Pela manhã, perceber alguns fios de cabelo no travesseiro é normal. Isto porque, em média, a pessoa possui 100 mil fios do couro cabeludo e uma pequena parte deles (aproximadamente 50 fios) caem todos os dias.

continua após a publicidade

Normalmente, essa perda não deve se tornar motivo de desespero, pois importante quantidade é reposta, impedindo que se perceba uma perda real.

“Quando há um desequilíbrio nesse sistema perfeito de revezamento, ou seja, os fios que caem não são repostos e, com um agravante, os que nascem apresentam-se mais frágeis e sujeitos a uma vida mais curta, o resultado final é a calvície”, comenta o dermatologista Jesus Rodriguez Santamaría, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

De acordo com o médico, alguns motivos podem ser responsabilizados por esse desequilíbrio: hereditariedade, estresse, causas mecânicas, químicas e médicas. O certo é que, quando os cabelos se vão e a calvície aparece, homens e mulheres sofrem um baque considerável no seu lado psicológico, comprometendo não só a estética, mas também o aspecto psicológico. Para algumas pessoas a perda de cabelo até pode ser encarada com naturalidade, mas para a maioria, significa um pesadelo sem fim.

continua após a publicidade

Ciclo de crescimento

Cada fio tem um determinado tempo de vida. Nasce, cresce e, finalmente, cai. No entanto, nem todos os fios de cabelo encontram-se na mesma fase. Enquanto 85% dos fios do couro cabeludo em condições normais estão crescendo, o restante está desprendendo do couro cabeludo (eflúvio), período mais sujeito a queda.

continua após a publicidade

De acordo com Soeli Macedo de Andrade, especialista da Clínica Leone, é normal que o cabelo caia ao ser lavado e penteado, pois como a raiz permanece ativa, logo se inicia o crescimento de um novo fio.

Esse ciclo de crescimento varia de pessoa para pessoa, de acordo com a predisposição genética. Estima-se que o cabelo cresça, em média, por quatro anos antes de ser substituído.

Só que, em alguns casos, esse ciclo é maior ou menor, por isso, reclamam em não poder deixar o cabelo mais comprido. A especialista comenta que ninguém precisa ficar contando quantos fios perde por dia, mas é importante perceber quando essa quantidade vai aumentando.

“Antes de qualquer tratamento, deve-se procurar um médico para avaliação de cada caso”, alerta Soeli Andrade. Na maioria das vezes, quando o distúrbio surge, só existem duas opções: os transplantes ou a reconstrução capilar.

O transplante consiste na implantação de fios na área calva, garantindo um crescimento uniforme. Dependendo da extensão da calvície, há necessidade de duas ou mais intervenções.

Algumas “mudas” são implantadas na área calva. Na maioria das vezes, o resultado não é convincente em casos de calvícies já consolidadas, pela insuficiência de fios na área doadora.

Vida normal

A reconstrução capilar é opção mais econômica para quem não quer passar pelo risco de intervenções cirúrgicas. “É um sistema de reposição permanente de uma pele virtual, com fios de cabelo idênticos aos que ainda estão em crescimento, levando em consideração sua cor, textura, densidade e ondulação”, explica a especialista.

A prótese capilar é uma técnica não-cirúrgica e indolor, que utiliza adesivos desenvolvidos para aplicações de longa duração, evitando qualquer reação alérgica ou de rejeição.

“As micropeles por reposição transdérmica são perfeitas para serem utilizadas nos casos de perda de cabelo em decorrência das alopecias causadoras das calvícies masculina e feminina, ou ainda em virtude dos tratamentos de quimioterapia ou radiações”, afirma Soeli Andrade.

O melhor de tudo está na comodidade. Quem usa a prótese pode tomar banho de piscina, lavar o cabelo normalmente, enfim, levar uma vida normal. Foi o que aconteceu com o agente imobiliário J., A., de 40 anos que, desde os 18 se preocupa coma calvície.

Depois de experimentar todos os recursos disponíveis, sem sucesso, se adaptou plenamente à micropele transdérmica. “A prótese não me incomoda em nada, até parece que nasceu comigo”, comemora.

A tecnologia de “pele virtual aplicada” foi desenvolvida pelo Instituto Versacchi, nos Estados Unidos, e é um procedimento inovador em reposição de cabelo por método não-cirúrgico.

“O usuário pode levar uma vida absolutamente normal, lavar os cabelos, hidratá-los, fazer escova e, até, coloração”, salienta a especialista. O sucesso do método é facilmente explicável, afinal quem não quer frequentar praia ou piscina, praticar todo tipo de esporte com total liberdade, sem receio algum.

CALVÍCIE MASCULINA

A calvície masculina é uma manifestação fisiológica que ocorre em indivíduos geneticamente predispostos, por isso, a herança genética é de importância vital nessa questão.

“Quando a testosterona sofre a ação de uma enzima, a 5-alfa-redutase, ela transforma-se em um hormônio responsável pelo afinamento dos cabelos e diminuição progressiva dos folículos (bulbo capilar que dá origem aos pêlos), encurtando seu ciclo de vida normal”, explica Jesus Rodriguez Santamaría.

De acordo com o médico, outras causas devem ser analisadas, entre elas, as doenças infecciosas, hormonais, dermatológicas ou decorrentes de outros tipos de tratamentos. “Também temos que considerar a influência do estresse emocional que serve de gatilho para a alopécia”, completa.

CALVÍCIE FEMININA

Há dois tipos de calvície feminina mais frequentes. Uma delas é a alopécia androgenética, de origem hereditária e que produz a perda lenta e gradual de fios a partir da linha que separa o cabelo. Os fios ficam mais finos e menos numerosos.

Outra situação é conhecida por eflúvio telógeno, queda acelerada e temporária dos fios. Quase sempre é decorrente de trauma emocional, mas que pode estar associada a infecções, doenças da tireóide, oleosidade e dermatite seborréica. Nesses casos, é preciso tratar primeiramente as causas.

“Há ainda uma terceira forma de calvície, chamada de alopécia areata, cuja queda é localizada e, em alguns casos, pode até atingir outras áreas, como sobrancelhas e genitália. Também está relacionada ao estresse”, explica Paula Bellotti Azevedo, da Sociedade Brasileira de Dermatologia.