O tipógrafo Tadeu dos Santos Rodrigues, de 55 anos, morador de Espigão Alto do Iguaçu, na região de Guarapuava, iniciou uma vida nova no dia 27 de agosto. Ele se submeteu ao primeiro transplante cardíaco realizado pelo Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, Região Metropolitana de Curitiba.
Desde o fim do ano passado, a instituição conseguiu junto ao Ministério da Saúde a autorização para executar esse tipo de cirurgia. O mais interessante para a população é que a maioria dos procedimentos no Angelina Caron será feita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Tadeu Rodrigues contou que seu coração estava funcionando em apenas 20% da capacidade. Por isso sentia muita falta de ar, não conseguindo dormir direito. O sofrimento do tipógrafo já durava um ano e meio. A única solução era a cirurgia. Hoje, ele se recupera bem. Agradecido ao corpo médico do hospital, o paciente contou como foi a cirurgia. “Foi o melhor sorriso da minha vida. Quando eu acordei, olhei para o doutor e perguntei se ele ia começar logo a operação. Aí ele me disse que já havia acabado e que eu já estava com o novo coração”, contou o transplantado. Ele disse que agora vai começar a fazer tudo o que não podia. “Vou ter uma vida nova. Antes, não conseguia levantar nem três quilos”, lembrou.
Transplantes
O setor de cirurgia cardíaca do hospital é formado pelos cirurgiões José Luiz Verde (chefe-geral do setor de cirurgia), Celso Soares Nascimento, Yukio Suzuki e Vinícius Woitowicz (coordenador da área de transplante cardíaco). Além de Tadeu, Elvira Fonseca Farias, também já foi transplantada no Angelina Caron este ano.
Vinícius Woitowicz contou que desde janeiro de 2001, quando retornou de uma especialização nos Estados Unidos, o hospital lutava para conseguir a autorização do ministério para fazer os transplantes cardíacos.
Contando com um corpo médico qualificado, além de uma grande infra-estrutura, com Unidade de Terapia Intensiva (UTI) exclusiva para transplantados, o hospital foi aprovado. Hoje, as pessoas que necessitam de transplantes devem procurar o hospital e se comprovada a necessidade, participarão de uma fila única feita pela Central de Transplantes de Curitiba.
Problemas
Woitowicz explicou que os dois maiores problemas num transplante cardíaco são a falta de doadores e o escasso tempo que existe entre a retirada do coração de um corpo e sua colocação no paciente. “O coração é retirado do doador quando este já apresenta morte cerebral. Então, só temos seis horas para colocarmos no transplantado. Por isso não há cirurgias com hora marcada. Elas podem acontecer a qualquer momento do dia e nós temos que estar preparados”, relatou.
O cirurgião cardiovascular destacou que um transplante de coração dura em média quatro horas. É um tempo considerado razoável. “Normalmente, depois de um transplante, o paciente recebe alta em dez ou quinze dias. Depois disso, é importante um acompanhamento periódico, principalmente nos primeiros seis meses”, explicou o cirurgião cardiovascular.