O tema câncer de mama já se tornou bastante familiar para as mulheres. De acordo com a pesquisa Câncer de Mama – experiências e percepções, realizada pela Pfizer, a maioria das mulheres se diz informada sobre a doença.
No entanto, esse “conhecimento” não foi comprovado na pesquisa. Boa parte delas apontam erroneamente, por exemplo, o estresse como um dos fatores de risco para esse tipo de tumor e muitas deixam de fazer mamografias de rotina.
Realizada em cinco capitais brasileiras, a pesquisa teve como objetivo entender o impacto da doença no universo feminino. No total, foram ouvidas 320 mulheres (200 portadoras de câncer de mama e 120 sadias).
“Elas contrariam estudos científicos, que relacionam a doença a fatores como: histórico de câncer de mama na família, primeira menstruação antes dos 11 anos, menopausa tardia (após os 50 anos), reposição hormonal, consumo excessivo de álcool, obesidade, ser mãe tardiamente ou não ter filhos”, explica Sérgio Simon, oncologista clínico e coordenador da pesquisa.
A maioria das entrevistadas acredita que o estresse é um dos fatores de risco para o câncer de mama, sendo 87% de portadoras e 61% de sadias. Ainda entre as sadias, 43% acreditam que poderiam desenvolver a doença e, nesse grupo, 47% dizem que a causa do tumor seria emocional.
Outras causas que as portadoras apontam como principais para o desenvolvimento do câncer de mama são hereditariedade e predisposição (32%); sentimentos relacionados a emoções contidas, mágoas, morte de familiares, crise matrimonial, tristeza, angústia, entre outros (28%).
Só autoexame
Quando se trata de diagnóstico, a pesquisa revela outro indício de informação equivocada sobre o câncer de mama entre as mulheres. Apenas 29% das sadias seguem a orientação do médico realizando a mamografia, principal forma de diagnóstico precoce da doença, e 33% fazem ultrassom do seio quando solicitadas. Já 81% das mulheres sadias fazem o autoexame sem saber que dificilmente conseguiriam detectar um tumor na mama, especialmente em estágio inicial.
Um dado que pode indicar esse hábito feminino de não realizar exames aponta que “no Brasil, menos de 10% das mulheres são diagnosticadas com carcinoma ductal, um tipo de câncer de mama, em fase inicial”, alerta Simon. “Esse é o estágio com maior probabilidade de cura e o mais facilmente diagnosticado por mamografia – e quase sempre não é palpável”, completa.
Porém, os resultados trazem um alerta ao mostrarem que elas não fazem os exames solicitados pelos médicos – ou seja, dificilmente conseguiriam um diagnóstico precoce do câncer de mama. Dados da pesquisa apontam que apenas 29% das mulheres sadias relatam fazer mamografia quando o médico pede.
As mulheres também têm percepção distorcida sobre a faixa etária mais atingida pela doença. Apesar do contato das portadoras com o câncer de mama e de 78% das sadias conhecerem alguém que tem ou teve a doença, as entrevistadas acreditam que a fase mais crítica para se desenvolver esse tipo de tumor está entre 40 e 50 anos, quando na realidade 75% das pacientes têm mais de 50 anos. Segundo o oncologista, no Brasil, a idade média das portadoras é de 59 anos.
Medo da morte
Em relação à trajetória da doença, 58% das pacientes entrevistadas apontam como principal dificuldade encarar os efeitos do tratamento. Sendo que 71% delas submeteram-se à quimioterapia injetável e 62% à radioterapia.
A pesquisa também revelou que 68% das mulheres sentem medo e angústia ao receber o diagnóstico da doença. Após a descoberta do tumor, o principal medo é o da morte, apontado por 51% das pacientes entrevistadas. Já 51% das mulheres sadias temem em primeiro lugar a mutilação, seguida da morte, mencionada por 27% delas.
“Antes de ter a doen&ccedi,l;a a preocupação da mulher é com a aparência física, focando a preservação da mama, mas quando a doença aparece de fato o principal medo é o da morte”, destaca Sérgio Simon. Entre as entrevistadas que realizaram a mastectomia, 58% não reconstituíram a mama.
O câncer de mama também provoca mudanças na vida afetiva das mulheres. O índice daquelas que não tinham uma vida sexual antes do diagnóstico salta depois do tratamento, mesmo entre as casadas.
Naquelas que acreditavam ter uma qualidade boa ou excelente no relacionamento sexual antes do câncer, apenas 44% manteve a mesma opinião após a doença. Na vida profissional, a doença permitiu que 62% das mulheres que trabalhavam antes do diagnóstico continuassem suas atividades, mas fez com que 39% das pacientes interrompessem o trabalho.
A doença
O câncer de mama se caracteriza pela reprodução e divisão desordenada das células nesse órgão. Existem diferentes tipos desse tumor, sendo o mais comum o que acomete os ductos que conduzem o leite para os mamilos, chamado carcinoma ductal.
Apesar de a paciente raramente notar os sintomas quando a doença está em estágio inicial, qualquer alteração nas mamas deve servir de alerta, como surgimento de nódulos, vermelhidão, temperatura muito quente, aumento de volume, feridas, entre outros.
Para obter um diagnóstico precoce, é preciso consultar regularmente um médico e realizar exame clínico de mama e mamografia. O autoexame não deve ser adotado como única forma de detecção do câncer de mama, inclusive de acordo com recomendação do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
A evolução no tratamento tem aumentado cada vez mais as chances de sucesso no combate à doença, principalmente quando diagnosticada em estágio inicial. A atuação mais específica de medicamentos modernos, chamados terapias-alvo, proporciona maior eficácia com menos efeitos colaterais – pois diferentemente da quimioterapia tradicional, atingem preferencialmente as células tumorais.
Experiências e percepções
Informação
85% das mulheres se consideram informadas sobre o câncer de mama
Fator de risco
87% das portadoras acha o estresse o principal, 61% das mulheres sadias, também
Probabilidade
43% das mulheres sadias acreditam que poderiam desenvolver o câncer de mama; dessas, 47% acham que a causa seria emocional
Destino
65% das portadoras acreditam que não adianta prevenir, se o câncer tiver que aparecer, vai aparecer. 35% das sadias, pensam a mesma coisa
Controle
83% das portadoras e 93% das sadias costumam consultar um ginecologista ou mastologista ao menos uma vez ao ano
Mamografia
Só 29% das sadias fazem. Ao contrário, 95% das portadoras passam pelo exame
Medo do diagnóstico
51% das portadoras citam a morte e 51% das sadias apontam a perda da mama
Companheiro
88% das portadoras apontam o marido ou namorado como um apoio para todos os momentos. 44% das portadoras solteiras acreditam que um relacionamento teria ajudado a passar melhor pelo tratamento.