Por mais que as autoridades sanitárias alertem sobre os males de passear com cães na areia da praia, quem desce para o litoral dificilmente deixa de deparar com pessoas andando com seus animais na beira do mar. O resultado disso é que anualmente dezenas de veranistas e moradores do litoral procuram os postos de saúde vítimas de bicho geográfico.
O bicho gerográfico é um microorganismo encontrado nas fezes e na urina dos cachorros. Quando os animais fazem suas necessidades na praia, este microorganismo é transmitido para a areia e posteriormente, através dela, para o ser humano. “O homem adquire o bicho geográfico ao entrar em contato com a areia contaminada pelo microorganismo. Ele penetra na pele e causa uma série de incômodos e lesões” explica o médico do Siate, de plantão no litoral do Estado, Duarte Guerra.
Por baixo da pele, o microorganismo vai caminhando e deixando seu rastro, formando feridas que lembram um mapa, daí o nome de bicho geográfico. As áreas mais atingidas costumam ser os pés, mas o microorganismo pode se instalar em qualquer parte do corpo. “O local atingido fica avermelhado e a vítima sente muita coceira”, diz Duarte. O tratamento é prolongado, já que o microorganismo é bastante resistente, à base de pomadas e cremes especiais.
Falta educação
A solução para o problema, segundo o médico, não é impedir que as pessoas andem descalças ou que as crianças brinquem e sentem-se na areia, mas conscientizar os donos de cães para que não levem seus animais à praia. “Geralmente, nas praias, os agentes de saúde, médicos dermatologistas e salva-vidas explicam sobre os incômodos do bicho geográfico e convencem as pessoas a retirarem seus cães da areia, porém muitas vezes, na tentativa de ajudar os veranistas, são maltratados e incompreendidos”, conta. “Só a educação dos proprietários dos animais pode evitar que o número de vítimas do Bicho continue a aumentar.”
Todo e qualquer cão pode ser portador do microorganismo, não importa a raça, o tamanho, os hábitos de higiene, a idade ou se foi ou não vacinado contra outras doenças. Os animais adquirem o microorganismo muito facilmente, pois ele está presente em quase todo o ambiente.
Água-viva também preocupa
Cintia Végas
Outros dois bichinhos que sempre preocupam os dermatologistas e salva-vidas no verão não vivem na areia, mas dentro d”água. São as água-vivas (medusas) e caravelas.
De acordo com o médico do Siate no litoral, Duarte Guerra, as caravelas e água-vivas costumam surgir em julho e permanecem no verão conforme as temperaturas da água e a disponibilidade de alimentos.
Ambos, em contato com a pele do ser humano, provocam uma série de queimaduras. Pessoas alérgicas às toxinas dos animais podem inclusive ficar inconscientes e precisar de tratamento à base de corticóides. Porém, normalmente, o tratamento é feito com pomadas, analgesia e compressas.
Este ano, no litoral do Paraná, a quantidade de caravelas e água-vivas está normal e não excessiva como no verão passado. Entretanto, o médico faz um alerta: “É importante que as pessoas evitem entrar na água em locais de alta incidência de água-vivas e caravelas. Os banhistas, de dentro d”água, não conseguem enxergar os animais e acabam sendo facilmente queimados.”
As maiores vítimas de caravelas e água-vivas costumam ser surfistas e salva-vidas.