O pesquisador paranaense Elzo Ferreira anunciou ontem, em Curitiba, a descoberta da cura para a asma, fruto de um projeto que está sendo desenvolvido com cinco instituições de pesquisa públicas e privadas do Brasil. A cura viria do extrato de uma planta em extinção no Brasil. Por questões de segurança, pois já existem interesses da indústria farmacêutica sobre o produto, o pesquisador não divulgou o nome da planta nem das instituições que estão trabalhando no projeto. Ferreira acredita que o medicamento estará no mercado daqui a um ano.
Os estudos começaram em 1997 e, após testes em animais, foi verificado que o extrato não apresentava toxicidade, colesterol e letalidade. A droga inibiu a asma em 80,6% das cobaias. A pesquisa, então, foi ampliada para os testes em seres humanos, com resultados melhores ainda. Cerca de 1,6 mil voluntários de todo o mundo, que ficaram sabendo dos resultados iniciais, usaram o extrato da planta.
Essas pessoas deixaram de ter crises respiratórias a partir do terceiro dia de tratamento, dispensando o uso das bombinhas, corticóides e outros medicamentos. Não foi mais necessário ir ao médico depois de 40 a 60 dias de medicação. Alguns profissionais, diante da melhora de seus pacientes, deixaram de receitar o tratamento convencional.
Ferreira explica que a asma é causada, na maior parte dos casos, pelas proteínas presentes nas fezes dos ácaros. Quando as proteínas chegam nas vias respiratórias, um muco é formado para tentar expelir o “inimigo”, causando inchaço nos músculos da região, e estreitando a passagem do ar. “O extrato tem atividades antibióticas e analgésicas. Eliminou essa proteína e atuou no inchaço dos músculos. Os voluntários, depois que usaram a nova droga, não apresentaram mais sinais de asma”, comenta. O extrato da planta possui os testes científicos necessários, mas faltam os estudos clínicos para que a pesquisa seja publicada em revistas especializadas, referendando a descoberta. O projeto tem duas patentes internacionais e foi apresentado em congressos na Europa.
Segundo Ferreira, laboratórios farmacêuticos sinalizaram interesse na fabricação do extrato. O produto deverá estar no mercado em forma de comprimidos, para adultos, e suspensão (xarope), para uso pediátrico. Embora a planta usada na pesquisa esteja em processo de extinção no Brasil, existe matéria-prima abundante em outras partes do mundo, principalmente na América Central e nos Estados Unidos. Ferreira deu apenas uma dica: essa planta já teve grande importância na economia do Paraná.
Para o pesquisador, a descoberta é um marco científico mundial, por existir uma enorme preocupação com os problemas respiratórios. Por causa deles, mais de 1,7 milhão de pessoas morreram no mundo, em 2002, segundo Ferreira. “O problema respiratório é muito grave e envolve toda a família do doente, que fica prisioneiro de uma enfermidade. As crises são desesperadoras”, avalia. A descoberta também será divulgada em Miami, nos Estados Unidos, no início do ano que vem.