As pessoas que sofrem com arritmias cardíacas tiveram uma boa novidade apresentada no início do mês, durante o 20.º Congresso Brasileiro de Arritmias Cardíacas, realizado no Rio de Janeiro. O sistema Carto é um método em que um cateter é colocado no paciente através da virilha. Com o auxílio de um computador é possível produzir imagens tridimensionais do que acontece no coração e detectar com maior precisão as arritmias. Diferente do sistema convencional, o Carto não precisa do raio-X para ajudar na visualização das imagens.
O presidente do congresso e chefe do setor de cardiologia do Hospital Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFPR), Jacob Atie, explicou que além de identificar com maior precisão os focos de arritmia, o Carto é capaz de curá-los através de cauterização. Algumas arritmias que não podiam ser tratadas, como a taquicardia ventricular instável, por exemplo, podem ser alvo do Carto. O sistema é originalmente de Israel, mas já vem sendo aplicado em vários países do mundo.
No Brasil existem dois aparelhos como este: um no Rio de Janeiro e outro em Brasília. “Em 85% dos casos o resultado é positivo. Por isso não tenho dúvida que esse sistema será difundido em todo Brasil”, afirmou Atie, lembrando que somente nos Estados Unidos já existem 400 aparelhos com esse sistema. Atie destacou que o Carto é mais recomendado para arritmias mais complexas, nos casos mais brandos em 70% das vezes ainda se utiliza o método convencional. O cardiologista confirmou que o preço da utilização do Carto é maior que do método convencional, mas não quis divulgar números.
Arritmia
As arritmias cardíacas são alterações do ritmo normal do coração que se manifestam nas palpitações, tonteiras, perda da consciência, e, em alguns casos, morte súbita. Estima-se que 50% da população sofre de algum tipo de arritmia em algum momento de sua vida.
Na América Latina, as doenças cardíacas constituem a primeira causa de mortalidade na maioria dos países. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPS), as doenças cardíacas representam 50% de todas as mortes causadas por doenças não-transmissíveis e 33% do total de mortes. No Brasil são 350 mil vítimas por ano. Acredita-se que metade das pessoas que sofrem de doenças cardiovasculares morre devido a arritmia de algum tipo.
A chamada fibrilação atrial (FA) é a arritmia mais comum conhecida. Embora essa forma de arritmia possa apresentar-se em qualquer idade, as probabilidades aumentam em pessoas mais velhas. A pessoa que sofre de FA se sente cansada e fraca e está sob maior risco de sofrer embolia cerebral.
