O número de casos de câncer de pele vem aumentando no País. Atualmente, cerca de 55 mil brasileiros são acometidos pela doença, segundo dados do Ministério da Saúde. Só no Paraná, 2,4 mil novos casos foram diagnosticados nas duas últimas edições da Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer da Pele. Ontem foi a vez de a Sociedade Brasileira de Dermatologia promover nova campanha, com exames gratuitos em todo o País. Em Curitiba, os exames aconteceram no Hospital Evangélico, Santa Casa de Misericórdia e Hospital de Clínicas.
“Além do dia da campanha, muitos vêm procurar nossos serviços durante o ano todo”, revela o chefe do Serviço de Dermatologia da Santa Casa, médico Luiz Carlos Pereira. Na campanha de 2001, conta, foram realizados cerca de 600 exames, dos quais cerca de 11% apresentavam o câncer de pele. “É uma incidência muito alta”, aponta o médico. No ambulatório do hospital, onde são atendidas entre 70 e 80 pessoas por dia para o exame de câncer de pele, a incidência é de 10% para algum tipo de lesão, não necessariamente maligna.
A exposição excessiva ao sol é o principal fator de risco, alerta o médico. “Os danos à pele com o fotoenvelhecimento ocorrem por exposições prolongadas à irradiação solar, destruindo o DNA celular”, explica. Por ter efeito cumulativo, é comum que as pessoas só apresentem problemas depois de 50 anos de idade. É o caso da aposentada Maria Myrthes, 70 anos, que tem manchas vermelhas no rosto, cujo diagnóstico aponta para o desenvolvimento de ceratoses actínicas. “É um pré-cancer. Um precursor de lesão maligna”, explica o médico dermatologista Carlos Augusto Pereira.
Maria Myrthes conta que faz o tratamento há cerca de três anos e revela que tem que tomar cuidados especiais, como usar bloqueador solar fator 30. De pele clara, Myrthes pode ter desenvolvido a doença porque lidava muito com fogão à lenha. “Todo o problema começa na juventude, mas as lesões só vão começar a surgir dez, vinte ou trinta anos mais tarde”, explica o dermatologista.
Tratamento e cura
Entre os tratamentos utilizados no combate ao câncer de pele estão a cirurgia, crioterapia (tratamento à base de gelo), eletrocirurgia, laser e radioterapia. O médico Luiz Carlos Pereira lembra que em 92% dos casos há condições de cura total da doença. “O problema é quando os tumores produzem metástases”, alerta.
Entre os diversos tipos de câncer de pele, o melanoma é o mais grave. Caracteriza-se por pintas ou manchas escuras em partes expostas ou cobertas do corpo – dorso da mão, face, costas. Pode ocorrer ardor e coceira no local e, se a metástase não for extirpada, pode atingir o cérebro, fígado e pulmão, tornando a cura mais difícil.
O tipo mais comum de câncer de pele, no entanto, é o baso celular, que representa 70% dos casos. Caracteriza-se pelo aparecimento de nódulos ou feridas que não cicatrizam, explica o médico. É assintomático e surge principalmente na face.
Orientações sobre a doença
O que causa o câncer de pele:
– A radiação ultravioleta é a principal responsável pelo desenvolvimento do câncer de pele.
– Ela se concentra nos raios e nas cabines de bronzeamento artificial.
– A exposição excessiva e prolongada ao sol contribui não só para o risco no desenvolvimento do câncer como também no envelhecimento precoce da pele.
– É importante lembrar que o efeito da radiação é cumulativo, ou seja, mesmo depois de parar de tomar sol, as alterações da pele podem se manifestar.
Como reconhecer os sinais precoces:
– Um crescimento na pele de aparência elevada e brilhante, translúcida, avermelhada, castanha, rósea ou multicolorida.
– Uma pinta preta ou acastanhada que muda sua cor, textura, torna-se irregular nas suas bordas e cresce de tamanho.
– Uma mancha ou ferida que continua a crescer apresentando coceira, crostas, erosões ou sangramento.
Como prevenir:
– Examinando sua pele regularmente e reconhecendo os sinais precoces de tumor.
– Protegendo-se dos raios solares através do uso de roupas e/ou filtros solares adequados.
– Não esquecer de que a radiação solar é mais intensa entre 10h e 16h.