Chuniti Kawamura / O Estado do Paraná |
A curitibana Rosângela promete amamentar as duas filhas gêmeas até os 2 anos. |
“Aleitamento materno exclusivo: seguro, saudável e sustentável.” Este é o tema da Semana Mundial da Amamentação, que começou ontem e segue até sexta-feira. O objetivo da semana é sensibilizar a população e os profissionais de saúde para a importância do aleitamento materno na saúde do bebê e da mãe. A orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que a criança deve receber exclusivamente o leite materno até completar seis meses. Mas a mãe pode dar o peito sempre que a criança pedir, pelo menos até o segundo ano de vida.
De acordo com a médica neonatologista responsável pela Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica dos hospitais Pequeno Príncipe e Maternidade Nossa Senhora de Fátima, Rosângela Garbers, muitas ações vêm sendo desenvolvidas para promover o aleitamento materno. Segundo ela, ainda na sala de parto o bebê já é colocado em contato com o seio da mãe. Depois de deixar o centro cirúrgico, a criança vai para um alojamento conjunto, onde é estimulado um maior contato entre mãe e filho.
A médica ressalta que, dependendo do estado da mulher, o leite pode demorar até três dias para descer. Nesses casos, o recém-nascido é alimentado com material de um banco de leite humano ou outro leite apropriado. Porém, sua administração é feita em um copo descartável e não na mamadeira. “Introduzir chupetas, bicos e mamadeiras pode prejudicar o aleitamento, já que esses objetos mudam a maneira de a criança sugar e dificultam a readaptação ao seio”, explica.
Cultura
Segundo a OMS, o alto índice de crianças com anemia até os dois anos de idade (cerca de 50%) é uma das conseqüências do desmame precoce. Muitas vezes, ele é provocado pela falta de informação das mulheres. Uma pesquisa realizada pela Escola Paulista de Medicina revela que 40% das mães não sabem amamentar quando saem da maternidade.
Outro problema, alerta a neonatologista Rosângela Garbers, é a introdução de chás, água ou sucos nos seis primeiros meses de vida da criança. “Isso é totalmente desnecessário, pois o leite materno possui todas as vitaminas, calorias e líquidos necessários para a nutrição”, disse, acrescentando que não existe nenhum leite fraco. Segundo ela, o que pode acontecer é a mulher produzir pouca quantidade de leite. Porém, isso pode ser resolvido com o uso de medicamentos adequados indicados pelo pediatra ou pelo uso de material de banco de leite humano.
Serviço 24 horas esclarece dúvidas
Com o objetivo de prestar atendimento e esclarecer dúvidas sobre o aleitamento materno, o Programa de Aleitamento Materno (ProAma) mantém um serviço 24 horas em Curitiba. Criado pela Prefeitura e outros parceiros em 1991, o programa – que inicialmente se chamava Central de Informações às Mães sobre Amamentação (Cimama) – mudou de nome em 1997, mas continua mantendo o serviço pelo telefone celular (41) 9951-3987 ou diretamente na Unidade de Saúde da Criança (Avenida Marechal Floriano Peixoto, 1174, das 8h às 17h, (41) 225-6407).
A auxiliar de enfermagem Denise Xisto, que participa do programa, conta que a equipe é formada por duas auxiliares de enfermagem e uma pediatra, que se revezam no atendimento telefônico. Segundo ela, as dúvidas mais freqüentes são sobre a quantidade e qualidade do leite, seio empedrado e choro do bebê. A maior procura pelo serviço acontece nos finais de semana. (RO)
Banco de Leite atende mais de 100 bebês
A dona de casa Rosângela Cristina Pires acaba de dar à luz as gêmeas Ana Carolina e Ana Júlia, e já decidiu que vai amamentar as duas no peito pelos próximos dois anos. Ela constatou os benefícios do leite materno com os outros dois filhos. “A menina eu amamentei e ela sempre foi muito sadia e cresceu bem. Já o menino, eu sentia muita dificuldade e acabei dando mamadeira. Por isso ele sempre foi doente e até ficou internado”, contou.
“Essa decisão de Rosângela deve ser a de todas as mães que acabam de dar à luz”, afirma a coordenadora do Serviço de Banco de Leite Humano do Hospital de Clínicas, Celestina Grazziotin. Segundo ela, todas as mães podem amamentar, mas se alguma tiver dificuldades, pode contar com o apoio do banco de leite. O mesmo vale para as mães que produzem leite em excesso, e podem se transformar em doadoras.
O banco de leite do HC coleta uma média de 250 litros de leite por mês, quantidade que atende cerca de 100 a 150 bebês prematuros internados no HC, além de algumas mães da comunidade. Celestina ressalta que a amamentação exclusiva traz vários benefícios para as crianças, como evitar a obesidade, alergias e infecções, prevenir diarréias e pneumonia, além de promover o crescimento equilibrado. Já para as mães, a amamentação ajuda na recuperação do parto, diminui as chances de câncer de mama e proporciona uma menor incidência de osteoporose após a menopausa. (RO)
Serviço: Quem quiser mais informações sobre o banco de leite do Hospital de Clínicas pode entrar em contato pelo telefone (41) 360-1867.