Balão intragástrico garante emagrecimento com segurança

Pesquisas recentes do Brasil e do exterior apontam para o crescimento constante e acelerado dos índices de obesidade da população mundial. Vida sedentária, estresse e alimentação cada vez mais industrializada estão entre os fatores de agravamento deste quadro, que ajudam a aumentar também as estatísticas de co-morbidades pela obesidade, como as doenças cardiovasculares, diabetes mellitus e apneia do sono, entre outras.

Recentemente, uma pesquisa norte-americana apontou que a doença é uma séria ameaça ao constante crescimento do nível de expectativa de vida naquele país. “Ela pode ser comparada a um enorme “tsunami” avançando em direção ao continente”, exemplificou o especialista em obesidade David Ludwig, completando que, se esperarmos sentados, poderá se tornar tarde demais para se fazer algo.

Em meio às diversas ofertas de tratamentos, milhares de obesos buscam orientações e indicações que atendam suas necessidades, dentro dos quesitos de efetividade e segurança para o seu emagrecimento. Neste contexto, o balão intragástrico, método não cirúrgico, tem sido uma das indicações, no Brasil e no exterior, especialmente Europa. São mais de mais de 700 mil procedimentos no mundo.

Função auxiliar

O método surgiu há mais de trinta anos, por meio da observação de pacientes com tricotilomania e tricofagia (compulsão por arrancar e comer os próprios cabelos) e que acusavam grande perda de peso, verificada posteriormente, em função do bolo capilar que era formado no estômago.

A partir daí, foi desenvolvida a ideia da inserção de um balão intragástrico com o objetivo de saciar a fome do obeso e assim permitir uma reprogramação alimentar por período suficiente, não apenas para a perda de peso, mas também para a sua manutenção posterior.

Inserido vazio no estômago através de endoscopia em ambiente hospitalar ou clínico, o procedimento é realizado em média de 20 minutos, sem a necessidade de anestesia, apenas sendo realizada uma sedação, com liberação do paciente após uma ou duas horas. Preenchido com soro e azul de metileno estéreis o balão deve permanecer no estômago por de peso.

O método é indicado principalmente para pessoas obesas que não obtém o emagrecimento desejado com medicações, mas não possuem indicação para algum tipo de cirurgia bariátrica – obesidade grau 1 (IMC entre 30 e 34,9) – e obesidade grau 3 (IMC maior que 40), para auxiliar a diminuir co-morbidades ou perder peso para uma possível cirurgia com riscos menores.

Como todo método de emagrecimento, o balão tem a função de auxiliar, estimular de forma efetiva e duradoura a mudança de hábitos de vida do paciente, devendo ser acompanhando por equipe multidisciplinar composta de endocrinologista, nutricionista, preparador físico e psicólogo.

Compromisso

De acordo com o gastroenterologia Hercio Azevedo de Vasconcelos Cunha, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), nenhum método oferece milagre, seja ele mais ou menos radical, e seu sucesso depende, fundamentalmente, do compromisso do paciente em querer emagrecer e estar disposto a mudar seu estilo de vida em função deste objetivo.

“No entanto, o balão intragástrico, sem duvida, é o método que melhor atende a esta necessidade por reunir fatores, como simplicidade e segurança na colocação e retirada, risco reduzido, não alterar a anatomia do paciente, ter efeitos colaterais melhores controlados e reversíveis”, reconhece,

Nem todos os pacientes podem usufruir desse método. Algumas das contra-indicações para a sua utilização incl,uem portadores de doenças gástricas, uso de certos tipos de medicações, insuficiência renal crônica, aids, pacientes com IMC inferior ao indicado – salvo casos de morbidades/riscos associados com a obesidade – e indivíduos que se submeteram anteriormente a cirurgias abdominais, ginecológicas, gástricas ou intestinais.

Também não são elegíveis ao métodos, portadores de desordens psiquiátricas anteriores ou atuais, pacientes grávidas ou amamentando, pessoas com vício a drogas de qualquer espécie e indivíduos que não desejem participar de programas de reeducação comportamental, alimentar e executar exercícios físicos regularmente.

Método não cirúrgico, realizado por endoscopia, preenche espaço do estomago diminuindo a ingestão alimentar e proporcionando saciedade precoce, com perda média de 12% a 15% do excesso de peso em seis meses.

A culpa é de quem?

Segundo a professora Mary Schmidl, do Departamento de Nutrição e Ciência dos Alimentos da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, não há um vilão único para a epidemia.

A escalada da obesidade teria muitos responsáveis, entre eles, a indústria alimentícia, políticas públicas, escolas, restaurantes, comunidades, pais e os próprios indivíduos.

A pesquisadora apontou exemplos. A indústria e os comerciantes de alimentos estariam habituando os consumidores a porções cada vez maiores. Garrafas de refrigerante, hambúrgueres, pacotes de salgadinhos, caixas de cereais, entre outros produtos industrializados, têm aumentado de tamanho nas gôndolas desde a década de 1970.

O mesmo ocorreu com os restaurantes. “Antes a porção recomendada de batatas fritas por pessoa é de cerca de seis unidades (palito) por dia, hoje, a porção chega muitas vezes a 500g”, se espanta a especialista.

Os países em desenvolvimento, como o Brasil, não ficam de fora, pois representam os mercados mais promissores para as indústrias de refrigerantes, por exemplo.

Os governos também têm a sua parte de culpa. As políticas públicas teriam muito ainda a avançar. Os resultados das pesquisas feitas pela cientista também sugerem outras soluções, como fazer campanhas focadas nas crianças, que têm alto grau de influência sobre os pais.

A pesquisadora também coloca parte da responsabilidade nos próprios consumidores. Segundo ela, cada um teria que ter um compromisso com a sua saúde, não só procurando melhorar a qualidade e adequar a quantidade dos alimentos consumidos como também criar hábitos de fazer exercícios físicos.

Balão ou cirurgia bariátrica?

Balão Intragástrico
Método:
Endoscópico
Indicações: Índice de massa corpórea (IMC) entre 30 e 34,9 e obesidade grau 3 (IMC maior que 40) como preparatório para cirurgia bariátrica
Efeitos Colaterais:
Naúseas, vômitos e dores abdominais (por uma semana – em média)
Anestesia:
Não é necessária, apenas sedação
Tempo de internação: Não é necessária
Reversível?: Sim, podendo ser realizado mais de uma vez

Cirurgia bariátrica
Método:
Cirúrgico
Indicações: IMC superior a 40
Efeitos colaterais: Comprometimento da absorção de nutrientes em longo prazo, necessidade de reposição de vitaminas e proteínas, restrição alimentar por toda a vida, entre outros.
Anestesia: Geral
Tempo de internação: Média de 3 dias
Reversível? Não

Efeitos colaterais do balão
*Náuseas
*Vômitos
*Dor abdominal
*Gases e flatulência, obviamente causados pela inserção de um “corpo estranho” ,no organismo, mas que são facilmente manejados pelo médico e têm curta duração – geralmente de uma semana
*Medicações são prescritas aos portadores do balão com o objetivo de manter a acidez do estômago sempre controlada.

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