Alcoólatra não admite o vício

O alcoolismo é um dos principais males da sociedade atual. O álcool é uma droga como a heroína, a cocaína e o crack porque vicia, altera o estado mental da pessoa que o utiliza, levando-a a atos insensatos, muitas vezes violentos. Infelizmente, o álcool faz parte da cultura mundial e o seu uso é aceito socialmente, se tornando um problema maior por ser uma droga legalizada. E, apesar da divulgação feita sobre essa doença, poucas pessoas conseguem admitir que são alcoólatras.

Segundo Lais Marques, médico especialista em alco- olismo, o álcool tomado em doses pequenas e eventualmente não faz mal. O problema é quando a pessoa começa a beber com mais freqüência e sempre em quantidades maiores, se tornando tolerante ao álcool. Mesmo sendo um assunto bastante discutido na sociedade atual, ainda é difícil por parte dos dependentes reconhecer que eles têm o problema. ?Uma das características do alcoólatra é a incapacidade de controlar a bebida, e ele não reconhece isso. É imperceptível o estágio em que o indivíduo passa de apreciador da bebida a alcoólatra. Por isso o álcool é perigoso. Quanto mais ele bebe, mais tolerante à bebida ele fica, tendo sempre que tomar doses maiores. Isso se torna incontrolável e, sem orientação, fica complicado para o dependente procurar ajuda?, explica o médico.

A pessoa já está dependente do álcool quando ela deixa de fazer o que antes era importante na sua vida. A bebida se torna mais importante que a sua família, trabalho e deveres sociais. E, de acordo com Marques, nem mesmo nessa situação, a pessoa admite que está com problemas. ?Quando a pessoa bebe isolada é que a situação já está grave?, diz ele. As manifestações corporais costumam começar por vômitos pela manhã, dores abdominais, diarréia, gastrites, aumento do tamanho do fígado e podendo chegar a doenças mais graves e irreversíveis. Pequenos acidentes que provocam contusões, e outros tipos de ferimentos também se tornam mais freqüentes, bem como esquecimentos mais intensos do que os lapsos que ocorrem naturalmente com qualquer um.

Marques foi presidente da Junta de Serviços Gerais dos Alcoólicos Anônimos no Brasil, e diz que a recuperação do alcoólatra só pode ocorrer partindo dele. ?O alcoólatra não é maluco. Isso é uma doença e não tem cura. E a melhor forma de controlar é indo nesses grupos de recuperação para ver que ele não está sozinho. É um tratamento em grupo que traz grandes resultados. Nesses locais ele encontra pessoas que estão com o mesmo problema, e isso alivia?, afirma o médico, que diz que o alcoólatra deve procurar por tratamento físico, psicológico e espiritual.

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