O efeito nocivo do sol sobre a pele é observado na idade adulta, mas o seu desenvolvimento começa na infância. Isto se deve, segundo o dermatologista Júlio César Empinotti, da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Seção Paraná, pela ação cumulativa da radiação solar sobre a pele. "Por isso, é importante conscientizar a população da gravidade dos riscos da exposição ao sol sem proteção, que além de provocar queimaduras graves e desidratação, pode também levar ao envelhecimento precoce e ao câncer de pele", atesta. Conforme estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de pele é o de maior incidência no Brasil e, para este ano, estão previstos mais de 86 mil novos casos.
A recomendação dos especialistas é para que os menores se protejam, usando chapéus, camisetas e protetores solares adequados ao seu tipo de pele, principalmente, aquelas de pele, cabelos ou olhos claros. Além delas, fazem parte do grupo de risco, as crianças ou adolescentes que mais se queimam do que bronzeiam, além daquelas com casos de câncer de pele na família.
Identificar os sinais
Um engenheiro civil, de 59 anos, que não quis ser identificado, sentiu na própria pele o resultado dos descuidos com a proteção solar. As incontáveis horas de sol em que esteve exposto, devido a necessidade da sua profissão – "sem qualquer tipo de proteção" – contribuíram para o surgimento de um câncer da pele no ano passado. "Antigamente, não existiam tantos estudos sobre os efeitos cumulativos do sol e os protetores solares não eram tão difundidos", argumentou. O médico extraiu o tumor, e para sorte do engenheiro, a doença não lhe trará maiores conseqüências. Ele aprendeu a lição da maneira mais complicada e agora não sai de casa sem passar o protetor.
Quase todos nós temos o corpo pontuado por pequenos sinais, com os quais convivemos desde pequenos e que na maioria das vezes não levantam qualquer suspeita. De acordo com os especialistas, a maioria esmagadora desses sinais é inofensiva, tanto aquelas que surgem quando nascemos quanto as que aparecem ao longo da vida. No entanto, algumas dessas manchas podem apresentar aspectos particulares que podem possibilitar um maior risco de desenvolver melanomas. "Os sinais considerados normais são simétricos, de cor castanho uniforme e têm um diâmetro inferior a seis milímetros", explica Empinotti. Já as manchas atípicas são assimétricas, de tamanho irregular, cor não uniforme e diâmetro superior a seis milímetros.
Exposição moderada ao sol
Essa diferença pode significar saúde ou doença, por isso, as pessoas com muitos sinais, são aconselhadas pelos dermatologistas a realizar auto-exames constantemente e, no caso de qualquer dúvida, consultar um especialista em vez de conviver com a suspeita. O alarme pode ser dado pelo aparecimento de um sinal de cor mais escura que até então não existia, de alguma modificação em um sinal já existente – quer no tamanho, forma ou no seu contorno -, ou quando surgirem algum tipo de comichão, inflamação, ulceração ou sangramento.
Essas suspeitas devem ser rapidamente desfeitas, de modo que o diagnóstico, ainda que seja positivo, se faça o mais precocemente possível. Se confirmada a incidência da doença, há que iniciar logo o tratamento para aumentar as possibilidades de cura. Como sempre, prevenir ainda é o melhor remédio. O que passa essencialmente por uma exposição moderada ao sol, evitando-o das onze da manhã às quatro da tarde e utilizando um protetor solar adequado ao tipo de pele. As crianças devem ser protegidas ao máximo, pois a metade da exposição solar a que uma pessoa se submete ao longo da vida, acontece até aos oito anos de idade.