A cada passo da pesquisa científica, descobrem-se novos potenciais a serviço da medicina. As células-tronco presentes em embriões, na medula óssea e no cordão umbilical de recém-nascidos possuem o potencial de regeneração e adaptação capaz de recuperar tecidos mortos e elementos destruídos por doenças incuráveis. Além de auxiliar no tratamento do câncer, em especial a leucemia, e ser a chance mais próxima de cura a diabéticos, estas células são estudadas para recuperar órgãos e músculos como o coração, a medula espinhal e estruturas neurológicas. Atualmente, está comprovado que as células-tronco auxiliam na regeneração de unidades destruídas pela quimioterapia.

 

De acordo com o médico hematologista Nelson Tatsui, diretor da Criogenesis, primeiro Banco de Sangue do Brasil a congelar o material de recém-nascidos, estas células podem substituir o transplante de medula óssea em pessoas com câncer no sangue. ?A biomedicina constatou a eficácia das células-tronco no tratamento da leucemia quando, ao implantar o material em alguns pacientes, células cancerosas foram substituídas por outras completamente saudáveis?, explica.

 

A quimioterapia é um forte aliado no combate à proliferação de células doentes, graças a seu alto poder de destruição. No entanto, o tratamento destrói também as células sadias, debilitando o paciente. É neste cenário que as células-tronco podem auxiliar a reconstruir o que foi atingido. ?A medula óssea é uma fonte deste material, mas nem sempre é possível encontrar doadores compatíveis?, afirma Dr Nelson.

 

Segundo o hematologista, ao armazenar o sangue do cordão umbilical de um recém-nascido, os pais não precisam mais de doadores de medula óssea, uma vez que o cordão é fonte rica em células-tronco. No Brasil, existem bancos de sangue particulares que se dedicam exclusivamente ao congelamento deste material, como é o caso da Criogenesis. Quem opta por este serviço, tem o material disponível com exclusividade para a família em casos de eventuais enfermidades.

 

Bancos Públicos
 

O Ministério da Saúde está criando a Brasilcord, rede pública de armazenamento de sangue de cordão umbilical, com 10 unidades no país. Até agora, o único serviço público que armazena o material é o Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário do Inca, Instituto Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro. Neste caso, o sangue fica disponível para todo cidadão que precisar. O único impasse é que o serviço do Inca comporta cerca de 500 cordões. Por questão de compatibilidade biológica?que está abaixo de 1% devido à miscigenação brasileira?seriam necessárias, no mínimo, 20 mil amostras de sangue para garantir uma estocagem razoável.

 

Enquanto os investimentos federais aos bancos públicos estão em andamento, famílias com condições financeiras apostam nas clínicas particulares. ?Casos com histórico familiar de doenças auto-imunes, fertilização in vitro e filhos únicos são recorrentes nos registros de nosso Banco de Sangue?, conta Dr Nelson. A Criogenesis realiza cerca de 50 coletas todos os meses nos mais variados territórios do Brasil, graças a parcerias com representantes em cidades como Goiânia, Fortaleza, Porto Alegre, Campinas, São José dos Campos, Taubaté e Bandeirantes, no Paraná.

 

Cerca de 2.500 transplantes do sangue do cordão umbilical já foram realizados desde o primeiro caso bem sucedido, em 1988, numa criança com Anemia de Falcone. A coleta é simples e acontece no momento do parto. ?Uma equipe especializada se desloca até a maternidade, e, 15 minutos após o nascimento, retira cerca de 100 mililitros de sangue do cordão, que seria jogado no lixo hospitalar. Depois, o conteúdo é transportado ao laboratório e adaptado a uma temperatura de 190º, como ficará por anos, até que, eventualmente, o paciente precise utiliza-lo?, conta.

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