Pela primeira vez, um levantamento mostra o panorama geral do câncer no Brasil e aponta os principais desafios para controlar, combater e tratar a doença. Lançada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), a publicação Situação do Câncer no Brasil analisa as causas, a incidência e os tipos predominantes de câncer no país. Segundo o Inca, cerca de 140 mil pessoas morrem todos os anos no Brasil vítimas da doença.
?Queremos que os gestores estaduais e municipais, a comunidade acadêmica e os governantes tenham acesso à publicação, para que cada estado saiba mais sobre suas prioridades e quanto poderá investir para atender as demandas da população e a realidade local?, explica o diretor-geral do Inca, Luiz Antonio Santini. Com efeito, se um município possui um índice alarmante de câncer de pulmão, é necessário reforçar neste local as campanhas para o controle do tabagismo, por exemplo.
A Situação do Câncer no Brasil se divide em três partes: ?Causalidade?, ?Ocorrência? e ?Ações e Controle?. A doença, em parte significativa dos casos, associa-se a hábitos como consumo regular de bebidas alcoólicas, tabagismo, sedentarismo, má alimentação e obesidade. O aparecimento do câncer também pode estar ligado à exposição ao sol. Trabalhadores que mantêm contato mais tempo com agentes cancerígenos presentes em produtos como o amianto e o alumínio também tendem a desenvolver a doença.
Mobilização social
O Inca e o Ministério da Saúde lembram que o câncer de colo do útero, um dos que têm maior incidência, pode ser detectado precocemente pelo teste Papanicolau. Em relação ao câncer de mama, o desafio é organizar toda a rede de atenção à saúde para permitir que mais mulheres consigam ter acesso aos exames de mamografia.
Conforme dados da publicação, o câncer é responsável por cerca de 13,7% das mortes registradas no país. Apenas as doenças circulatórias matam mais (em torno de 27,9% do total de mortes). ?A tendência nos países mais desenvolvidos é de que o câncer torne-se a principal causa de morte. Por isso, uma preocupação constante é dar qualidade de vida aos pacientes atendidos no Brasil?, comenta Santini.
O levantamento mostra que, no Brasil, geralmente os tumores são diagnosticados em estágio avançado, sendo que o diagnóstico tardio afeta o tratamento e diminui as chances de cura dos pacientes. O estudo reforça a necessidade de se aumentarem os investimentos em atendimentos e exames para o diagnóstico precoce do câncer. ?O grande desafio para o controle do câncer no Brasil está no campo da mobilização social. É preciso garantir a articulação de políticas de saúde com políticas de educação, rompendo preconceitos e quebrando o paradigma de que o câncer é sinônimo de morte?, destaca o diretor-geral do Inca.
Taxa de mortalidade por câncer de 1979 a 2004
Nos homens
Próstata aumentou 95,48%
Cólon e reto aumentou 54,24%
Pulmão aumentou 35,03%
Leucemia aumentou 27,96%
Esôfago aumentou 11,52%
Estômago diminuiu 29,36%
Nas mulheres
Pulmão aumentou 96,95%
Mama aumentou 38,62%
Colón e reto aumentou 38,22%
Leucemia aumentou 20,72%
Colo do útero aumentou 7,04%
Esôfago aumentou 6,49%
Estômago diminuiu 72,85%
Fonte: Instituto Nacional do Câncer