Os analgésicos, antinflamatórios e antibióticos são as classes de medicamentos mais prescritos no mundo. ?Devemos lembrar que todo medicamento possui dosagem e formulações específicas que devem ser respeitadas, por isso a dose e o intervalo de administração precisam ser conhecidos e obedecidos para evitar riscos ao paciente?, afirma a infectologista Thais Guimarães, coordenadora de divulgação da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Como se não bastasse, o abuso na automedicação, a especialista conta que é comum encontrar pessoas que ingerem dose dobrada de uma medicação esperando obter efeito mais rápido, fato que, geralmente, não acontece e ainda ajuda a piorar o quadro do paciente.
A pescrição do antibiótico pelo médico só deve efetivada quando o diagnóstico de uma infecção é confirmado ou suspeito, seja por meio de exame clínico, laboratorial ou investigação epidemiológica. Ao buscar a automedicação, o paciente faz com que o uso do medicamento leve a uma resistência por parte das bactérias, ou seja, elas podem se tornar resistentes aos antibióticos prescritos, fazendo com que a infecção não seja tratada. Hoje em dia, as infecções causadas por bactérias resistentes são cada vez mais freqüentes não somente nos hospitais, mas também no ambiente domiciliar.
Antibioticoterapia
Segundo o presidente da SBI, Juvencio Furtado, a capacidade dos microorganismos, em especial das bactérias se tornarem resistentes aos diversos antimicrobianos é reconhecida há décadas. O tema tem sido amplamente abordado em diversas publicações, pois apresenta grande impacto na morbidade, mortalidade e nos custos associados à saúde. ?A auto-medicação de antibióticos, que são vendidos em farmácias sem receita médica é uma das principais causas do cenário atual de infecções resistentes?, enfatiza o presidente. A recomendação da SBI é de que, ao sinal de sintomas de qualquer tipo de infecção, o paciente deve procurar o médico, pois só ele pode dar a orientação correta quanto ao tipo e ao tempo de uso deste medicamento.
De acordo com o grau de risco
Os medicamentos são classificados conforme o grau de risco que o uso pode oferecer à saúde do paciente. Conheça o significado da tarja dos medicamentos.
Medicamento não tarjado – Venda livre. São medicamentos com poucos efeitos colaterais ou contra-indicações, desde que usados corretamente e sem abusos.
Medicamento tarja vermelha (sem retenção da receita) – Medicamentos vendidos mediante a apresentação da receita médica. Têm contra-indicações e podem provocar efeitos colaterais graves.
Medicamento tarja vermelha (com retenção da receita) – São os medicamentos que necessitam retenção da receita, conhecidos como (psicotrópicos). Só podem ser vendidos com receituário especial de cor branca.
Medicamento tarja preta – São os medicamentos que exercem ação sedativa ou que ativam o sistema nervoso central, portanto também fazem parte dos chamados psicotrópicos.
Só podem ser vendidos com receituário especial de cor azul.
Uma luta inglória
“O uso indiscriminado de qualquer medicamento sem a indicação correta é muito perigoso, pois todo medicamento possui efeitos colaterais”, explica o pediatra Luiz Ernesto Pujol, considerando que a utilização irracional dos antibióticos é ainda pior. Outro costume prejudicial, segundo o médico, é a insistência que muitos pais têm de repetir alguma receita ou ministrar um medicamento que “deu certo” para algum conhecido ou parente.
“Não existe a necessidade, por exemplo, de se receitar antibióticos para tratar resfriados simples, nem para a maioria das infecções de garganta ou bronquite”, afirma o especialista. De acordo com o médico, essas infecções são virais e autolimitadas (evoluem e melhoram sem medicação).
O mesmo acontece com as infecções intestinais, que, na sua maioria, não necessitam da prescrição de antibióticos.
Os cientistas alertam que “a guerra contra as bactérias está longe de se encerrar”.
O ponto mais preocupante é que a proliferação de microorganismos resistentes aos antibióticos tem ocorrido em velocidade e freqüência muito superiores ao ritmo de produção de novos medicamentos. Isso quer dizer que, tão logo surja um novo antibiótico, os microorganismos começam a desenvolver resistência a ele.