Bulimia nervosa afeta a autoestima

Geralmente, o “método” começa quando alguém, invariavelmente as meninas, conta para as outras que é uma maneira simples de perder e controlar o peso corporal.

O distúrbio pode começar em uma idade muito jovem. Assim, a bulimia nervosa começa: dando a impressão de que elas podem comer qualquer coisa e em qualquer quantidade, mas nunca vão ganhar um quilo extra.

É só ingerir qualquer tipo de alimentos altamente calóricos às pressas e depois disso, jogar tudo fora, forçando o vômito ou tomando alguns diuréticos ou laxantes para se livrar da comida a partir do intestino.

Por vezes, os efeitos da doença não são evidenciados de forma visível, com as portadoras se mantendo apenas um pouco abaixo da média de peso normal.  É um fato bem conhecido que distúrbios físicos podem afetar a saúde mental de uma pessoa, mas, o inverso também é verdadeiro.

Estados psicológicos como depressão, ansiedade, raiva e estresse podem levar a problemas de saúde. Isso vai estragar a confiança das pessoas e reduzir sua capacidade em gerenciar problemas.

Com início frequente no final da adolescência, o excesso de preocupação com o corpo e com a alimentação que acaba por levar a tentativa de diversas tentativas de dietas e um número igual de frustrações é um dos exemplos.

Isso acontece com os portadores de bulimia que, neste período, descobrem a “eficácia” dos métodos purgativos e passam a ter comportamentos suspeitos, como as idas cada vez mais frequentes ao toalete após as refeições.

Mesmo que elas tenham um peso perfeitamente normal, as portadoras da doença se veem como obesas, desenvolvendo a bulimia como tentativa de mudar a sua autoimagem.

Baixa autoestima

Enquanto as complicações são “gerenciáveis”, poucos estão cientes das consequências mais perigosas de tal comportamento. Esses pacientes geralmente sofrem de um complexo de inferioridade e têm baixa autoestima.

De acordo com a psicóloga Marjorie Vicente, especialista em imagem corporal e consultora de imagem, o ciclo se instala e a ordem bulimia/purgação abre espaço aos sentimentos de vergonha, fracasso e culpa.

A sensação de falta de controle nos episódios de compulsão é desesperadora. “Alguns sintomas depressivos e ansiosos acompanham este ciclo, como irritabilidade e angústia”, explica a terapeuta.

Há prejuízo de atividades sociais e ocupacionais devido a tentativa de manter o ciclo, e também devido aos sentimentos relacionados ao distúrbio. As causas do desenvolvimento da bulimia nervosa também são multifatoriais.

Para a psicóloga, de qualquer forma, a força da mídia e os ideais culturais de beleza são os grandes vilões da atualidade. A característica de personalidade mais marcante em portadores de bulimia nervosa é a impulsividade.

“Importante ressaltar que tal característica pode ir além do comportamento alimentar, e se estender para o uso de drogas e comportamento sexual inadequado”, alerta.

Como na anorexia nervosa, o distúrbio alimentar bulímico se aproveita das características próprias de cada pessoa contra ela mesmo. Por isso, é tão difícil ela lutar sozinha contra a doença. De acordo com Marjorie, “uma batalha travada contra seus próprios sentimentos e frustrações pessoais.”

Atuação multidisciplinar

O início da bulimia nervosa tende as ser mais tardio do que o da anorexia (outros distúrbio alimentar que afeta jovens, normalmente entre o final da adolescência e início da fase adulta.

Importante ressaltar qu,e algumas ocupações que dependem da boa forma parecem estar mais presentes na faixa de risco de desenvolvimento da bulimia, entre elas, modelos, dançarinas, atrizes, atletas e, até mesmo, nutricionistas.

A especialista adverte que, embora o risco de morte esteja abaixo da expectativa de quem sofre anorexia nervosa, a diminuição da quantidade de potássio no organismo (substância importante para a contração muscular) é gravíssima em portadores de bulimia, podendo levar a uma arritmia, parada cardíaca e a morte.

O tratamento ambulatorial (não intensivo) é visto como opção de escolha mais adequada no Brasil, desde que o paciente seja colaborador, haja suporte familiar, ausência de outras doenças que necessitem de internação e a possibilidade da atuação interdisciplinar básica, por uma equipe composta por psicólogo, psiquiatra e nutricionista.

Os profissionais que lidam com pacientes bulímicos devem ter em mente a constante ambivalência que prejudica o tratamento: o desejo de melhora versus o receio de engordar.

Além disso, o vínculo com os profissionais responsáveis é de extrema importância para a aceitação e sucesso do tratamento. A idéia principal é reduzir os episódios de compulsão e purgação, e os sintomas associados a patologia (comorbidades).

A medicação aliada a psicoterapia apresenta resultados positivos, independente da abordagem escolhida. “Deve-se ficar atento a história do paciente, traços de personalidade e sintomas da doença na escolha da medicação”, complementa Marjorie Vicente.

Principais características …

* Episódios recorrentes de compulsão alimentar

* tentativas de evitar possível ganho de peso por meio de métodos compensatórios

* Períodos de jejum, exercícios excessivos, e/ou purgativos

* Indução de vômitos após os episódios e/ou uso de laxantes

* auto-estima totalmente vulnerável ao peso

… e principais consequências

* Diminuição da quantidade de potássio no organismo (depleção)

* Câimbras

* Sangramentos, esofagite, esôfago de Barret e úlceras

* Problemas intestinais, diarréia, dor e constipações graves

* Desidratação – levando a queda de pressão arterial que resulta em desmaios

* Corrosão do esmalte dos dentes e perda de obturações

* Aumento das parótidas (face arredondada)

* Sinal de Russell devido à indução do vômito com ajuda das mãos

* Efeito sanfona

* Edemas

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