Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveram a primeira vacina brasileira contra a tuberculose a partir de DNA com capacidade para curar a doença. A eficiência já foi comprovada em testes feitos em animais.
Segundo o coordenador do Núcleo de Pesquisas em Tuberculose da Faculdade de Ciências Médicas da USP de Ribeirão Preto, Célio Lopes Silva, a vacina teve resultados positivos nos testes in vivo. “Aguardamos agora os recursos para fazer testes clínicos em humanos”, afirmou.
Pelo menos outras 40 vacinas gênicas contra a tuberculose estão em desenvolvimento no Brasil. A diferença dessa para as outras é o potencial terapêutico. “As vacinas em estudo fazem uso de outras proteínas. A vantagem dessa que estudamos é a possibilidade não só de prevenção como também de cura, devido à especificidade desse gene encontrado. A vacina poderá ser usada para prevenir e para tratar a doença”, disse Silva.
Outra vantagem que a vacina desenvolvida pela USP e pela Unicamp apresentou em testes foi o melhor resultado quando aplicada por via intranasal, meio menos invasivo que o intramuscular. Segundo Silva, o conceito é inovador. “Em vez de injetar milhares de antígenos, com essa vacina um gene carrega a mensagem desse antígeno e a leva para o sistema imunológico, para que seja produzido dentro da célula.
A tuberculose é uma doença infecciosa causada por uma bactéria conhecida como bacilo de Koch. Atinge principalmente o pulmão, em cerca de 85% dos casos, mas também pode afetar outros órgãos, como olhos, rins, cérebro e ossos.
Segundo dados do Ministério da Saúde, há pelo menos 90 mil casos da doença registrados no Brasil. No mundo, são 3 milhões de mortes por ano em conseqüência da tuberculose. “Isso mostra que a única vacina existente contra a tuberculose, a BCG, não é realmente efetiva”, afirmou Silva.