Quando o assunto é prisão de ventre, algumas sensações, como dor, angústia e vergonha, costumam deixar qualquer pessoa desconfortável. Em muitos locais, frequentar toaletes não é uma sensação muito agradável, mas deixar de ir é pior ainda. Até mesmo explicar os detalhes do problema para o médico, às vezes é constrangedor. Esse “delicado” desconforto também é conhecido por constipação intestinal, intestino preguiçoso ou intestino preso. Nomes diferentes para um problema que atinge entre 15% a 30% da população mundial, de acordo com a região geográfica e a faixa etária.

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Segundo a Organização Mundial de Gastroenterologia, em média, 20% da população mundial sofre de problemas intestinais. Desse número de pessoas, cerca de 90% não procuram um médico que os auxiliem a solucionar o problema e acabam recorrendo a automedicação. Sem contar aquelas que nada fazem para resolver de vez o desconforto. Conforme os especialistas, uma opção é pior do que a outra. Os incômodos de pessoas que sofrem de constipação intestinal são inúmeros, desconforto intestinal, dores e inchaços abdominais, prisão de ventre, diarréia, entre outros.

A principal recomendação dos médicos é: notando algum distúrbio intestinal, o correto é procurar um especialista o quanto antes, para que o problema seja controlado e não afete ainda mais sua saúde.

Com o intuito de mudar o dia a dia das pessoas que convivem com esse problema diariamente é que a partir desse ano teve início a campanha para o Dia Mundial da Saúde Digestiva (29 de maio). Pois, quem vive com essa doença sabe que não tem cura, mas sim existem métodos para que os sintomas sejam controlados. A campanha tem como principal foco incentivar as pessoas que sofrem com a doença a procurar ajuda médica. Pois, somente com a ajuda de especialistas se chega ao diagnóstico e ao tratamento correto.

Mulheres, as maiores vítimas

A constipação intestinal é um distúrbio bastante frequente. Em alguns casos, as pessoas passam três a quatro dias sem evacuar e o problema vai se agravando cada vez mais. Nesses casos é comum o abuso no uso de laxantes, o que, segundo especialistas, traz muitos prejuízos ao organismo. “Além de procurar orientação médica e seguir hábitos de vida saudáveis, com a ingestão de uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos funcionais, além dos exercícios físicos e adequada ingestão de água”, reconhece Antonio Frederico Magalhães, da Federação Brasileira de Gastroenterologia.

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As mulheres são as principais vítimas do distúrbio. Entre as causas mais frequentes, entre elas, podem estar o estresse, o sedentarismo e o mau hábito alimentar. Até o estado emocional pode acabar alterando o funcionamento dos intestinos. A prisão de ventre ou constipação intestinal não é simplesmente “não utilizar o banheiro”. Para o proctologista Olival de Oliveira Jr., existem parâmetros para verificar a normalidade do funcionamento do intestino, e eles mudam de pessoa para pessoa. “Não existe uma quantidade de vezes indicada para a evacuação, para algumas pessoas, a regularidade pode significar duas vezes por dia e, para outras, somente três vezes por semana”, compara.

Fibras e frutas

Além disso, cada organismo tem seu próprio ritmo e velocidade e a “ida” ao banheiro vai depender do próprio sistema digestivo, da alimentação e do estilo de vida. Além do impacto negativo no humor e na qualidade de vida, o intestino preguiçoso pode causar dilatação do c&oacu,te;lon causado por deficiência do trânsito intestinal, hemorróidas, fissuras anais, inchaço do reto, incontinência fecal e hemorragia retal.

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Ao consultar um médico para se assegurar de que a causa não é um problema mais grave, geralmente, a primeira pergunta que o paciente responderá é, sem dúvida, a respeito da alimentação. Se ela contém fibras suficientes ou se ele bebe bastante líquido, já que é essencial que a pessoa coma mais verduras, frutas e alimentos integrais. “Esses alimentos contém altos teores de fibra que ajudam na evacuação”, explica Olival Jr.

Tais propriedades podem ser encontradas no farelo de trigo, na granola, no pão e em diversos vegetais, como vagem, brócolis, alface, couve-flor e ervilha, entre outros. Por outro lado, certos alimentos podem provocar o efeito contrário e “prender” o intestino. Segundo o proctologista, quem tem tendência a sofrer com o problema deve evitar, um maior consumo de alimentos refinados, presentes nas comidas fast food, por exemplo.

Criança também sofre

O estilo de vida moderno, com o consumo de pouca quantidade de fibras e o sedentarismo, está levando as crianças também a enfrentarem dificuldades na hora de ir ao banheiro. Normalmente, considerados passageiros, os casos de constipação intestinal demoram a ser alvo da preocupação dos pais. O resultado é o constante desconforto ao evacuar, que vai evoluindo para dor e o receio de frequentar o banheiro.

O cardápio infantil repleto de massas e doces é a principal causa do intestino preguiçoso nessa faixa etária. “Sem uma alimentação balanceada, o sistema digestivo não tem um bom funcionamento”, garante o gastroenterologista Antonio Frederico Magalhães. Assim, as fezes ficam ressecadas e exigem esforço para ser expelidas. Com efeito, a criança começa a prender a evacuação, piorando o quadro e postergando a solução do problema.

Também podem ocorrer mudanças no comportamento, queda no rendimento escolar e ansiedade. Pesquisas recentes apontam que crianças com problemas intestinais têm baixa autoestima e são mais retraídos. É preciso muita atenção dos pais para resolver o problema, pois não basta contar o número de vezes que a criança senta no vaso. “É necessário observar se as fezes são duras ou ressecadas, se ela sente dor ou desconforto ao evacuar e se vai menos de três vezes por semana ao banheiro”, completa o médico.