Luiz Henrique, 6 anos, não queria saber de voltar para casa. “Sempre que eu descuidava, ele corria para a vizinha. Queria brincar com o Relâmpago, um vira-latas carinhoso e brincalhão que ela adotou”, afirma a mãe do menino.
Da hora do banho ao passeio, Luiz vivia dando um jeito de ficar perto do cachorro, por mais que fosse repreendido pelos pais. Até que não houve outra forma de interromper as visitas, a não ser encontrar um amigo de estimação para o Luiz.
Um cachorro é opção que sempre aparece entre as primeiras. Mas os adultos devem pensar nos cuidados que cada animalzinho exige.
“Gatos são mais independentes, mas também precisam de ração com horário marcado e trocas constantes da areia. Passarinhos e até animais mais exóticos, como um furão, têm necessidades específicas e é fundamental conversar com um veterinário antes de decidir”, afirma a veterinária Jaqueline Correa.
Outra dica da especialista é conversar com criadores, para entender como é a rotina com o bichinho e a média de gastos que ele demanda.
Muitos adultos, pensando em evitar o trabalho e a bagunça que um bichinho pode provocar, pensam logo nos peixes. “Se não for calculada, esta escolha pode causar muita decepção: as crianças, dificilmente, conseguem cuidar sozinhas de um aquário. E a interação com os peixes é bem menos do que uma corrida no quintal com o cachorro”.
A tartaruga doméstica, segundo ela, é uma opção intermediária. Ela é menos arisca, e também menos afetiva, do que os gatos – mas serve como incentivo para desenvolver aspectos de disciplina. “Ela some no meio da casa e também não gosta de ser paparicada.
Se alguém pega no colo, ela faz coco imediatamente”, afirma a estudante Sarah Lee, dona da Tuga. Por isso, precisa ter comida na hora certa e sempre no mesmo canto da casa, porque o bichinho vai procurar.
O apoio dos animais no tratamento de crianças com algum tipo de dificuldade, motora ou de raciocínio, é bastante conhecido e tem efeitos poderosos. João, 12 anos, faz sessões de equoterapia há quatro.
Mas não é preciso ir longe para encontrar benefícios no convívio entre crianças e animais de estimação. “Notamos que os alunos com animais de estimação em casa tendem a ser mais sociáveis e também mais disciplinados”, afirma a pedagoga Celina de Melo, coordenadora pedagógica de uma escola na região metropolitana de São Paulo.
Juntas, Celina e a veterinária Jaqueline apresentam uma lista de vantagens que a adoção de um animalzinho pode trazer ao desenvolvimento infantil.
1. Disciplina: se a criança é dona do animal, precisa ficar claro que ela é responsável por ele. Os adultos devem oferecer supervisão e apoio às tarefas, de acordo com a faixa etária da criança.
“Mas ela precisa se envolver com o dia a dia, lavando o pratinho de comida e servindo a ração por exemplo, nos horários certos”, afirma a pedagoga.
2. Higiene: os cachorros são os melhores professores deste assunto. Se passa o dia do banho, os pelos (quando compridos) começam a embaraçar e o mau cheiro toma conta.
A situação pode servir de exemplo e ser lembrada nas ocasiões em que a criança der trabalho para encarar o chuveiro.
3. Tolerância: os bichinhos também se cansam e precisam de descanso após um período de brincadeiras.
Entender que é hora de dar uma pausa ajuda a criança a compreender limites, sem se frustrar a cada vez que eles aparecerem.
4. Exageros: se não forem expostos a regras, os bichinhos também podem perturbar, exigindo atenç,ão em tempo superior ao que é possível dedicar.
A criança precisa entender que há horários para o passeio e para as brincadeiras com o animal. Mas que, fora disso, a casa tem uma rotina que precisa ser respeitada.