América do Sul pode ter política conjunta contra a aids

Coordenadores dos programas de aids do Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai aprovam hoje um documento propondo uma política conjunta para o enfrentamento da doença nos municípios de fronteira. Eles estão reunidos em Foz do Iguaçu para debater as principais causas do aumento das transmissões do HIV nas regiões limítrofes, onde o aumento da epidemia foi superior a 96% nos últimos anos, chegando a uma média de 600% em municípios como Cáceres, Uruguaiana, Chapecó e Cascavel.

Os casos de aids notificados nos seis países chegam a 730 mil, dos quais o Brasil responde por 310 mil. Desses, 4.448 casos foram registrados nas principais cidades das fronteiras Sul e Oeste, das quais Foz do Iguaçu, na divisa com a Argentina e o Paraguai, responde pela maioria: 576 casos. Em seguida vem Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, com 435 casos.

O aumento dos casos de aids nas fronteiras se explica por vários fatores. O principal deles é que as divisas são apenas geográficas, pois muitas cidades não passam de uma rua dividindo duas nações. As pessoas transitam livremente de um país a outro, usando, inclusive, serviços de saúde do vizinho. Além disso, há tráfico intenso de drogas, prostituição e transporte de cargas nas fronteiras, contribuindo para o aumento das transmissões por via sexual e por uso de drogas injetáveis. A maioria dos casos ocorre em homens jovens heterossexuais, mas em municípios como Corumbá, Ponta Porá, Rio Grande, São Borja e Uruguaiana, as transmissões entre usuários de drogas já representam 25% das notificações.

Entre as mulheres, a principal categoria de exposição ao HIV também são as relações sexuais (86%), mas já há registro de 12,6% de transmissão por uso de drogas injetáveis e de 1,6% por transfusão de sangue. Um outro aspecto relevante são os casos de crianças nascendo com o HIV por falta de assistência no pré-natal. Uruguaiana já responde por 57% da Aids perinatal nas fronteiras do Brasil.

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