Alergias aumentam com mudança climática

A alergia é uma das patologias mais freqüentes em crianças e adultos, por isso, o diagnóstico precoce é considerado por especialistas como de vital importância.

Segundo pesquisas mundiais, uma em cada quatro crianças nos países desenvolvidos é alérgica e esses números têm tendência a aumentar, devido a fatores genéticos ou externos.

“Alergia é a única doença controlável no mundo, mas que teve a sua incidência e prevalência aumentada”, revela o alergologista Gilmar Cardoso. A morbidade da alergia aumentou nos últimos anos. Há 50 anos, 5% da população mundial sofria de alergia. Hoje, de acordo com o especialista, pelo menos 25% das pessoas têm algum tipo de alergia e 35% ainda terão.

O distúrbio afeta em maior ou menor grau milhões de pessoas. O médico explica que as alergias são dividias em quatro tipos (ver quadro abaixo). Todos esses distúrbios são considerados doenças inflamatórias.

“O alérgico não tem o controle da inflamação, por possuir algum tipo de ‘defeito genético’ tem acentuado o seu processo inflamatório”, reconhece. As doenças alérgicas estão relacionadas à genética familiar, mas dependem da exposição aos alérgenos e do estilo de vida que a pessoa leva.

Diagnóstico precoce

O técnico em informática Altevir Marchioro não pode nem lembrar das crises alérgicas causadas pela ingestão de frutos do mar. “Não precisa nem ser em quantidade grande, uma maionese de camarão, por exemplo, já me causa uma crise alérgica”, conta.

A estudante Isadora Beneduzzi, por exemplo, aprendeu a conviver com uma alergia alimentar em que o leite tinha que ser excluído da sua dieta. O empresário Emílio Pretti sabe bem como é conviver com a alergia.

Desde pequeno, ele precisar ficar afastado de chocolate, frutos do mar, poeira e pelos. Fez um tratamento com vacina durante seis anos. “Hoje não digo que sou 100% curado, mas já posso comer até chocolate, tudo em pequena quantidade”, observa.

Em qualquer estação, os casos de alergia são sempre preocupantes. Com as mudanças climáticas, Gilmar Cardoso, reconhece que no verão, as principais alergias são as mesmas do inverno.

“Nos últimos cinco anos, o clima mudou tanto que a rinite se tornou uma doença praticamente perene, vai de janeiro a janeiro”, comprova. Nesta época do ano, a alergia mais frequente é a de pele, isso, porque, as pessoas usam creme no corpo, mexem com limão na praia e acabam com manchas.

Outro inimigo dos alérgicos é o ar-condicionado. Geralmente, no inverno, o ar em fica desligado. Quando chega o verão, as pessoa – em casa e nos escritórios – ligam os aparelhos e enchem o ambiente de ácaros e fungos, um prato cheio para se iniciar um processo alérgico nas pessoas mais suscetíveis à doença.

Neste sentido, a pediatra Eliane Maluf, alerta que o diagnóstico precoce é extremamente importante porque, uma vez feito, permite instituir não só a terapêutica mais adequada como também possibilitar que medidas profiláticas sejam tomadas no sentido de se evitar o surgimento da doença nas crianças.

Reação imunológica

A alergia resulta, segundo a especialista, do fator genético, ou seja, um recém-nascido que tenha pais ou irmãos alérgicos corre um maior risco de sofrer dessa patologia, e do fator meio ambiente, sendo o fumo do tabaco um dos principais aditivos para que mais tarde as crianças venham a sofrer de algum tipo de alergia.

“Além desses, existem ainda os fatores exteriores com os quais as crianças entram em contato, entre eles os alérgenos alimentares, como corantes e o próprio leite de vaca; os locais úmidos, a poeira e o pêlo de animais domésticos”, observa a médica.

De acordo com o Gilmar Cardoso, o diagnóstico é feito pelo especialista por meio da história e observação e o teste é somente para confirmar. “A pessoa pode ter um teste positivo para camarão, comer e não sentir ,nada. Já em outra o teste pode dar negativo e, se comer camarão, morre”, explica.

Para descobrir que tem alergia é somente tendo uma reação. O teste por si só não significa que você tem alergia. Toda e qualquer alergia só aparece depois que a pessoa se sensibilizou.

O médico esclarece que, da primeira vez que a pessoa toma um medicamento ou come um marisco, por exemplo, não vai ter alergia. Da segunda em diante, a possibilidade existe. É necessário que o organismo se sensibilize ao antígeno.

“Para alergia medicamentosa não existe exame, a pessoa que tem precisa ter um documento informando a doença porque esse pode salvar a sua vida. Ao tomar determinados medicamentos, a reação pode ser fatal”, alerta.

Imunotera-pia com alérgenos

Um programa de tratamento efetivo combina quatro medidas simultâneas: controle ambiental e dieta, auto-educação, farmacoterapia e imunoterapia com alérgenos. No entanto, a principal medida é evitar o que faz mal, já que os remédios minimizam os sintomas, não interferindo em nada na doença.

Segundo Cardoso, quem não pode evitar vai passar mal sempre, mas quem tem condições precisa manter o quarto limpo, fazer a limpeza com pano úmido e nada de desinfetante, apenas álcool, e o ar-condicionado deve estar sempre limpo.

A imunoterapia com alérgenos é, por enquanto, o único mecanismo que a medicina possui para modificar o padrão de resposta do alérgico, tornando-o tolerante.

A vacina precisa ser tomada por, no mínimo, dois anos. Ela somente começa a fazer efeito depois de seis meses. O valor de cada série, uma vacina por mês, varia de R$ 100,00 a R$ 200,00. Por enquanto, o Sistema Único de Saúde (SUS) não oferece a imunoterapia.

Os tipos de alergias

Tipo 1

São as mais comuns. Dentre elas estão: rinite alérgica, conjuntivite alérgica, bronquite alérgica, sinusite alérgica e a dermatite alérgica, além de alguns casos de gastroenterite alérgica.

As alergias aos mariscos também são do tipo 1. O primeiro tratamento é evitar o que faz mal. Fumaça, tinta, alguns alimentos, cheiros fortes, certos medicamentos, entre outros.

Tipos 2 e 3

São anticorpos dependentes. Estes casos são mais graves e, geralmente, são tratados em UTI.

Tipo 4

São as dermatites de contato. As pessoas têm alergia a metais, couro, tinta, cimento e corante de cabelo. Também são comuns.

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