Pesquisa mostra que gravidez |
Rio – O aumento da gravidez na adolescência faz diminuir a cada ano a idade média das mães de primeira viagem no País, mas um novo fenômeno tem sido observado: o crescimento significativo das mulheres que têm o primeiro filho depois dos 40 anos.
Na década de 90 cresceu 30% o número de parturientes com idade entre 40 e 44 anos. Na faixa etária de 45 a 49 anos, o aumento foi de 9,7%. Ao contrário das mães jovens demais, as mais maduras têm renda e escolaridade altas, aponta pesquisa divulgada ontem pelo IBGE. Também é mais alta a proporção de mães mais velhas que vivem ou já viveram com companheiros. A pesquisa traz o perfil socioeconômico de mães que tiveram o primeiro filho em dois grupos etários distintos: precocemente e muito jovens (de 10 a 19 anos de idade) e em idades relativamente avançadas (entre 40 e 49 anos), próximas do término do período fértil. No Brasil, em 1991, 32,5% dos primeiros nascimentos estavam concentrados nas mães com idade entre 10 e 19 anos. Já em 2000, esta concentração superou os 38%.
No Brasil, a idade média das mulheres que foram mães pela primeira vez reduziu-se de 22 anos, em 1991, para 21,6 anos, em 2000. A pesquisa investigou as mulheres, por grupos de idade, que foram mães pela primeira vez no período de referência de 12 meses anteriores às datas dos Censos Demográficos de 1991 e de 2000. A estabilidade financeira e a maturidade são alguns fatores que estimulam as mulheres mais velhas a experimentar a maternidade. As informações do Censo 2000 indicam que mais de um quarto (25,7%) das mães iniciantes com idade entre 40 e 49 anos vive em famílias com renda mensal de mais de dez salários mínimos (R$ 3 mil, em números atualizados).
Entre as mães extremamente jovens, de 10 a 14 anos, esta proporção é de apenas 1,6%. Entre aquelas que têm entre 15 e 19 anos são 2,9%.
Entre as mães iniciantes de todas as idades, prevalecem as que vivem em famílias pobres: 46,7% têm renda mensal familiar de no máximo três salários mínimos (R$ 900). Existem ainda 15,2% que não declararam qualquer rendimento da família, no Censo 2000.
Apenas uma em cada dez mães de primeira viagem tem renda familiar mais alta do que 10 salários mínimos mensais. Os dados de escolaridade são um pouco melhores, com 51,2% das mães de todas as idades com o ensino fundamental concluído. Mas existem ainda 13,4% delas que não foram à escola ou não chegaram sequer ao terceiro ano.
Faixa etária de maior incidência de mães de primeira viagem é de 15 a 19 anos
Rio – No ano 2000, 9.063 mulheres de 40 a 49 anos tiveram o primeiro filho. É menos da metade das crianças e adolescentes de 10 a 14 anos que foram mães pela primeira vez, no mesmo ano, 20.632. A faixa etária com o maior número de mães de primeira viagem é de 15 a 19 anos – 476.871 jovens, confirmando, como diz o demógrafo Juarez de Castro Oliveira, que ?a maternidade está ficando cada vez mais precoce?. Juarez Oliveira é demógrafo e autor da pesquisa intitulada ?Perfil Socioeconômico da Maternidade nos Extremos do Período Reprodutivo?.
?Acredito que muitas adolescentes têm filhos porque querem, porque não têm muitas opções na vida e acham que ter filho vai significar uma ruptura. Mas a realização da mulher não é só ser mãe?, diz a professora universitária de pedagogia Morgana Silva Rezende, que em fevereiro teve o primeiro filho, Paulo Henrique, aos 41 anos. O marido de Morgana, Paulo Roberto, 20 anos mais velho, já tem filhos adultos. Com o bebê, diz ela, Paulo ?deu uma virada, uma revigorada na vida?. Morgana fez questão de fazer os mais modernos exames para acompanhar a saúde do bebê. ?Se por um lado as mães muito jovens não têm o corpo preparado para uma gravidez, as mães de mais de 40 anos sabem que são biologicamente mais velhas. São dois extremos. Tive todos os cuidados na minha gravidez?, conta a orgulhosa mãe de Paulo Henrique.
?É preciso ter maturidade para segurar o tranco de uma gravidez aos 40 anos. Por outro lado, sinto que a mãe mais velha tem mais suporte, mais tranqüilidade, por exemplo, para passar uma noite em claro sem estresse?, diz Morgana, que não tem babá e cuida do bebê com o marido. Não só por causa da idade, mas também pelo maior poder aquisitivo, as mães maduras são mais instruídas do que as jovens. Seis em cada dez mães estreantes que já passaram dos 40 têm pelo menos o ensino fundamental concluído. No caso das moças entre 15 e 19 anos, esta proporção cai à metade, com três em cada dez. Há uma ampla maioria de brancas entre as mães mais velhas, enquanto no caso das mais jovens, embora prevaleçam as brancas, há uma alta proporção de pardas.