Dizem que o assunto preferido entre os amigos no bar, depois de uma partida de futebol ou em um churrasco de confraternização está relacionado à mulher. Se for assim, o segundo, provavelmente, para espanto geral, são os cuidados com a saúde. No bate-papo reservado ou em grupo, a frase mais ouvida, entre a turma que beira os 40 anos, é: ?Preciso fazer um check-up?.
Para o cardiologista do Hospital Santa Cruz, Eduardo Zen, as pesquisas mostram que a expectativa de vida vem aumentando significativamente, ?por isso, devemos aproveitar as oportunidades de prevenção para alcançarmos ainda mais longevidade?, constata. Assim, para sobreviver ao estresse da rotina diária e garantir muitos anos de vida, é preciso cultivar a política da prevenção e colocar a saúde como um fator prioritário na escala de importâncias.
De acordo com o cirurgião cardíaco Victor Bauer Júnior, do Hospital Pilar, a lista de exames recomendados deve ser elaborada pelos médicos, depois de uma minuciosa consulta clínica e de uma avaliação do histórico familiar de doenças e do estilo de vida do paciente. ?Não é o check-up que protege o paciente, esses exames servem para complementar um diagnóstico já previsto por uma avaliação médica de rotina?, frisa o cardiologista.
A idade conta
Com efeito, exames preventivos ajudam a diminuir o número de mortes causadas por várias doenças. Para se ter uma idéia, cerca de 75% dos tumores malignos de próstata podem ser curados quando detectados precocemente por meio da associação do exame de toque retal com a dosagem da proteína PSA. As lesões intestinais descobertas em estágio inicial fazem com que as mortes por câncer reduzam de forma importante. O mesmo acontece com os exames de glicemia ? que medem a taxa de açúcar no sangue. Na avaliação de Bauer Jr., elas podem reduzir pela metade as complicações causadas pelo diabetes.
Também do Hospital Pilar, o cardiologista Danton Rocha Loures explica que no check-up se faz uma avaliação momentânea da saúde da pessoa. ?Com o avançar da idade, o organismo sofre mudanças de forma mais acentuada, por isso essas ?revisões gerais? devem ocorrer em intervalos regulares, permitindo detectar riscos e alterações precoces para o desenvolvimento de uma série de doenças?, explica o especialista. A indicação para exames complementares varia de paciente para paciente e está baseada sobremaneira na experiência do médico em obter informações relevantes do histórico de saúde e de eventuais sintomas do paciente.
De acordo com Bauer Júnior, a dificuldade para buscar a prevenção parece ser uma herança cultural do povo brasileiro. Tanto para os profissionais de saúde quanto para os organismos de governo ligados à área, se torna difícil trabalhar o conceito de prevenção, já que as pessoas não têm o hábito de visitar espontaneamente o médico ou programar check-ups periódicos.