A fragilidade é tradicionalmente considerada uma marca do sexo feminino e são justamente as mulheres as mais frágeis quando o assunto é dor.
Especialistas explicam que o organismo feminino é mais suscetível para senti-las, além disso, as mulheres têm dores mais frequentes, mais intensas e de duração mais longa que os homens, sem mencionar que há dores exclusivas do sexo feminino, por isso, não é exagero dizer que “ser mulher dói”.
Influências culturais, comportamentais, hormonais e neurológicas explicam o porquê da vulnerabilidade feminina.
Não importa se é esporádica ou crônica, a dor atrapalha a vida de todo mundo, diminui o rendimento do trabalho, atrapalha o convívio social e o bom humor de qualquer uma.
Os médicos ressaltam ainda que a dor além de ser uma manifestação física é também emocional e se expressa de forma diferente para cada pessoa. Algumas são tão impactantes que passam, realmente, a comprometer a qualidade de vida.
Cefaléia, a vilã
Disparada, a dor de cabeça é a maior vilã. Estima-se que 76% das mulheres tenham pelo menos um episódio registrado por mês e que 99% das mulheres sofrerão de dor de cabeça ao longo da vida.
Pesquisa realizada pela Wyeth Consumer Healthcare identificou que 85% das brasileiras, entre 20 e 65 anos de idade, se queixam de sentir dores de cabeça esporadicamente.
O neurologista Deusvenir de Souza Carvalho diz que as cefaléias são extremamente comuns, porém, é um dos males mais difíceis de definir. “As possíveis causas são tão variadas que, muitas vezes, fica difícil determinar com exatidão qual o mecanismo que está levando um paciente a sentir aquela dor de cabeça”, reconhece.
O especialista ressalta que dor de cabeça é assunto sério e assim deve ser tratada, notadamente aquelas que são mais frequentes e intensas, podendo ser exaustivas e afetar o dia a dia da mulher.
O médico explica, porém, que é importante diferenciar a dor esporádica – que pode ser aliviada com um analgésico – de uma dor constante, como a enxaqueca, por exemplo, que precisa de uma avaliação e tratamento mais minucioso.
“Para cada uma, é preciso dedicar um tratamento diferente”, observa Carvalho. O especialista faz um parêntesis para diferenciar a dor do tipo tensional – o tipo mais comum – da enxaqueca, que pede especial atenção da mulher que sofre com seus sintomas.
A dor de cabeça do tipo tensional é o tipo mais comum que existe. Geralmente é desencadeada pelo estresse ou cansaço. Ela acomete de 65% a 87% das pessoas, sendo mais comum em mulheres, entre 20 e 50 anos de idade.
A dor é contínua, pode durar até uma semana, tem intensidade de leve a moderada e, apesar de incomodar bastante, não impede as atividades rotineiras. Fatores, como estresse, excesso de trabalho e esforço muscular podem agravá-la. A dor pode ser aliviada de forma rápida com o uso de analgésicos. Outras opções são os exercícios de relaxamento e fisioterapia.
Influência hormonal
As crises podem ser desencadeadas pelo estresse, menstruação, determinados alimentos, álcool, mudanças de tempo, luz e odores.
Movimentos como balançar e abaixar a cabeça repentinamente e esforços físicos podem agravar as dores.
É comum a pessoa com enxaqueca sentir dor pulsátil e ficar incapacitada para atividades de rotina e também sentir náusea, às vezes vômitos, maior sensibilidade à luz, ruídos e/ou cheiros.
Há uma grande influência hormonal para o agravamento da enxaqueca. Durante a menstruação acontece a diminuição dos níveis sanguíneos de estradiol, que apresenta um pico durante a ovulação.
O ,resultado da dança hormonal: 70% das mulheres referem piora da enxaqueca relacionada ao ciclo menstrual, 60% das mulheres apresentam alívio da enxaqueca durante a gravidez, entretanto, 40% das mulheres referem o seu primeiro episódio de enxaqueca durante a gravidez ou logo após o parto.
Muitas mulheres relataram piora da enxaqueca no período próximo à menopausa, sendo que em 70% das mulheres, a ocorrência da enxaqueca é muito pequena pós-menopausa. A paciente portadora de enxaqueca deve procurar a orientação de um médico especialista para avaliar o melhor tratamento e prevenção das crises.
Dores musculares
Pegar pesado na academia para perder uns quilinhos ou ganhar massa pode, as vezes, não ser uma boa idéia para as mulheres. Isso porque, a atividade física em excesso é a principal causa de dores musculares. Quando a dor é aguda os reflexos são imediatos.
“A escolha da modalidade a ser praticada deverá estar adequada ao nível de condicionamento físico e os professores é que devem fazer essa indicação”, avalia Marynês Pereira, professora de Educação Física
Nos casos crônicos, a dor pode durar até 48 horas, acompanhada de pontadas, rigidez e câimbras, comprometendo a prática esportiva e podendo levar até a incapacidade.
As causas podem ser: ruptura das fibras musculares, lesão dos músculos durante a contração ou alterações de pH, dos níveis dos fosfatos de alta energia, do equilíbrio iônico, etc.
Para evitar a dor, recomenda-se a realização de um alongamento antes da atividade física, bem como orientação de um profissional, que irá indicar uma progressão gradual na intensidade do exercício físico. O uso de analgésicos pode ser benéfico para o alívio rápido da dor, porém, se a dor foi muito intensa e insuportável, é aconselhável obter uma orientação médica.
As dores mais frequentes
Pesquisa realizada pela Wyeth Consumer Healthcare com 1600 pessoas, entre 20 a 65 anos, em nove cidades brasileiras, apontou as dores mais comuns nas mulheres:
* Dor de cabeça (86,9%)
* Dor nas costas e coluna (17,5%)
* Dor muscular (17%)
* Cólicas menstruais (16%)
* Dores em geral (12%)
* Enxaqueca (7%)
* Dores relacionadas a resfriados (5%)
* Dor/inflamação nas juntas (3%)
* Dor de dente (3%)
A dor ao longo da vida
Dos 14 aos 20 anos
* Dismenorréia primária (cólica menstrual) – comum logo no início da menstruação
* Dismenorréia secundária (cólica menstrual) – mais comum dois anos após a primeira menstruação
Dos 20 aos 30 anos
* Enxaqueca
* Dor de cabeça do tipo tensional
* Síndrome do intestino irritável
40 anos ou mais
* Dor de cabeça do tipo tensional (até os 50 anos mais ou menos)
* Osteoporose