Os agrotóxicos representam a quinta principal causa de intoxicações humanas no Brasil, conforme pesquisa do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). No período de 2000 a 2009, foram registrados 4.974 casos, contra 26.286 da causa principal, o uso indevido de medicamentos. Mas o uso indevido do insumo agrícola está no topo dos casos de morte por intoxicação. No mesmo período, 1.412 pessoas morreram por contato, inalação ou ingestão de agrotóxicos, média de 157 mortes por ano.

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Com o propósito de reduzir esse índice, foi apresentado ontem, em Sorocaba, o Cultivida, um programa nacional de conscientização dos produtores rurais para o uso adequado dos defensivos agrícolas. A iniciativa da Ihara, indústria com sede em Sorocaba que há 47 anos atua no mercado brasileiro de agroquímicos, tem o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e parceria com institutos de pesquisa, toxologistas, prefeituras e sindicatos rurais. A empresa vai investir R$ 2,8 milhões este ano para levar as ações a 13 municípios do País nos quais a incidência de intoxicação por agroquímico é alta.

Até 2016, o programa será estendido a 45 municípios brasileiros, seis deles no Estado de São Paulo: Mogi das Cruzes, Piedade, Pilar do Sul, São Miguel Arcanjo, Monte Mor e Apiaí. “São cidades com predominância de pequenos produtores e agricultores familiares, com culturas que exigem grande número de pulverizações, sobretudo frutas e hortaliças”, explicou o engenheiro agrônomo Rodrigo Naime Salvador, gerente da Ihara. Os agricultores serão chamados para palestras e atividades de campo.

O programa prevê o treinamento de agentes de saúde para identificar e tratar os casos de intoxicação, a formação de líderes nas comunidades e o desenvolvimento de estratégias de abordagem dos produtores rurais. A aplicação correta dos insumos e o uso de equipamentos de proteção estão entre as ações chamadas de “insistentes”. “Vamos mostrar que o agrotóxico é perigoso, sim, mas também que, sem ele, à luz da ciência, não é possível produzir alimentos em quantidade e com qualidade”, afirmou Salvador.

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José Maria Tomazela