A catarata é a maior causa de cegueira curável e vem crescendo mundialmente com o aumento da expectativa de vida da população.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a incidência anual da doença seja de 0,3%.
Baseado nisso, o último relatório do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) aponta a necessidade de realizar perto de 552 mil cirurgias de catarata ao ano no País. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, a única forma de evitar a perda total da visão é através do implante de uma lente que substitui o cristalino.
O médico alerta que uma das causas que agravam o problema é a falta de informação: daqueles que só procuraram o especialista quando já tinham perdido a visão, 62% apontaram a crença de que a perda da visão é um processo natural do envelhecimento sem solução, como motivo para adiar a cirurgia. Outros 37% afirmaram ter medo de sentir muita dor e até perder a vida durante o procedimento.
Queiroz Neto diz que não há motivos para temer a cirurgia. Hoje, observa, o procedimento é minimamente invasivo, rápido, indolor, as atividades podem ser retomadas em 24 horas e por ser feito com anestesia tópica (com colírio) o risco à vida é inexistente.
“Ao contrário, quanto mais o procedimento é adiado, maior é a rigidez do cristalino o que dificulta a extração e aumenta o risco de complicações cirúrgicas”, adverte.
Visão nublada
Quando se toma um banho quente, a janela do banheiro fica embaçada, impedindo que se consiga enxergar o exterior. Sem enxergar, praticamente, nada. É exatamente assim o drama de um portador de catarata.
Nessas pessoas nenhum óculos ou colírio soluciona o problema. Paulo Fadel, oftalmologista do Centro de Microcirurgia Ocular de Curitiba (Cemoc), explica que, no olho humano existe o cristalino -uma lente natural transparente que possui a capacidade de focar os raios luminosos perfeitamente.
“A causa da catarata é justamente a opacificação do cristalino”, diz. O médico costuma dizer que quem viver o suficiente terá catarata, que faz parte do envelhecimento natural do olho.
O médico comenta que na medida em que a doença avança, os óculos não mais resolvem o problema da visão e a pessoa é obrigada a aproximar os objetos dos olhos para conseguir identificá-los com clareza.
Devido a esse problema, os raios luminosos que penetram no interior do olho não conseguem atingir a retina e a visão apresenta-se nublada. Quando a catarata começa a se desenvolver, o cristalino, conforme Fadel, fica “como se fosse um vidro nublado”, não permitindo uma visão nítida. Em casos mais avançados a doença pode causar a mudança na cor da pupila, chegando a deixá-la branca. “Nesses casos a pessoa só vê luz”, explica.
Só a cirurgia
Até hoje, não existem opções de tratamento clínico para a catarata. A única opção é o processo cirúrgico. Casos em que o paciente apresenta outras doenças oculares associadas à catarata, como o glaucoma, retinopatia diabética e degeneração macular, nem sempre são reversíveis.
A diminuição da visão de profundidade, conforme Queiroz Neto, facilita quedas e leva à depressão muitos dos portadores de catarata. Uma boa notícia é que a última geração em lentes intra-oculares, lançada este ano, ganhou uma zona óptica para perto maior.
Isso permite regular a quantidade de luz que chega à retina. A nova lente corrige simultaneamente a catarata, presbiopia, miopia até 14 graus, astigmatismo até 8 graus, além de eliminar aberrações oculares que aparecem com a idade.
Para prevenir
* Exposição ao sol sem proteção ocular
* Rotina estressante
* Sedentarismo
* Maus hábitos alimentares
* Ingestão diária de bebida alcoólica
* Traumas oculares
* Uso prolongado de corticóide, diurético ou tranquilizante
,Os primeiros sinais
* Alteração da capacidade de enxergar com pouca luz
* Dificuldade para dirigir à noite
* Troca frequente do grau dos óculos
* Perda da visão de cores e contraste
* Enxergar halos noturnos em volta da luz