“Mais saudáveis, resistentes e baratos”. Esse é o slogan de todos os produtores que trabalham com a agricultura orgânica. Os alimentos orgânicos (hortaliças, frutas, legumes) ainda estão em desvantagem no consumo nacional, mas crescem a cada ano, com a promessa de em breve mudar esse panorama.

Dados da Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) confirmam que cerca de 4 mil pessoas já trabalham com a agricultura orgânica no Paraná. Apesar de ainda ser um número pequeno, os produtores estão crescendo a cada safra. Isso significa um pouco mais que 1% do total de propriedades do Paraná, que somam 370 mil. Em 96/97, o número era de apenas 430 produtores. A produção orgânica deu o maior salto. Em 96/97, a produção se resumia a 4,5 mil toneladas. Na safra do ano passado, o aumento foi de 1.200%, chegando a uma safra de 68 mil toneladas.

Eniberto Hamerschimdt, coordenador de agricultura orgânica da Emater, afirma que o consumo desses produtos está crescendo de uma forma constante e deve aumentar ainda mais. “Por ser um produto mais puro, isso chama a atenção dos consumidores. Aumentou em pelo menos 50% nos últimos dois anos”, diz.

Uma das vantagens apresentadas por esses produtos se refere ao cultivo, que é realizado sem o uso de agrotóxicos, adubos químicos e agentes biológicos, comum no cultivo dos produtos convencionais. Outro ponto em favor dos orgânicos é que eles são ricos em sais minerais e se conservam por mais tempo, além de não causar danos ao solo onde é cultivado, preservando o meio ambiente. Eniberto também destaca que os trabalhadores não correm o risco de contaminação por estarem em contato com os agrotóxicos diariamente. “Isso tudo conta em favor dos alimentos orgânicos. Uma pesquisa realizada em São Paulo, no final do ano passado, confirmou que 95% das pessoas entrevistadas sabiam da existência desses produtos. Aos poucos estamos evoluindo”, completa. A agricultura orgânica utiliza adubos biofertilizantes com fosfato natural; cinza de madeira, rica em potássio e calcário, favorecendo o plantio, sem afetar o meio ambiente.

Do volume total de produção orgânica do Estado no ano passado (68 mil toneladas), 20 mil são de soja. Noventa e oito por cento de toda a produção é exportada para Alemanha, Estados Unidos e Japão. Cinquenta por cento da safra de açúcar mascavo orgânico também é exportado.

Preço

Além de todos os benefícios, a produção orgânica também influencia o bolso dos produtores. De acordo com a Emater, os agricultores ganham entre 30% a 50% mais do que os produtores convencionais. “O que torna os produtos caros realmente são os canais de intermediação, como os mercados. Nesses locais, os alimentos orgânicos chegam a custar 300% mais caro do que os convencionais”, alerta o coordenador da Emater.

A alternativa para os consumidores é procurar as feiras que são realizadas semanalmente na cidade. Em Curitiba, quatro feiras acontecem em diferentes pontos da cidade: sábado – Passeio Público (centro) e Jardim Botânico; terça-feira – terminal do Campina do Siqueira; quarta-feira – Cabral. Nessas feiras, os produtos são vendidos a preços em conta, pois são ofertados pelos próprios produtores da região metropolitana.

 Deputado tenta proibir herbicida altamente tóxico

O deputado Padre Paulo Ramos (PT) apresentou, na útlima terça-feira, na Assembléia Legislativa, o projeto de lei que propõe a proibição do uso do herbicida hormonal 2,4-D (Ácido Dioclorofenoxiacético) no Paraná. O projeto já foi protocolado e deve passar pelas comissões antes de ir a plenário. Enquanto a proposta tramita, o deputado deve realizar diversas audiências públicas para debater o assunto com técnicos, especialistas na área, ambientalistas e agricultores, os mais prejudicados com a constante contaminação.

O herbicida 2,4-D é utilizado nas lavouras de cana-de-açúcar, soja, milho, entre outros, causando danos irreversíveis ao meio ambiente. Diversas iniciativas, inclusive algumas de trabalhadores rurais e da comunidade em geral, em diversos municípios paranaenses, já foram feitas para que seja proibido o uso desse agrotóxico. Dados da Secretaria de Estado da Saúde confirmam que nos últimos dez anos ocorreram mais de 9 mil casos de intoxicação por agrotóxicos no Paraná, tendo ocorrido no mesmo período mais de 900 mortes. Esse número tem diminuído, mas ainda é considerado alto pelos especialistas. Em 2002, foram 241 casos de intoxicação. Ano passado, esse número reduziu para 219 ocorrências.

De acordo com o projeto apresentado pelo deputado, o herbicida 2,4-D é o mais perigoso dos agrotóxicos utilizados pelos agricultores paranaenses. “Está comprovado que esse herbicida é altamente perigoso e já causou muitas mortes nos últimos anos. Existem outros produtos químicos que fazem o mesmo trabalho, mas que não apresentam riscos para os agricultores”, explica Padre Paulo.

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