Poucas doenças são tão inimigas do tempo quanto o acidente vascular cerebral (AVC), conhecido popularmente como derrame cerebral.

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Cada minuto possui imenso valor no tratamento desta lesão que é, hoje, uma das principais causas de mortalidade no Brasil e no mundo.

É provável que este índice seja tão alto pelo mesmo motivo: o tempo e sua impiedosa passagem.

Para uma vítima do AVC, cada minuto perdido, sem atendimento especializado é, entre outros fatores, o medidor da intensidade com que as sequelas irão acometê-lo. Com efeito, esse é o principal divisor que o separa o paciente entre a vida e a morte.

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De acordo com alguns estudos brasileiros, a falta de informação e conscientização das pessoas sobre o AVC é massiva: 90% da população não sabe o que é, nem como agir diante de um possível evento dessa natureza.

Segundo Viviane Zétola, chefe do serviço de Neurologia do Hospital Santa Cruz, de Curitiba, para que esses números regridam é necessário orientar a população para reconhecer os sinais e sintomas da lesão.

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“Também é preciso disponibilizar rotas e caminhos alternativos a hospitais preparados para o atendimento desses graves casos”, acrescenta. Essa mobilização é muito importante, afinal, chegar prontamente a um centro especializado, significa um considerável aumento na expectativa de vida, diminuição das sequelas nos pacientes e, consequentemente, um menor número de pessoas com incapacidade física, comprometimento cognitivo e demências cerebrais.

Seis horas

A especialista explica que o acidente vascular cerebral caracteriza-se por uma lesão irreversível, causada pela interrupção do fluxo de sangue decorrente do entupimento ou rompimento de vasos sanguíneos cerebrais.

Independente do tipo de lesão e do tempo que se leva para tratá-la, o AVC provoca a morte dos neurônios e células cerebrais, que são responsáveis pelas funções motoras, sensitivas, de equilíbrio, de fala e de visão, entre outras.

“O que torna as sequelas mais graves ou leves é a extensão e a complexidade do bloqueio e, claro, o tempo para recuperar o fluxo sanguíneo”, esclarece a neurologista.

Dados recentes da Academia Americana de Neurologia revelam que a maioria das pessoas que sofre um AVC demora, em média, 12 horas para chegar ao hospital.

Para uma lesão como essa tal demora representa muitas perdas. No Brasil, apenas 30% dos pacientes são levados a um hospital em até seis horas após a ocorrência da lesão, o que inviabiliza que os neurologistas adotem as diretrizes de tratamento com trombolíticos (medicamentos que dissolvem os trombos ou coágulos). “Esses medicamentos só surtem efeito quando utilizados em até quatro horas e meia após o início dos sintomas”, alerta Viviane Zétola.

Estrutura hospitalar

É vital para o sucesso terapêutico e redução de sequelas, o atendimento imediato por uma equipe liderada por um especialista em neurologia. Além disso, a médica afirma ser importante o acesso a uma estrutura hospitalar que possibilite exames de imagem 24 horas, como tomografia computadorizada e ressonância magnética. Também deve possuir uma unidade de atendimento especializado, como UTI neurológica ou UTI vascular.

Apesar do caráter súbito da lesão, a boa notícia é que o AVC possui prevenção. “É importante as pessoas saberem que a maioria dos fatores de risco, que predispõem ao aparecimento da doença podem ser detectados, controlados e até evitados”, afirma a médica.

Dentre os distúrbios que precisam de controle estão a hipertensão arterial, diabetes, tabagismo, consumo de álcool e drogas, estresse e colesterol elevado, entre outros.

“A ocorrência de um infarto ou outros eventos transitórios, serve de alerta”, assegura a especialista. Caso eventos desse tipo ocorram a pessoa deve procurar o auxílio de um neurologista para que seja feita uma investigaç&atild,e;o o mais breve possível.

Entenda o AVC

O acidente vascular cerebral (AVC) decorre da insuficiência no fluxo sanguíneo em uma determinada área do cérebro. Essa falta ou restrição no fornecimento de sangue pode provocar &lesão ou morte celular, além de danos nas funções neurológicas.

Quando originado por obstrução de vasos sanguíneos é classificado como isquêmico, quando é resultado por uma ruptura do vaso, caracteriza-se como hemorrágico.

O isquêmico é responsável por 80% dos casos. Esse entupimento dos vasos cerebrais pode ocorrer devido a uma trombose (formação de placas em uma artéria principal do cérebro) ou embolia (quando uma placa de gordura segue pela rede sanguínea chegando aos vasos cerebrais).

O hemorrágico é o rompimento dos vasos sanguíneos que se dá, na maioria das vezes, no interior do cérebro. Como consequência há o aumento da pressão intracraniana, que pode agravar a lesão. É o subtipo mais grave e tem altos índices de mortalidade.

Sintomas mais frequentes

* Fraqueza ou dormência súbita na face, nos braços ou nas pernas, geralmente afetando apenas um dos lados do corpo
* Dificuldade súbita na fala
* Falta de compreensão nos diálogos
* Perdas momentâneas da visão
* Dificuldade em caminhar
* Perda súbita de equilíbrio ou de coordenação
* Dor de cabeça súbita, intensa e sem nenhuma causa aparente

Pacientes não procuram tratamento imediato porque…

* Não reconhecem os sintomas
* Pensam que os desconfortos são passageiros
* Não sabem que se trata de uma emergência
* Pensam que nada pode ajudá-lo
* Medo em confirmar o diagnóstico
* Medo da hospitalização