“A luz amarela acendeu, é uma questão que se enfrenta com fiscalização e com a construção de um novo padrão de consciência da população.”
A reação foi do ministro da Saúde José Gomes Temporão ao tomar conhecimento dos dados tabulados na pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2008), revelou que o consumo de bebida alcoólica – principalmente beber e dirigir – voltou ao padrão anterior da vigência da Lei Seca.
Isso mostra uma reversão na tendência inicial de queda no número de pessoas que declararam conduzir automóveis após ingerir bebidas alcoólicas.
Uma avaliação feita com base nas declarações de 54 mil entrevistados no inquérito revelou que, depois de cair pela metade entre os meses de junho e agosto de 2008, o percentual de pessoas que afirmaram beber e dirigir cresceu nos meses novembro e dezembro de 2008 voltando aos patamares de 2007. Ainda, conforme o estudo, nos meses de janeiro a março de 2009 os percentuais se mantiveram nos mesmos patamares dos meses de 2007.
De acordo com os dados do Vigitel, em 2008, os percentuais de pessoas que declaram beber de forma abusiva e dirigir foram de 1,9% em junho, 1,3% em julho e de 0,9% em agosto – o menor índice verificado nos últimos nove meses. Nesses três meses, a queda foi de 52%.
Depois de permanecer em 1,2% nos meses de setembro e outubro, os percentuais saltaram para 2,1%, em novembro, e 2,6%, em dezembro. Em 2009, os percentuais se mantiveram nos patamares anteriores à Lei Seca, chegando a 2,2% em março.
Entre a população pesquisada que disse fazer consumo abusivo de álcool, o percentual de homens que admitiram beber e dirigir é 10 vezes (3%) maior que o de mulheres (0,3%).
A prática de dirigir após consumo abusivo de bebida alcoólica alcança maior freqüência na faixa etária entre 25 e 34 anos (4,0% dos homens e 0,7% das mulheres).
A avaliação também mostrou que a ingestão abusiva de álcool associada ao hábito de dirigir aumenta conforme a escolaridade, sendo maior entre as pessoas do sexo masculino – 5,6% contra 0,9% das mulheres.
Mortes evitáveis
Para o estudo, foi considerado abusivo o consumo de mais de quatro doses de álcool para as mulheres e mais de cinco para homens, em mesma ocasião, evento ou festa, nos últimos 30 dias. A avaliação considera como dose de bebida uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou uma dose de destilados como uísque ou vodka.
Para mudar esse cenário, o Ministério da Saúde vai propor a ampliação de um plano de ação conjunto com os ministérios da Justiça e das Cidades para prevenção de acidentes de trânsito pelo consumo de álcool.
Alguns dos objetivos são melhorar a atenção às vítimas, reestruturar serviços de urgência de hospitais e aprimorar a qualidade da informação sobre prevenção de acidentes e coleta, análise e disseminação das informações sobre acidentes de trânsito.
De acordo com o Ministério da Saúde, em 2007 os acidentes de trânsito tiraram a vida de 36.465 pessoas. “Essas mortes são plenamente evitáveis”, afirma a coordenadora geral da Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Deborah Malta, reconhecendo que outras causas podem ser atribuídas ao excesso de velocidade, a falta de manutenção nas vias e dos veículos, falta de uso de equipamentos de proteção como cintos de segurança na frente e atrás, cadeiras de restrição para crianças e capacetes apropriados e desrespeito às leis de trânsito, entre outros.