O câncer de mama é a variação da doença que mais atinge as mulheres nos Estados Unidos, ao lado do câncer de pele, de acordo com dados divulgados pela Nabco (Aliança Nacional das Organizações de Combate ao Câncer de Mama, na sigla em inglês), disponíveis no site www.nabco.org . A estimativa é de que, somente neste ano, 203.500 novos casos de câncer de mama serão diagnosticados naquele país. Calcula-se que a cada 3 minutos um novo diagnóstico da doença seja realizado e que a cada 13 minutos uma paciente seja vítima de câncer de mama. Em contrapartida, hoje há mais de 2 milhões de americanas que conseguiram vencer a doença, através das novas tecnologias em diagnóstico e tratamento. No Brasil, a previsão do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é de que dos 337.535 casos de câncer previstos para 2002, mais de 36 mil sejam câncer de mama ? que é o tipo de câncer que mais atinge as brasileiras.

A detecção precoce ainda é um fator que proporciona maiores chances de o tratamento ser bem-sucedido. Por este motivo, as campanhas de prevenção do câncer de mama enfatizam tanto a importância das mulheres acima dos 40 anos serem submetidas anualmente ao exame de mamografia. De acordo com o FDA (Food and Drugs Administration, a agência reguladora para alimentos e medicamentos dos EUA), a mamografia pode detectar a existência de um tumor até dois anos antes de ele ser palpável. Exceto quando o médico requisita exames de rotina, a mamografia é indicada para investigar alguns sintomas: secreção pelo mamilo, presença de nódulos, retração do mamilo, coceiras, vermelhidão ou inchaço.

E o que fazer quando o exame mamográfico evidencia a presença de uma anormalidade? Em nosso meio, há cerca de três anos tem sido empregado um novo procedimento que evita mais de 70% de cirurgias ? a mamotomia. É um recurso diagnóstico onde a retirada de material da área suspeita ? a biópsia ? é realizada por uma sonda especial, um pouco maior do que uma agulha. Orientada pela mamografia ou pelo ultra-som, a mamotomia é eficiente em biópsias de nódulos de até 15mm ou em áreas de calcificações que se formaram na mama.

Antes da mamotomia, a lesão era retirada por procedimento cirúrgico. A paciente permanecia internada por dois ou três dias, era geralmente submetida à anestesia e ainda ficava com uma cicatriz. Esse era o recurso mais utilizado que os médicos dispunham para retirar e analisar o material e verificar se o tumor era benigno ou maligno. Como em 70% a 80% das biópsias realizadas o resultado era benigno, as cirurgias, apesar de preventivas, eram desnecessárias. Já a mamotomia é um procedimento realizado ambulatorialmente, sem necessidade de internação. A anestesia é local e deixa uma diminuta cicatriz habitualmente imperceptível. Na maioria dos casos, apesar disso não ser necessário para a obtenção do diagnóstico, a lesão é retirada praticamente em sua totalidade.

Como ainda é um procedimento introduzido no final da década de 90, a mamotomia é realizada em cerca de 2.500 locais no mundo todo, sendo que no Brasil esse número cai para 70. Se o resultado da biópsia for benigno, a paciente não precisará de intervenção cirúrgica. Se for diagnosticado um tumor maligno, a paciente será submetida a uma cirurgia para a retirada de maior volume de tecido ao redor da área biopsiada.

* Médico radiologista da URP Diagnósticos Médicos

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