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Um número assustador. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), no ano passado o Paraná registrou 3.396 casos de câncer de pele, sendo 2.208 em mulheres e 1.188 homens. Em comparação com o ano de 2002, quando ocorreram 666 registros, houve um aumento de 400%. Esse tipo de câncer é o de maior incidência no Brasil e, para este ano, estão previstos 86.525 novos casos em todo o País, superando o câncer de mama e o de próstata. A maior incidência ocorre entre pessoas brancas, seguido pelos pardos. Os dois segmentos representam 93,9% do total de registros.

 

E o que gera mais preocupação é o fato de que a maioria das pessoas nas quais foi diagnosticado o câncer de pele não usava proteção durante a exposição ao sol. Em 2002, 483 casos (73%) não usavam proteção. Ano passado esse número aumentou para 2.340 casos (68,9%). Para evitar ainda mais a propagação da doença, diversas ações preventivas estão sendo desenvolvidas país afora. Ontem, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) realizou a sexta edição da Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele. A estimativa era de que 50 mil pessoas em todo o País participassem do programa, em 165 pontos de atendimento.

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No Paraná, foram realizados exames gratuitos em oito cidades: Curitiba, Londrina, Guarapuava, Toledo, Cascavel, Foz do Iguaçu, Arapongas e Apucarana, envolvendo cerca de 150 profissionais. Na capital, o atendimento ocorreu no Hospital de Clínicas (HC), Hospital Evangélico e Santa Casa de Misericórdia.

Somente no HC, uma fila se estendeu durante a manhã de ontem. Foram oferecidos exames completos de pele e orientações sobre os principais cuidados com a exposição solar, prevenção e detecção precoce da doença. Além disso, casos de diagnóstico positivo foram encaminhados para tratamento. “A participação é grande, as pessoas estão ficando mais cuidadosas e querer saber de tudo sobre essa doença”, disse Jesus Rodrigues Santamaria, coordenador da campanha no HC.

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O câncer de pele tem três fases de desenvolvimento. Leva tempo para aparecer, motivo pelo qual se manifesta em maior quantidade em adultos e pessoas idosas. A iniciação é a primeira fase, onde o sol incide sobre a célula e modifica o material genético. Além do sol, outros estímulos acabam desenvolvendo o aparecimento do tumor. Na fase de promoção, as células modificadas aumentam seu volume, e na terceira etapa, fase de progressão, o tumor já está instalado. “Todo cuidado é pouco e a prevenção deve ser feita desde jovem, para evitar futuros problemas”, afirmou o cancerologista Ézio Augusto Amaral Filho, que também participou da campanha.

O trabalho de prevenção em Curitiba vem sendo realizado há muito tempo. Desde 1987, a importância da prevenção e dos exames de pele está embutida nos postos e instituições de saúde. A iniciativa nacional é organizada há apenas seis anos. “É uma questão que deve ser discutida e novos casos têm aparecido. Quando a campanha era realizada na capital, não tinha muita divulgação. Agora, como todo o País está participando, são muitas as informações”, disse o dermatologista do HC e professor da UFPR, Sérgio Serafini.