Hoje, acontece o Dia Nacional de Combate ao Câncer de Próstata, uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) que quer incentivar os homens com mais de 45 anos a realizarem o check-up urológico anual. Com o slogan "Câncer de Próstata: é preciso tocar nesse assunto", a campanha terá vários eventos em todo o país. "Precisamos chamar a atenção da população para o combate ao câncer de próstata", salienta o urologista Manoel Guimarães, diretor da entidade no Paraná. Segundo dados da SBU, esse tipo de câncer perde apenas para o de pulmão no número de óbitos. Estimativas da entidade avaliam que o Brasil possui hoje cerca de 400 mil homens com predisposição à doença, sendo que um em cada seis pode desenvolvê-la. Para se ter uma idéia, em 2003 foram diagnosticados 35 mil casos, com oito mil óbitos.
Uma investigação precoce é o único meio de ser detectar a doença no seu início, quando as chances de cura são mais prováveis. Esse diagnóstico só é possível por meio de exames periódicos. No entanto, na maioria das vezes, os tabus que envolvem a sexualidade impedem os homens de fazer até mesmo exames de rotina, como o toque retal, que auxilia na prevenção do câncer de próstata. A preocupação está nos consultórios médicos e também na cabeça dos especialistas em saúde pública.
O pesquisador Romeu Gomes, da Fundação Oswaldo Cruz, aponta as principais causas do descaso dos homens com medidas preventivas. "A construção da masculinidade com base no padrão machista impede o sujeito de se cuidar", explica Gomes. E isso não envolve apenas o toque retal, mas também crenças milenares como a de que homem não fica doente. Segundo Gomes, o receio de ter reações fisiológicas, como uma eventual ereção, sejam confundidas com homossexualismo e até uma demonstração de prazer, faz com que os homens mantenham distância desse exame. "O toque retal arranha identidades masculinas", filosofa o pesquisador. Por isso, ele ressalta que as campanhas publicitárias em prol do exame deveriam considerar a sexualidade do homem, o que não costuma ser feito. Falar apenas que é barato e que previne o câncer, no seu entender, não adianta.
A doença
A próstata, uma glândula que tem a proporção de uma noz e está localizada em torno do canal uretral, é a responsável pela secreção do líquido que serve para diluir e transportar os espermatozóides. Após os 40 anos de idade, entre 80% e 90% dos homens apresenta um crescimento benigno do órgão que estrangula o canal uretral, dificultando a eliminação da urina. Sem relação com esse crescimento benigno, a próstata pode ser acometida por um câncer maligno, contudo o diagnóstico em estágio inicial aumenta as chances de cura da doença. "Os sintomas do câncer muitas vezes não são percebidos, quando isso acontece, o tumor pode estar em estágio avançado, o que diminui acentuadamente a possibilidade de cura", esclarece o urologista curitibano Sérgio Bassi, diretor da Clínica Saint Louis Griffon.
Segundo recomendação dos especialistas, o toque retal deve ser feito anualmente a partir dos 45 anos de idade. Com um simples encostar de dedo, o urologista percebe se a próstata mantém a consistência elástica ou está endurecida. A precisão do exame atinge em média 80%. Outros exames que, combinados, podem aumentar a certeza do diagnóstico, a fim de encaminhar o paciente para biópsia prostática, é o teste sangüíneo do Antígeno Prostático Específico (PSA, sigla em inglês) e a ultra-sonografia da próstata (ecografia).
O câncer é encontrado, geralmente, nas regiões mais periféricas da próstata e não causa, no seu estágio inicial, nenhum sintoma obstrutivo urinário. No entanto, se não detectado a tempo, torna-se uma neoplasia das mais agressivas. "Em estágios mais avançados, atinge, principalmente, os ossos, podendo causar fortes dores, sobretudo nas costas e na bacia", salienta Bassi.
Os importantes avanços da medicina na luta contra esse mal incluem diversos métodos, entre eles, o mais eficaz, quando possível, é a extração cirúrgica. No caso de não haver condições clínicas para a cirurgia, o urologista pode indicar um tratamento por radioterapia externa ou mesmo a braquiterapia. Todos esses procedimentos variam de pessoa para pessoa, de acordo com a idade e as condições de saúde em que o paciente se encontra.