Brasil é pioneiro no tratamento da rinite como questão de saúde pública

O Ministério da Saúde está colocando em prática um programa de atendimento aos portadores de asma e rinite, a chamada Política Nacional de Atenção Integral a Pessoas com Doenças Respiratórias. Além de disponibilizar medicamentos gratuitos e oferecer atendimento na rede do Sistema Único de Saúde (SUS), o ministério está oferecendo capacitação aos profissionais de saúde por meio do protocolo Asma e Rinite ? Linhas de Conduta em Atenção Básica. A publicação incorpora recomendações de diversos documentos internacionais, entre os quais a Iniciativa Aria (sigla em inglês para ?Rinite Alérgica e seu Impacto na Asma?). A iniciativa, que conta com o patrocínio da Libbs Farmacêutica, entre outros laboratórios, e com o apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS), é um documento preparado por 54 sociedades médicas de vários países, inclusive o Brasil, que propõe diretrizes para o tratamento da rinite, prometendo redução das internações hospitalares por asma, menor quantidade de medicações e melhor qualidade de vida para o paciente. ?Com a implementação desta política do Ministério da Saúde, o Brasil passa a se destacar como o primeiro país do mundo a reconhecer a rinite como um problema de saúde pública?, comenta o Dr. Álvaro Cruz, pneumologista, professor da Faculdade de Medicina da Bahia ? UFBA e membro do Comitê Executivo Internacional da Iniciativa Aria.

O documento da Iniciativa Aria já foi distribuído em forma de guia de bolso para médicos alergistas, pneumologistas, otorrinolaringologistas, pediatras, clínicos gerais e outros profissionais de saúde em todo o Brasil. No dia 8 de junho, durante o V Congresso Brasileiro de Asma, no Rio de Janeiro, os coordenadores dos comitês estaduais e o grupo nacional de especialistas da Iniciativa ARIA irão se reunir para definir novas estratégias e atividades. Deverão estar presentes à reunião também o Dr. Jean Bousquet, Chairman da Iniciativa Aria e o Dr. Nikolai Khaltaev, representando a Organização Mundial de Saúde.

Especialistas afirmam que mais de 80% dos asmáticos têm rinite, doença alérgica considerada ?ponto de partida? para a asma. ?Esta é outra razão pela qual a Iniciativa Aria foi elaborada. Embora a rinite alérgica não seja uma doença grave, ela modifica a vida social dos pacientes, afeta o desempenho escolar e a produtividade no trabalho. Além disso, é considerada um fator de risco para a asma, doença muito mais complicada e que pode levar à morte. Portanto, as duas doenças não podem ser tratadas isoladamente?, sintetiza o Dr. Charles K. Naspitz, especialista em alergia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Coordenador da Iniciativa ARIA no Brasil. Segundo explica o Dr. Álvaro Cruz, ?tratando os dois problemas de forma integrada, a qualidade de vida do paciente pode melhorar consideravelmente e o controle da asma torna-se mais fácil?. Além de prevenir os sintomas de asma, o tratamento da rinite em asmáticos pode ser realizado com algumas drogas que permitem o controle de ambas as doenças.

A incidência da asma é bastante significativa no Brasil. Mais de 10% da população brasileira sofre desse mal, o que segundo dados do Ministério da Saúde, resulta em mais de 350 mil internações por ano na rede pública de saúde, ao custo de R$ 120 milhões. A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas inferiores que contrai os brônquios e estreita os bronquíolos, causando dificuldade para respirar. Chiados no peito e falta de ar são sinais de uma crise. O paciente necessita de acompanhamento regular, pois está sempre vulnerável aos fatores desencadeadores da crise, como mudanças bruscas de temperatura, poeira doméstica, cigarro e poluição.

A rinite, por sua vez, é um processo alérgico caracterizado por coceira, obstrução nasal, espirros e coriza. São necessárias duas condições para a doença se manifestar: predisposição genética e ambiente rico em aeroalérgenos. ?A prevalência das doenças respiratórias vem aumentando muito ultimamente. A rinite alérgica, por exemplo, representa hoje um problema global, que atinge no mínimo de 10 a 25% da população em geral?, afirma o Dr. Charles Naspitz.

Sobre a Iniciativa Aria

A Iniciativa Aria (Allergic Rhinits and Its Impact on Asthma ou Rinite Alérgica e seu Impacto na Asma) desenvolve atividades específicas no Brasil desde 2002. No primeiro ano de ação, foi constituído o grupo de especialistas; foram impressos e distribuídos 40 mil guias de bolso, e foram realizados 5 simpósios ARIA em eventos nacionais. Além disso, foi constituída uma secretaria e uma página na Internet. Nos anos seguintes, foram criados em treze estados brasileiros comitês compostos por três membros: um alergista, um pneumologista e um otorrinolaringologista, com um coordenador, para estimular atividades locais e estaduais. No segundo semestre de 2004, um dos coordenadores nacionais da Iniciativa Aria foi convidado a comparecer ao Ministério da Saúde, para discutir o programa nacional de asma e rinite, tendo contribuído para a elaboração da publicação lançada pelo ministério no dia 7 de abril e intitulada Asma e Rinite – Linhas de Conduta em Atenção Básica.

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