Caixa d’água suja põe a saúde em risco

Deixar a caixa d’água suja só traz problemas para a saúde. As doenças mais comuns são gastroenterites, como diarréias e verminoses. Limpar o reservatório pelo menos a cada seis meses é essencial para garantir a eliminação de bactérias e de material orgânico.

O tecnólogo em saneamento do Centro de Saúde Ambiental da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Donizete Leopoldo Calça, explica que as bactérias consomem os resíduos do cloro presentes na água tratada pela companhia de abastecimento. “A substância vem para eliminar qualquer contaminação possível durante o processo. Com isso, pode ocorrer a contaminação a partir da caixa d’água”, afirma.

O professor de Engenharia Ambiental da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Arnaldo Carlos Müller, esclarece que a sujeira forma colônias de bactérias que se fixam nas paredes da caixa. Muitas delas são patogênicas. Com a contaminação pela eliminação do cloro, a sujeira pode entrar pela tubulação. “As partículas também resultam em odores e sabores desagradáveis na água”, observa.

Calça orienta a população a verificar e proteger a vedação do reservatório. Ele deve estar sem qualquer tipo de abertura, inclusive na tampa, que não pode apresentar rachaduras e precisa estar adequada ao tamanho da caixa d’água. “Se a caixa estiver destampada ou a vedação não for bem feita, a sujeira pode se instalar com facilidade. A própria água, se ficar muito tempo parada, pode ocasionar isso. Os minerais presentes nela podem ir para o fundo da caixa, formando um lodo. Mesmo bem fechado, o reservatório fica sujo”, comenta.

A presença de partículas estranhas também acontece quando falta água na rede de abastecimento. Por mais que se tenha cuidado, o fluxo pode voltar com areia, terra e outras sujeiras grudadas em tubulações antigas. “Nos lugares que isso acontece com freqüência, os moradores precisam estar atentos”, aconselha.

O tecnólogo chama a atenção ainda para as caixas d’água localizadas no litoral, principalmente em casas de veraneio. Como não são utilizadas por muito tempo, o cuidado deve ser redobrado: “Elas ficam fechadas por meses. Essa água não pode ser utilizada, talvez somente para lavar a casa”. Além disso, quem deixa de limpar a caixa por muito tempo pode deparar com animais (ratos, passarinhos e pombas, principalmente) mortos dentro do reservatório. O risco também é grande para o alojamento do mosquito da dengue, em qualquer lugar.

O professor da PUCPR lembra que a limpeza periódica das caixas d’água deve ser feita com detergente ou sabão em barra e água. “Uma boa esfregada tira tudo”, resume Müller. É preciso ficar atento para não deixar acumular os resíduos da limpeza. “É como lavar uma panela. Esfregar bem, tirar a sujeira de dentro e depois enxaguar para tirar o sabão.”

Vigilância

O tecnólogo da Sesa acredita que os moradores, sempre que possível, devem dar uma olhada no reservatório: “Por mais que se cuide, nada impede que depois de um mês ele já esteja sujo”. As caixas de até mil litros podem ser limpas pelos próprios donos. Os moradores podem contratar empresas especializadas para caixas com maior capacidade. “As casas ou prédios que captam água de poços também devem pedir uma desinfecção do reservatório e da rede interna. Para os locais com água proveniente da rede de abastecimento, uma boa limpeza basta”, conclui.

Serviço – Maiores informações sobre como deve ser a limpeza podem ser obtidas nas secretarias estadual e municipal de saúde.

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