Alguém já se imaginou ingerido 18,5 litros de álcool puro por ano? Acha que é difícil acreditar que tamanha insensatez aconteça? Pois saiba que dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que os brasileiros consomem 18,5 litros de álcool puro por ano.

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No continente americano, esta quantidade só é menor que o consumo de Equador, México e Nicarágua. O levantamento diz respeito apenas às pessoas acima de 15 anos que bebem frequentemente.

Para chegar a esse número absurdo, a conta é simples: as principais cervejas brasileiras têm um teor alcoólico de até 5%. A latinha comum, vendida em bares, supermercados e “baladas” do país, tem 350 mililitros, ou seja, 17,5 mililitros de álcool puro.

Usando esses valores como exemplo, um brasileiro acostumado com a cervejinha precisaria tomar menos de três latinhas por dia para ultrapassar 18,5 litros por ano. Fácil não?

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Também, conforme a OMS, o alcoolismo é considerado uma doença física, espiritual e mental. A medicina ainda não sabe porque algumas pessoas desenvolvem a dependência e outras não.

Sabe-se que herança genética, personalidade e ambiente social são responsáveis por desencadear o problema. Com efeito, a dependência química é uma doença crônica, cujo tratamento requer uma profunda mudança de atitudes por parte do dependente e sua família. É também consequência do uso descontrolado e progressivo.

Danos à memória

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Está mais do que provado: o uso do álcool compromete seriamente o funcionamento do cérebro, trazendo severas alterações neurológicas. As lesões são crônicas e o estrago é tanto maior quanto mais cedo se tenha adquirido o hábito de beber.

Além dos problemas físicos e emocionais, o álcool está direta ou indiretamente ligado à maioria esmagadora das ocorrências policiais e dos registros hospitalares.

Segundo o médico psiquiatra Fernando Sielski, especialista em dependência química, o consumo de bebidas alcoólicas provoca alterações neurofisiológicas profundas nas pessoas.  “Ele produz graves danos à memória, capacidade de abstração e a inteligência”, afirma.

Conforme o psiquiatra Arthur Guerra de Andrade, o perigo do consumo abusivo de álcool por jovens ganha contornos catastróficos. Embora a venda de álcool a menores seja proibida, os levantamentos revelam que um em cada três estudantes do ensino médio, entre 15 e 18 anos, bebe diariamente. No Brasil, mais de 15% da população é dependente do álcool.

Dependência

O psicólogo Dionísio Banaszewski lembra que os jovens frequentam bares e festas cada vez mais cedo e, que, na maioria delas, o consumo de bebidas para menores é totalmente liberado.

No entender do especialista, devido à falta de maturidade a maioria dos jovens desconhece o que é beber com responsabilidade. “Por isso perdem o controle quando bebem”, ressalta.

O fenômeno do aumento de alcoolismo entre jovens vem sendo acompanhado com muita preocupação. Que o alcoolismo está se tornando cada vez mais alarmante não é novidade. “No entanto, é preciso tomar conhecimento de que a situação está ficando fora de controle”, enfatiza o especialista.

O vício começa lentamente. Na fase de dependência psicológica, a pessoa não se considera um viciado, acreditando que pode parar quando quiser. Como nessa fase não passa por sua cabeça abandonar a bebida, prossegue até que começa a se prejudicar.

Também, existem, resultados concretos que mostram a influência genética no alcoolismo. O álcool é uma droga, portanto, sua dependência causa sintomas de abstinência como tremor, náuseas, sudorese,, cirrose, gastrite e palpitações, entre outros.

O alcoólatra também apresenta queda da capacidade física e mental. A pessoa tem necessidade de álcool, pensa muito na bebida, passa a beber escondido, as brigas com a família ficam mais frequentes e as faltas ao trabalho se multiplicam.

O início da dependência ocorre em torno dos 20 anos de idade ou no final da adolescência, podendo ser comprovada diagnosticamente somente em torno dos 30 anos.

A recuperação total depende da percepção e do acompanhamento da família. Diálogo, compreensão e amor ainda são os melhores remédios na recuperação do alcoólatra.

É importante saber que o alcoolismo não é moral. O alcoólatra não bebe por ser fraco de caráter, ele bebe porque está doente.