O consumo de bebidas alcoólicas durante a gestação é prejudicial à saúde do feto. Isto parece ser do conhecimento geral, por isso, é de se esperar que as futuras mamães procurem ficar longe do álcool durante a gravidez. Certo? Errado! Nos Estados Unidos, por exemplo, a síndrome alcoólica fetal (SAF) ? como é conhecida a doença – se tornou um problema de saúde pública. No Brasil, não existem estudos sobre a prevalência da SAF, mas a sua alta incidência também preocupa.
Pesquisas desenvolvidas pela médica Ann Streissguth, da Universidade de Washington, revelaram que o álcool consumido durante a gestação pode gerar diversos problemas, já que o álcool consumido pela mãe passa através da placenta para o feto. ?Passa proporcionalmente à quantidade que é ingerida, da mesma forma que entra no próprio sangue", salienta a especialista, esclarecendo que, dessa maneira, um feto com tamanho muito reduzido recebe quantidade idêntica de álcool que uma pessoa adulta.
Danos cerebrais
Segundo a pesquisadora, o álcool é teratogênico, ou seja, é um agente capaz de causar má-formação. Entretanto, tem uma ação diversificada, pois ?não age de forma tão evidente como, por exemplo, o vírus da rubéola, que gera deficiências físicas, tais como a cegueira e a surdez?, explica Ann. A ingestão de álcool causa danos cerebrais. O consumo dessa droga ?socialmente aceita? aumenta, ainda, o risco de aborto espontâneo, as chances de a criança nascer prematura e de morrer com menos de um ano de vida, além da probabilidade de malformação.
De acordo com Ann, que apresentou o seu trabalho em um simpósio sobre saúde pública no Rio de Janeiro, a doença é caracterizada por retardo do crescimento e alterações dos traços faciais, que se tornam menos evidentes com o passar do tempo. Somam-se a essas alterações globais do funcionamento intelectual, em especial déficits de aprendizado, memória, atenção, além de dificuldades para a resolução de problemas e socialização.
Na face da criança com SAF se observa que o lábio superior é mais fino, o queixo é menor e o nariz mais achatado. No entanto, as características faciais vão sumindo conforme a criança vai crescendo, o que torna a identificação da SAF mais difícil em crianças maiores, em adolescentes ou adultos. Para a médica, o correto diagnóstico da síndrome é essencial para a criança, pois, desta forma, os pais vão entender, por exemplo, o motivo de algum tipo de dificuldade no aprendizado.
