Alergias e coceiras são mais frequentes no verão

Chegou a temporada mais esperada do ano. Com a elevação da temperatura, são bem poucas pessoas que conseguem permanecer em casa. Freqüentar praias, clubes, parques, praias e piscinas é quase uma obrigação. Não é novidade que nessa época a proteção solar é indispensável nos períodos em que o corpo fica mais exposto aos raios ultravioletas. Bolhas, queimaduras graves e até câncer de pele podem ser decorrentes dos excessos à exposição solar.

Além dessa preocupação, as pessoas não podem deixar de lado outras doenças da pele que se desenvolvem principalmente nos períodos mais quentes. As alergias, por exemplo, tornam-se freqüentes com o clima abafado e é preciso ficar atento e tomar cuidado para que elas não estraguem os dias de folga dos pais e, principalmente, das crianças.

De acordo com Cíntia Kurokawa La Scala, especialista em alergologia pediátrica, uma das doenças mais prevalentes é o eczema atópico, doença que pode se desenvolver no verão. O problema já atinge cerca de 15% da população infantil brasileira e é causada por um distúrbio do sistema imunológico (sistema de defesa do corpo) associado aos fatores ambientais e alimentares. “Bebês predispostos, que vivem em ambientes abafados, transpiram muito e acabam se coçando mais, e podem, assim, desencadear as crises”, afirma a médica.

Marcha atópica

A dermatologista Lilian Nishino, da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Seção PR, explica que a dermatite atópica pode surgir em qualquer idade, mas é mais comum na infância, afetando principalmente rosto, braços e pernas, mas as suas manchas avermelhadas também podem surgir por todo o tronco. Nos adolescentes e adultos, as lesões são mais escuras e se localizam nas dobras do corpo, como pescoço, cotovelo, ou atrás do joelho. “A doença pode surgir na infância e se prolongar até a adolescência”, alerta a dermatologista.

O estudante L.C., de 15 anos, por exemplo, descreve que é horrível conviver com a doença, que o incomoda desde os seis meses de idade. “Em determinados dias não sinto nada, mas, de repente, fico cheio de feridas e vermelhidão na pele”, comenta. Já, o motorista M. V. C., de 36 anos, teve o diagnóstico de dermatite atópica há poucos meses. “O dermatologista falou que deve ter um fundo emocional na doença, pois venho passando por problemas pessoais nesses últimos anos”, avalia.

Os sintomas da doença aparecem em forma de bolhinhas com secreções, descamações, ressecamento e coceira. Além de todo o desconforto, a doença de pele é a porta de entrada para o aparecimento de outras alergias. É o que os especialistas descrevem como “marcha atópica”, caracterizada pela seqüência de progressão dos sinais clínicos de doença atópica com alguns sintomas se tornando mais proeminentes enquanto outros diminuem. De um modo geral, crianças que desenvolvem dermatite atópica precede o desenvolvimento da rinite alérgica e de asma.

Diversos estudos comprovaram que crianças que desenvolvem dermatite atópica, ainda bebês, têm mais chances de apresentarem, na seqüência, tais doenças. Assim, a marcha atópica é uma tentativa de explicar a inter-relação das doenças alérgicas.

Identificando…

* Ressecamento intenso
* Inflamação
* Lesões simétricas de eczemas
* Coceira nas áreas mais afetadas
* Pele extremamente seca, com descamação contínua

… e reduzindo os sintomas

* Não coçar
* Não brincar com areia ou terra
* Evitar banhos longos e muito quentes
* Hidratar a pele logo após o banho
* Usar sabonetes e hidratantes neutros
* Não usar “,buchas”
* Evitar roupas de tecido sintético
* Manter a casa arejada e livre da poeira

Fonte: Associação de Apoio à Dermatite Atópica

Ressecamento e coceira

Uma das possibilidades para tentar diminuir e impedir a evolução dessas enfermidades é prevenir os fatores de aparecimento da dermatite atópica, ou seja, evitar ambientes muito quentes, que propiciam a transpiração e a coceira, evitar banhos quentes e fugir da exposição à alérgenos. Mas, aqueles que já apresentam exacerbação da doença, podem contar com tratamento específico que produz alívio dos sintomas.

Cíntia Scala esclarece que a terapia indicada para os casos de dermatite envolvem diversas etapas. “Para cada sintoma existe um tipo de cuidado”, alerta. Assim, a medicação tópica pode ser feita com os imunomoduladores e os antinflamatórios hormonais. De acordo com a alergologista, a vantagem dos imunomoduladores está no fato de não apresentar os efeitos colaterais dos corticosteróides. “O uso de hidratantes é também indispensável para combater o ressecamento e conseqüentemente a coceira”, recomenda.

A dermatite atópica é doença crônica caracterizada por pele seca e muita coceira. O prurido é o seu sintoma principal. “Não há dermatite se não houver coceira”, sentencia a dermatologista Lorena Madeira. Na infância, as lesões de pele são avermelhadas e localizadas na face, tronco e superfícies externas dos membros. Nas crianças maiores e adultos, as lesões se localizam mais nas dobras do corpo (pescoço, cotovelos joelhos) e são mais secas, escuras e espessadas. Em casos mais graves, pode atingir boa parte do corpo.

“As reações do corpo devem estar sempre em observação”, observa a dermatologista. Uma coceirinha insistente ou brotoejas que nunca desaparecem são sinais de que alguma coisa diferente pode estar acontecendo com a pele.

A ajuda de um especialista é indispensável, pois só ele poderá fazer o diagnóstico correto e indicar o tratamento adequado para cada caso.

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