Barulhinho ruim

Se você esteve em algum ambiente em que houve a necessidade de gritar para se fazer ouvir; se sente zumbidos ou tem a sensação de diminuição na audição após uma demasiada exposição sonora, a Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia (Sborl) recomenda que procure um otorrinolaringologista para avaliação e acompanhamento de sua saúde auditiva. Foi o que fez o borracheiro Valdecir Bastos Santos, que agora não descarta o protetor auricular e o abafador de ruídos, mesmo durante o verão. Ele teve uma importante perda de audição no ouvido esquerdo e teve que se acostumar com a proteção. ?É melhor se sentir incomodado do que ficar surdo?, ensina. Os médicos concordam: se submeter a um barulho muito alto por vários anos, em longo prazo pode deixar a pessoa incapacitada para o resto da vida.

A exposição a sons intensos é a segunda causa mais comum de deficiência auditiva. Muito se pode fazer para prevenir a perda auditiva induzida por ruído, mas pouco pode ser feito para reverter os danos que ela causa. Normalmente, a deficiência auditiva não equivale a um "tudo ou nada", de modo que o indivíduo escuta de acordo com o seu resíduo auditivo. Da mesma forma que a deficiência visual, a deficiência auditiva também apresenta graus e tipos de perda que irão caracterizar individualmente o modo de tratamento e as soluções indicadas pelos médicos. A deficiência auditiva atinge milhões de pessoas devido a uma série de fatores, tais como: hereditariedade, acidentes, traumas, doenças e envelhecimento do organismo, entre outros.

Conscientização e orientação

O otorrinolaringologista Rogério Hammerschimidt afirma que um indivíduo não pode permanecer em um ambiente com atividade sonora de 85 decibéis de intensidade por mais de 8 horas. Esse tempo cai para 4 horas em lugares com 90 decibéis; duas horas em locais com 95 decibéis; e uma hora onde a intensidade chega a 100 decibéis. O especialista alerta que é necessária a conscientização das pessoas que trabalham ou freqüentam locais barulhentos. ?Algumas coisas podem parecer sem importância, mas acarretam conseqüências desastrosas para toda a vida?, alerta o médico.

Ao contrário do que muitos imaginam, a exposição a sons intensos não atinge somente profissionais que trabalham em locais com elevado nível de ruído, como indústrias ou aeroportos, mas pode acontecer numa variedade de situações, que são muito freqüentes no dia-a-dia da maioria das pessoas. ?Os sintomas iniciais da perda auditiva induzida por ruído são sutis, começando, na maioria dos casos, pelas freqüências agudas?, explica o médico. Conseqüentemente, muitos indivíduos não percebem essa perda auditiva, pois todas as outras freqüências sonoras estão dentro da normalidade, e continuam se expondo por falta de orientação ou conhecimento.

Dependendo do período de exposição, sons de intensidades superiores a 85 decibéis podem causar dupla perversidade, pois ao mesmo tempo em que comprometem nossa capacidade auditiva para sons ambientais, podem causar ainda um distúrbio contínuo e muito incômodo: o zumbido. O som nocivo (poluição sonora) pode acarretar conseqüências severas à qualidade de vida da população, afetando a saúde do indivíduo e conturbando as relações sociais. As repercussões são de ordem individual e coletiva.

Durma com um barulho desse!

Compare a intensidade sonora de alguns sons ambientais. A chance de uma pessoa perder capacidade auditiva quando exposta a ruídos freqüentes de 90 decibéis é de 25%.

Avião a jato ou arma de fogo – 130-140 decibéis.

Show de rock – 110 decibéis.

Serra elétrica – 100-105 decibéis.

Tráfego pesado – 80 decibéis.

Bate papo a 1 metro – 60 decibéis.

Sala silenciosa – 50 decibéis.

Falar sussurrando – 20 decibéis.

Fonte: Sborl

Implante coclear

O implante coclear, uma esperança para quem perdeu a audição devido a problemas congênitos ou por alguma doença, já está disponível em Curitiba. De acordo com Maurício Buschle, otorrinolaringologista do Hospital Iguaçu, a cirurgia consiste no implante de um dispositivo eletrônico, composto por um grupo de eletrodos e um aparelho receptor, que é inserido na parte interna do ouvido. Por fora, colocado na orelha, fica a parte que processa a fala, com um microfone e a bateria. O implante coclear substitui a função da cóclea (que codifica os sons), transformando os sinais sonoros em elétricos, fazendo com que o paciente possa ouvir.

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