A professora primária Jurema Batiuk, de 48 anos, trabalha na Escola Municipal Germano Paciornik, em São José dos Pinhais, e reclama freqüentemente de insônia. Ela conta que sofre do problema há cinco anos e que já realizou até tratamento homeopático para solucionar o caso. Chá e outros produtos naturais também fizeram parte do seu dia a dia, mas nada acabou definitivamente com a insônia.
O caso de Jurema é apenas mais um entre os milhares que acontecem no Brasil e no mundo. Diversos estudos sobre os distúrbios do sono vêm sendo desenvolvidos e, apesar do alerta médico, o número de casos de insônia só tem aumentado nos últimos anos. Para despertar a população brasileira sobre os riscos desse problema, a Sociedade Brasileira do Sono, a Sociedade Brasileira de Neurologia Clínica e a Academia Brasileira de Neurologia estão realizando a 1.ª Semana Brasileira do Sono, em onze cidades do País. Em todos os locais, orientações e estudos com a população estão sendo realizados. Em Curitiba, nos mais variados espaços públicos, de praças a shoppings centers, estão sendo distribuídos folhetos informativos sobre o problema. A campanha será realizada até o domingo.
Além de influenciar diretamente na qualidade de vida, a insônia é a causa de diversas doenças e, em grande parte dos casos, é a causadora de acidentes de trânsito. Segundo um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (Ibope), em 2003, a sonolência no volante foi a terceira causa de acidentes no Brasil. E os números não param por aí. A Academia Americana de Sono também informou que a prevalência do sintoma de insônia está presente em cerca de 50% da população mundial. Desse total, 67% são adultos e reclamam freqüentemente da insônia, mas somente uma pessoa em oito consulta um médico.
Segundo a neurologista Márcia Assis, o principal foco da campanha é a falta de informação das pessoas com relação aos problemas que a insônia pode causar. Ela ressalta que a insônia pode comprometer radicalmente a vida de uma pessoa, causando mudanças no humor, depressão, falta de atenção e concentração, perda de raciocínio e envelhecimento precoce. Acidentes de trabalho e baixo rendimento escolar também foram citados pela neurologista.
“Todo mundo ainda acha normal a insônia, mas na verdade isso pode ser um problema mais sério. O sono mal dormido pode causar várias reações no organismo da pessoa, afetando sua qualidade de vida”, diz. “Estamos alertando a população com essa campanha nacional. É um serviço de utilidade pública que deve ser tratado com a devida atenção”, completa.