Quando o assunto é acidente vascular, estamos focalizando as duas principais causas de mortalidade que existem no mundo: o infarto no miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC).

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Conforme a neurologista Viviane Zétola, do Hospital Santa Cruz, ambas enfermidades têm em comum o entupimento arterial, que causa isquemia, ou seja, redução do fluxo sanguíneo. Dentre os principais fatores de risco para esses eventos estão os distúrbios que fazem parte da síndrome metabólica (diabetes, circunferência abdominal aumentada, hipertensão, baixo colesterol HDL e triglicerídeos aumentados).

Caso a “trombose” aconteça em uma das artérias do coração, se caracteriza o infarto do miocárdio, cujo sintoma mais comum é a dor no peito. “Do ponto de vista cerebral, o acidente vascular encefálico, conhecido pela população como derrame, nada mais é do que a ‘trombose’ em uma das artérias do cérebro”, esclarece.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), das quinze milhões de pessoas no mundo que sofrem de um AVC a cada ano, mais de cinco milhões morrem em decorrência da doença. Das 10 milhões que sobrevivem, a metade carregará para sempre graves sequelas físicas e mentais, com enorme impacto econômico, social e familiar.

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A presença da tecnologia

Nos últimos anos, a comunidade médica vai contando com um novo arsenal de equipamentos que possibilitam um melhor manejo das doenças do cérebro e do coração.

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O atendimento emergencial ganhou novas técnicas e medicamentos que combatem com agilidade esses eventos, incluindo o uso de trombolíticos (remédios destinados a dissolver o coágulo que fecha a artéria), técnicas de neuroimagem, de avaliação do fluxo sanguíneo, assim como o aprimoramento de técnicas de tratamento endovasculares e cirúrgicas.

Pensar em tecnologia implica em refletir sobre o tempo. É ela a protagonista das grandes viradas na história da humanidade, responsável pela mudança de hábitos da população, semeadora de guerras, evoluções e revoluções culturais. Não há forma de pensar no tempo sem pensar na tecnologia: o primeiro passa e não envelhece, a segunda envelhece, mas não passa – ao contrário – é rediscutida e reinventada, marcando e assinalando o tempo.

Atendimento agilizado

No caminho traçado, simultaneamente, entre eles, encontra-se a Medicina. Esta, ora se beneficia da tecnologia a fim de vencer a passagem do tempo, no tratamento de pacientes de alto risco, ora aguarda a ininterrupta caminhada dos ponteiros que, a cada volta completada, efetivam a atuação de remédios, amenizando dores, curando doenças.

No decorrer dos anos, novos equipamentos e estudos vêm favorecendo a área de Saúde e representam a evolução no tratamento de enfermidades. O Hospital Santa Cruz, em Curitiba, instituiu uma nova Unidade Vascular, que recebe e atende pacientes com doenças vasculares que acometem o cérebro e o coração.

O cardiologista Rubens Darwich, coordenador da Cardiologia do Hospital Santa Cruz, constata que a nova unidade agiliza o atendimento dessas doenças, em que o tempo é a chave para a melhor evolução do tratamento.

Diminuição de “fatalidades”

A Unidade Vascular do Hospital Santa Cruz reflete uma tendência mundial da Medicina em atuar fortemente no tratamento das doenças vasculares, a fim de diminuir a fatalidade ou prevenir ao máximo as suas complicações. “A nova unidade funciona 24 horas, com plantonistas qualificados nas áreas de neurologia e cardiologia, tendo como suporte o Centro de Exames e a Sala de Hemodinâmica do hospital, ambos funcionando a qualquer hora do dia e da noite.

“Essa estrutura hospitalar, aliada a uma equipe de enfermagem capacitada, garante a eficiência na corrida contra o tempo e a eficácia do tratamento desses casos”, completa o cardiologista.

De acordo com a neurologista Viviane Zétola, embora o conceito da cardiologia 24 horas já esteja bem difundido, o atendimento com neurologista de plantão a qualquer hora do dia é uma excelente novidade. “Esse serviço, ainda é inacessível, mesmo em grandes capitais”, reconhece.

Para Darwich, o esclarecimento de informações à população, sobre como prevenir doenças e adotar medidas para uma vida saudável, o maior acesso à saúde e o avanço da tecnologia levam a medicina a um novo patamar.

“Estas melhorias auxiliam na diminuição do número de fatalidades e, é possível que daqui a alguns anos, o número de mortes por AVC e infarto seja bem mais reduzido”, completa o cardiologista.

Corrida contra o tempo

Infarto – O que uma pessoa leiga pode identificar como uma dor de estômago, falta de ar, um desconforto nos braços ou um distúrbio de menor gravidade pode ser diagnosticado por um especialista como sendo uma doença grave, principalmente uma doença cardíaca.

Todos esses sintomas, muitas vezes, confundidos com um mal-estar provocado por um alimento que não caiu bem ou por excesso de esforço podem, na verdade, mascarar sinais do início de um infarto do coração, por exemplo.

Diagnosticá-los precocemente é fundamental para se estabelecer os primeiros cuidados e tentar reverter algum quadro clínico. Ao sentir os primeiros sinais, o paciente deve, em primeiro lugar, correr contra o relógio, procurando um atendimento imediato, pois a área do músculo morta cresce rapidamente com o passar do tempo. O ideal é que o paciente seja levado sem demora a um hospital que tenha um pronto atendimento.

AVC – Muitos sintomas, como dor de cabeça muito forte, sobretudo se acompanhada de vômitos, fraqueza ou dormência no corpo, geralmente afetando um dos lados do corpo, paralisia (dificuldade ou incapacidade de movimentação), perda súbita da fala ou dificuldade para se comunicar, perda da visão ou dificuldade para enxergar com um ou ambos os olhos são frequentes nos casos de AVC.

Os ataques isquêmicos podem manifestar-se com alterações na memória e da capacidade de planejar as atividades diárias. Aos sintomas do acidente hemorrágico podem-se acrescer náuseas, vômito, confusão mental e, até mesmo, perda de consciência.

Muitas vezes, tais acontecimentos são acompanhados por sonolência, alterações nos batimentos cardíacos e na freqüência respiratória e, eventualmente, convulsões.

Números que servem de alerta

* 70% dos que sobrevivem a um AVC não retornam ao trabalho

* 50% morrem no primeiro ano após o acidente

* 30% necessitam de auxílio para caminhar

* 20% ficam com sequelas graves e incapacitantes