“Descobrir o motivo do mau hálito – halitose – é como desvendar um crime.” A comparação é do estomatologista Narciso Grein, dentista e professor da UFPR e da PUCPR, que atua na área de saúde bucal. Segundo Grein, as causas mais evidentes do mau hálito são doenças da gengiva, que provocam sangramento, além da língua sabugosa – responsável por 85% dos casos de halitose.

“Geralmente as pessoas ansiosas, nervosas e preocupadas têm a língua sabugosa. Isso porque os alimentos vão da boca para o estômago, assim como os restos alimentares. Nas pessoas ansiosas ou nervosas, ocorre o movimento antiperistáltico do esôfago, e os restos permanecem na língua e fermentam”, explica. Grein salienta que o estômago nunca provoca mau hálito, ao contrário do que muitos pensam. “É um conceito errôneo antigo. Os estudos atuais mostram que não tem relação alguma”, esclarece.

Outras causas da halitose estão relacionadas ao consumo de muito alho e cebola, constipação intestinal – prisão de ventre – e bexiga cheia. O jejum também pode provocar o mau hálito. O uso de desodorante é outra causa. “Geralmente eles são antitranspirantes e podem fechar os poros da pele. Um dos caminhos para o suor ser expelido pode ser pela boca”, explica.

Tratamento

Com relação ao tratamento, Grein diz que é necessário antes de tudo saber a causa. Além disso, sugere, é aconselhável terminar a refeição comendo alimentos detergentes, como abacaxi e laranja, que acabam limpando o esôfago. “Tomar bastante água, para limpar o esôfago, também é importante.”

Com relação à higiene, Grein lembra que ao escovar os dentes, o céu da boca, a gengiva e a língua também têm que ser escovados. Ele também sugere a utilização de bicarbonato de sódio sobre a língua e alguns pingos de água oxigenada 10 volumes. “Há ainda raspadores de língua, mas não são tão eficientes.”

Grein lembra que nem sempre a halitose é percebida por quem a tem. “Às vezes a pessoa não sabe que tem mau hálito. Ocorre uma adaptação do olfato”, afirma Grein. Segundo ele, não há levantamento sobre o percentual da população que sofra desse mal, mas garante ser uma quantidade bastante significativa. “A halitose desmancha namoros e casamento. Ninguém consegue beijar quem tem mau hálito.”

Desleixo

Para o dentista especialista em ortodontia, Orlando Tanaka, o brasileiro é desleixado com a higiene bucal. “A higiene bucal é um item que muitas vezes fica em segundo plano. O brasileiro tem deixado de lado a escovação”, diz. Segundo ele, são os pacientes adolescentes os mais problemáticos. “Quando é criança, o pai ou a mãe é quem auxilia a escovação. Já o adolescente diz que está ocupado, não tem tempo, e acaba não escovando ou escovando de qualquer jeito”, lamenta. “Muitos só escovam os dentes da frente, não passam fio dental. O problema é que a doença da cárie não mata, e a dor é razoavelmente suportável.”

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