a higiene pessoal. “Assim como escovar os dentes ou tomar banho“, sugere o autor em entrevista divulgada pela Universidade do Texas, onde o estudo foi feito.
A mesma relação foi feita por Marcelo Bichels Leitão, médico cardiologista e especialista em Medicina do Esporte:
“A regularidade é muito importante. Eu faço uma brincadeira, uma analogia. Se você, que toma banho todos os dias, ficar três dias sem tomar, não se sente bem. Uma coisa que você faz todos os dias, se deixa de fazer, vira um problema. Por outro lado, se você nunca tomou banho, e toma uma primeira vez, os benefícios são enormes, logo de primeira”, explica o médico, reforçando que, no caso dos exercícios físicos, a máxima “antes tarde do que nunca” é verdadeira.
“É sabido o salto que existe quando se fala em atividade física, principalmente da pessoa inativa para a ativa. Qualquer coisa que a pessoa inativa comece a fazer ajuda muito! E mesmo depois dos 60 anos. Outros estudos indicam os benefícios. O grande ponto é nunca deixar de ser ativo”, reforça o especialista.