Estudos científicos revelam que a recuperação de uma cirurgia, cardíaca ou não, não é inteiramente determinada por procedimentos físicos e tratamento médico, mas também por fatores sociais e psicológicos. O professor Adib Jatene, por exemplo, afirmou que o que mata o paciente coronariano não é trabalhar muito, mas a raiva. Dean Ornish, da Universidade da Califórnia em São Francisco, em seu livro ‘Amor e Sobrevivência’ mostrou que o que motiva nossas atitudes é o mais importante para explicar a saúde ou a doença, e também a doença cardíaca.

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Portanto, fatores psicosociais, especialmente a ansiedade e a depressão, têm importante papel na recuperação de um pós-operatório de cirurgia cardíaca (cirurgia de revascularização coronária e de válvula).

Devido aos avanços das técnicas cirúrgicas cardíacas, a mortalidade tem diminuído bastante. Apesar disto, alguns pacientes apresentam pobre recuperação e freqüentes internações hospitalares após a cirurgia. Vários têm depressão após cirurgia de válvula cardíaca. Alguns estudos mostraram uma relação entre fobia e falha cardíaca também.

Um estudo foi feito na Europa Oriental aonde há maior risco de mortalidade e adoecimento de doenças cardíacas ainda não plenamente explicadas por fatores médicos e comportamentais. (‘Anxiety Predicts Mortality and Morbidity After Coronary Artery and Valve Surgery: A 4-Year Follow-up Study’, Psychomatic Medicine 69:625-631, vol.69, number 7, September 2007). Este estudo analisou 197 pacientes que procuraram o Instituto Gottsegen de Cardiologia da Hungria entre Julho de 2000 e Maio de 2001 para cirurgia de ponte coronária e de válvula cardíaca. Os pacientes, além dos exames médicos de rotina, foram avaliados com questionários que mediam fatores psicosociais variados e respondidos 6, 12, 24, 36 e 48 meses após a cirurgia. No final da pesquisa, 82% dos pacientes responderam aos questionários pelo correio ou por telefone. Destes, 42% apresentavam importante nível de ansiedade com sintomas clínicos. Quanto à depressão, houve melhora somente no primeiro ano após a cirurgia, voltando a piorar após e mantendo-se num mesmo nível até o fim da pesquisa no 4º ano.

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Nos 4 anos da pesquisa, 26,2% dos pacientes foram hospitalizados pelo menos uma vez; 18,8% duas vezes e 11.5% três ou mais vezes. Arritmia, infarto do miocárdio, angina e insuficiência cardíaca congestiva foram as principais razões pelas hospitalizações.

O estudo mostrou uma relação entre ansiedade e aumento da mortalidade e adoecimento por problemas cardíacos. Parece haver uma relação direta entre ‘ansiedade traço’ (ansiedade como característica pessoal, diferente da ‘ansiedade estado’ que é alta mas temporária.) na mortalidade dos pacientes pós-cirurgia cardíaca.

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Ainda que os pacientes estudados nesta pesquisa apresentassem importantes níveis de ansiedade e depressão, somente a primeira esteve associada com o aumento da mortalidade e adoecimento. Pacientes com ansiedade traço tiveram mais internações devido à sintomas como arritmia, insuficiência cardíaca congestiva e enfarte do miocárdio durante os quatro anos da pesquisa.

Estes problemas ocorrem porque a ansiedade e depressão influenciam fatores como a desregulação do eixo pituitária-adrenal, hiperatividade do eixo sistema nervoso simpático-adrenal, alterações na atividade do sistema nervoso autônomo e na atividade dos receptores plaquetários e mudanças imunológicas, entre outros.

O medo produz reações no corpo visíveis, como suor intenso, perda de apetite, taquicardia, aumento da pressão arterial, tensão muscular, dilatação da pupila, aumento da freqüência respiratória, e também piora de problemas cardíacos já existentes.

Este estudo na Hungria é importante porque naquele país o escore para ansiedade na população atinge 42.6 comparados com o dos Estados Unidos que atinge 20. Na Europa Oriental tem sido encontrado ,um índice maior de morte prematura de homens jovens e de meia idade. E os fatores de risco como o tabagismo, álcool e dieta ruim somente explicam parcialmente porque na Europa Ocidental os resultados são diferentes quanto à mortalidade de homens jovens que têm dieta, consumo de álcool e tabagismo mais ou menos semelhantes. Daí é que cientistas apontam como prováveis causas deste aumento maior de morte e adoecimento naquela região a presença de muita ansiedade, depressão e estresse social de alguma forma pior do que no lado Ocidental.

Sören Kiergaard, filósofo dinamarquês disse que aquele que aprendeu a lidar corretamente com sua angústia (ansiedade), aprendeu o mais importante. E Jesus Cristo disse que não precisamos andar ansiosos, mas buscar em primeiro lugar o reino de Deus pois o que precisamos realmente para a vida, será acrescentado. Não deixe a ansiedade e a depressão tomar conta de você. Faça escolhas saudáveis no seu viver, incluindo a vida emocional. Seja compassivo, evite ser agressivo em palavras, controle seu temperamento, peça a Deus mansidão de coração, peça perdão e perdoe, faça reparações às pessoas que você feriu, seja humilde, abandone a postura de prepotência, entenda que as pessoas são mais importantes que as coisas. Tudo isto ajuda a evitar e prevenir doenças cardíacas e outras.