As neoplasias malignas, mais conhecidas como cânceres, ainda estão entre as doenças mais temidas da atualidade. O próprio nome já assusta e é evitado por muitas pessoas. Quando se fala em câncer infantil, então, muita gente prefere tapar os ouvidos ou se retirar do recinto. Porém o que poucos sabem é que as neoplasias que atingem crianças, se identificadas precocemente, têm mais de 70% de chances de cura.
Para discutir e conscientizar as pessoas sobre o assunto, o hospital infantil Pequeno Príncipe, de Curitiba, promoveu ontem, na Praça Oswaldo Cruz, no centro da capital, atividades ligadas ao projeto Vida contra o Câncer Infantil. Pacientes e não pacientes da instituição, assim como seus pais, puderam participar de brincadeiras e assistir a apresentações musicais. Voluntários venderam camisetas e buttons do projeto, cujo dinheiro arrecadado será revertido ao setor de hematologia do hospital.
Segundo a oncologista Flora Watanabe, que é coordenadora do Serviço de Onco-Hematologia do Pequeno Príncipe, ao contrário das causas do câncer em adultos, as causas do câncer infantil ainda não são bem conhecidas. Na maioria das vezes, os médicos acreditam que a doença foi ocasionada por alterações genéticas.
Muitas vezes, os sinais da doença, como dores ósseas, anemia que não se resolve e aumento dos gânglios, são encarados como normais pelos pais, que não comunicam o fato ao pediatra do filho. Isto, muitas vezes, faz com que o diagnóstico da doença seja tardio e as chances de cura diminuídas. “Os pais devem sempre estar atentos a seus filhos e comentar qualquer alteração de saúde, por menor que seja, com o médico”, informa Flora.
Apenas em 2001, o hospital infantil acompanhou 512 meninas e meninos vítimas de câncer. Esse número tem crescido a uma taxa anual de 10%. Também no ano passado, foram registrados 108 novos casos de câncer infantil, contra 124 do ano anterior. Diariamente, passam pelo serviço de oncologia da instituição 35 crianças, totalizando 7300 ao ano.
Às 15h, pacientes e voluntários participaram de uma caminhada, de aproximadamente oito quadras, pelo centro da cidade.
Família enfrenta sofrimento com fé
Cintia Végas
Não apenas as crianças vítimas de câncer sofrem. A família também costuma enfrentar uma batalha diária, uma série de angústias e, na maioria das vezes, se apóia na fé em Deus para superar o problema. Porém quem viu seus filhos ficarem totalmente curados pedem aos outros pais de crianças com câncer que não desistam e não deixem de lutar pela vida de seus filhos.
É o caso da secretária acadêmica Ângela Maria Gabarrão. Em 1999, ela descobriu que sua filha, Luana, hoje com sete anos de idade, tinha leucemia. “Foi uma fase muito triste de minha vida e também da vida de minha família”, recorda.
O tempo todo, Ângela informava a filha sobre a doença e animava, dizendo que tudo iria melhorar em breve. “Resolvi não esconder nada da Luana”, conta. “Ela ficou sabendo que tinha uma doença grave e que deveria lutar pela vida.” Para surpresa da mãe, a menina se mostrou bastante forte. “Muitas vezes, mais forte do que eu e outros adultos”, revela. “A preparamos tanto a ponto de ela aceitar quase com naturalidade o fato de perder os cabelos, devido às sessões de quimioterapia, e fato de ter que tomar medicamentos e fazer exames constantes.”
Hoje, Luana está totalmente curada, assim como o jovem Antônio Caramori, de 17 anos, que teve câncer infantil também aos quatro anos. Até os cinco, ele enfrentou uma série de tratamentos. “Lembro-me de algumas coisas daquela época, como os exames de medula óssea”, conta. “Porém me recordo que foi um período bastante difícil de minha vida.”
Os pais do garoto, Vani e Reni Caramori, também não se esquecem do sofrimento, mas hoje são felizes graças a recuperação do filho. “Tivemos muita confiança nos médicos e principalmente em Deus”, afirma Vani. “Rezamos e lutamos muito e hoje nosso filho é uma pessoa saudável. Quem hoje enfrenta o problema não deve desanimar, mas sim ter muita fé e não se deixar levar pelo desespero.” (CV)
Indícios de possível neoplasia
– Febre que não passa ou suor noturno constante.
– Mancha roxa em lugar que a criança não tenha batido.
– Dor nas pernas que faz a criança não querer andar.
– Aumento dos gânglios linfáticos, conhecidos como ínguas ou pequenos caroços.
– Dor e inchaço nas articulações.
– Dor de cabeça, com perda de equilíbrio, acompanhada de vômito.
– Dor que não passa, com ou sem inchaço ou vermelhidão.
– Inchaço na barriga ou edema abdominal que pode estar acompanhado de alterações nas fezes (diarréia ou parada de evacuação) ou na urina (presença de sangue).
– Fraqueza, cansaço constante e falta de ar.
– Perda de peso sem motivo aparente.
– Mancha tipo “olho de gato” em um ou ambos os olhos.
– Olhos saltados, com inchaço de pálpebra.
– Dores ósseas.
– Nos meninos, aumento do tamanho dos testículos, com dor ou inflamação no local.
Fonte:
Hospital Infantil Pequeno Príncipe