Apresentada nova técnica de combate a hiper-hidrose

A hiper-hidrose, mais conhecida como suor excessivo, atinge 1% da população. A doença não é grave, mas traz um desconforto tão grande que as pessoas costumam deixar de lado a vida social. Ontem, em Curitiba, durante o 1.º Simpósio de Tratamento Cirúrgico da Hiper-Hidrose, foi apresentada uma técnica inédita no País. Ela elimina o problema através de videolaparoscopia (cirurgia através do video). O Sistema Único de Saúde cobre este tipo de procedimento.

Lavar o cabelos três vezes por dia, não poder fazer exercícios, evitar sair de casa no verão, ir a restaurantes e ter que ficar perto da janela. Essas são situações que atrapalham a vida de pessoas acometidas pela hiper-hidrose. Segundo o médico especialista em cirurgia torácica, Paulo Boscardim, o problema precisa ser tratado, pois acaba influenciando na auto-estima das pessoas.

Ele explica que o suor excessivo ocorre porque o sistema nervoso simpático estimula em demasia as glândulas sudoríparas. Mas a cirurgia só é indicada nos casos de hiper-hidrose primária, que não é conseqüência de doenças como obesidade, hipertiroidismo, menopausa e distúrbios psiquiátricos. “Nesses casos, o tratamento da doença já basta para resolver o problema”, explica Boscardim.

O médico diz que hoje em dia vale a pena fazer a cirurgia pela sua simplicidade. Antigamente o procedimento era mais invasivo, uma vez que fazia cortes maiores. Hoje é feita através de vídeo. Na simpatectomia torácica são feitas duas incisões de aproximadamente 5 milímetros na região axilar. No local, é introduzido uma ótica que transmite as imagens ampliadas a um monitor de vídeo. Deste modo é possível fazer a secção no local certo do nervo que estimula o suor. O paciente fica em média apenas um dia internado.

Esse procedimento combate o suor excessivo nas mãos, axilas e crânio-facial. Ele também diminui em até 40% o suor nos pés. Mas caso o suor nos pés continue causando transtornos para o paciente, pode ser feita a simpatectomia lombar. A equipe do médico Marcelo Loureiro é a única do País a realizar essa cirurgia através da videolaparoscopia. A vantagem da técnica é que é feita via extraperitonial, ou seja, o aparelho é introduzido entre os músculos e a pele que cobre os órgãos do abdome (peritônio). Assim, a cirurgia se concentra no local onde o nervo vai ser cortado. Os resultados se aproximam de 100% de sucesso.

As duas cirurgias não provocam qualquer efeito colateral. No entanto, em alguns casos a pessoa pode começar a suar em outras partes do corpo como costas e abdome. Mesmo assim, há uma redução significativa do suor.

Ajuda

Silvia Pilk, 31 anos, procurou ajuda porque enfrentava problemas com a profissão. Ela é desenhista industrial e estuda odontologia. Nas duas atividades usa as mãos como ferramenta de trabalho. “O suor excessivo prejudica meu trabalho. Minhas mãos ficavam constantemente molhadas e precisava levar uma toalha para secá-las”, conta. Fora do trabalho era a vida social que ficava prejudicada. “As pessoas me cumprimentavam e depois secavam as mãos. Esse tipo de situação acaba mexendo com o psicológico das pessoas”, fala.

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