A professora Arlete Terezinha Bessa conta que a dor que sentia com as crises de cólica renal eram incontroláveis.
Ela chegou a desmaiar diversas vezes. Foi obrigada a mudar a alimentação e passou a tomar copos e mais copos de água.
Agora, depois de completado o tratamento e livre das dores, não gosta nem de lembrar do assunto.
O bancário João Reinaldo Fortes não gosta nem de lembrar das dores que sentiu ao sofrer de um cálculo renal. “Na última crise fiquei internado tomando soro com analgésicos”, reclama. O cálculo renal, conhecido popularmente como pedra nos rins, é um quadro agudo que se instala mais nos homens do que nas mulheres e provoca dor difícil de ser esquecida.
Há quem diga que é a dor mais próxima da do parto que os homens sentem. Para o nefrologista Paulo Ayrosa Galvão, cálculo renal é um nome impreciso. “Melhor seria chamá-lo de cálculo das vias urinárias porque pode afetar qualquer ponto do aparelho urinário constituído pelos rins, ureteres, bexiga urinária e uretra”, esclarece.
Dor muito intensa na região próxima aos rins, acompanhada por náuseas e vômitos, infecção urinária e presença de sangue na urina podem ser alguns dos sintomas de que uma crise de cálculo renal está por vir.
As estatísticas revelam que em torno de 12% da população mundial apresenta cálculos urinários, mais frequentemente presente em pessoas com idade de 20 a 45 anos.
Dieta e medicamentos
O cálculo (ou pedra) é o produto final da agregação de vários sais, principalmente sais de cálcio, dentro do aparelho urinário, e geralmente aparece quando ocorre um desequilíbrio na eliminação de água e sais na urina. Ou seja, se uma pessoa urina pouco e elimina muitos sais pode formar cálculo renal.
De acordo com o nefrologista Maurício de Carvalho, a prevalência de casos de cálculo renal aumentou nos últimos anos devido a problemas, como sedentarismo e obesidade, além do acréscimo no consumo de excessivo de sódio (sal de cozinha) e proteína animal (carne vermelha).
A pedra cresce e prejudica a eliminação de urina. “Com isso, ocorre uma dilatação do trato urinário que, se não eliminada, pode levar à atrofia e à perda de função do rim afetado”, explica.
Paulo Galvão explica que, para cada tipo de cálculo existe uma abordagem específica. Para evitar a formação de novos cálculos, pode-se recorrer a tratamentos que incluem medicamentos ou não.
“É sempre melhor o tratamento não medicamentoso, pois se o paciente apresenta algum distúrbio metabólico, interferir na dieta, por exemplo, pode ser a melhor solução”, avalia.
Três frentes
De acordo com o especialista, alguns fatores dietéticos estão claramente relacionados com a maior produção de cálculos renais. Uma das intervenções é a redução da ingestão de sal. A mesma coisa acontece com as proteínas.
“Uma dieta hiper-protéica favorece o aparecimento de pedras nos rins”, alerta o médico, enfatizando o que a maioria das pessoas já sabe: é preciso beber muito líquido, o necessário para urinar pelo menos dois litros por dia.
Segundo Maurício de Carvalho, o tratamento do cálculo renal envolve três princípios: o alívio da dor, a eliminação da pedra e o diagnóstico correto de um nefrologista que investigará a causa da formação da pedra, indicando medidas de prevenção que evitem recidivas.
É possível insistir no diagnóstico precoce do cálculo renal, que, na maioria dos casos, é feito apenas quando o paciente procura o médico por não estar agüentando as dores. Se um tratamento efetivo não for iniciado, mais da metade das pessoas que tiveram problemas de cálculos voltarão a tê-los.
Para a eliminação definitiva das pedras, a intervenção para retirada vai desde a utilização de ondas de ultra-som (litotripsia extracorpórea) para a quebra dos cá,;lculos e, em casos mais específicos, uma cirurgia aberta. “A litotripsia é um dos tratamentos mais utilizados. Não exige internação nem cortes. O paciente é tratado no próprio ambulatório”, ressalta Carvalho.