A filha da secretária Roberta vinha ficando doente com frequência. Sofria com dor de ouvido, infecções na garganta e sinusite. O uso de antibióticos estava deixando a mãe preocupada.
“Ela alternava períodos de bem-estar com outros em que precisava ser internada”, conta. Um especialista identificou que ela estava com inflamação na adenóide e que uma cirurgia seria indicada. Ela passou pelo procedimento e, duas semanas depois, estava curada. “Agora leva uma vida normal”, garante a mãe.
Caso a criança respire pela boca, tenha um sono agitado e vive, constantemente, sem apetite, é bem provável que ela sofra dessa doença que atinge perto de 20% da população infantil: infecção ou hipertrofia da adenóide, uma das portas de entrada de “bichinhos”, como vírus e bactérias, e que podem ser alvos constantes de inflamações, aumentando de tamanho, atrapalhando na hora de comer e respirar. Esse tecido fornece informações para a produção de anticorpos contra microorganismos presentes no ar.
A função da adenóide é essa mesmo: a defesa do organismo. Todas as crianças nascem com uma adenóide pequena e à medida que começam a engatinhar, levando coisas ao nariz ou à boca, fazem com que bactérias e vírus penetrem no organismo. A adenóide capta organismos nocivos, criando anticorpos para combater esses agressores.
Atenção total
O otorrinolaringologista Álvaro Machado Pacheco Neto alerta que, quando a criança se desenvolve a adenóide começa a crescer, e aí surgem os principais distúrbios. “Quando esse crescimento vai além daquilo que seria normal, passa a se constituir um problema”, reconhece.
De acordo com o médico, da preocupação dos pais ao diagnóstico do distúrbio, o importante é não perder muito tempo. O especialista avisa que a indicação de cirurgia só se justifica quando os sintomas causam grande desconforto à criança.
As crianças que chamam a atenção são aquelas que passam a se tornar “respiradores bucais”. De acordo com o especialista, elas se cansam mais facilmente, tem dificuldade para comer porque precisam respirar e comer ao mesmo tempo.
As infecções da adenóide podem provocar respiração pela boca e consequente alteração do desenvolvimento crânio-facial (arcada dentária e músculos faciais), respiração ruidosa, ronco, apneia (parada da respiração durante o sono), voz nasalada, infecções de ouvido e secreção nasal constante.
Pesquisas apontam que o distúrbio afeta 30% das crianças brasileiras. As queixas, por vezes, se limitam às narinas entupidas e os desconfortos na garganta, mas um problema mais grave pode estar se instalando.
Os pais precisam prestar atenção nos “pequenos” detalhes, pois esses distúrbios acabam prejudicando a saúde, a qualidade de vida e o desenvolvimento das crianças. “Isto porque o ar que entra pela boca é mais agressivo ao organismo e chega ao pulmão com as impurezas do ambiente”, explica o médico.
Resultados imediatos
O diagnóstico correto da doença pode levar algum tempo. Otorrinolaringologistas afirmam que uma grande quantidade de “outras” complicações pode trazer essa condição. As mais comuns são as rinites alérgicas e o aumento das amígdalas e adenóides, também conhecida como “carne esponjosa”.
Seu hiperdesenvolvimento também pode estar relacionado a sinusites de repetição na infância e alterações na audição, já que n&,atilde;o permite a saída das secreções nasais normalmente produzidas.
De acordo com Pacheco Neto, todos esses prejuízos podem ser evitados quando tratamos adequadamente a causa do problema. Ele explica que nos casos não tão severos, é possível esperar uma reversão do quadro. Nos casos mais agudos, existe a necessidade de intervenção cirúrgica.
“O diagnóstico mais precoce facilita o tratamento”, avalia o especialista, salientando que os resultados são percebidos de imediato, sem prejuízos para o desenvolvimento normal da criança.
De acordo com os especialistas, não existe uma idade ideal para uma criança passar pelo procedimento cirúrgico. Uma possível urgência por se fazer a cirurgia se deve, sempre, pela gravidade dos sintomas.
Em alguns casos, é possível que as adenóides voltem a crescer, notadamente, após infecções virais ou em crianças que apresentem outros tipos de distúrbios na garganta. Mesmo nesses casos, por seu importante alívio respiratório, a cirurgia é sempre indicada.
Sintomas e sinais do respirados bucal
* Olhar apagado
* Boca aberta
* Gengiva vermelha e inchada
* Língua encostada no lábio inferior e nos dentes de baixo
* Céu da boca alto
* Arcada dentária superior estreita
* Face alongada
* Boca ressecada
* Musculatura da face mais flácida
* Aparência de ter um pescoço curto
Pais devem prestar atenção
* Observe se a criança consegue fazer as atividades do dia a dia com a boca fechada.
* Verifique durante a noite se a criança ronca muito alto, se “baba” no travesseiro e se sua respiração é tranquila.
* Caso você perceba que ela fica o tempo inteiro de boca aberta, se acumula saliva excessiva na boca ou se apresenta alterações da respiração durante o sono, procure um especialista.
* O tratamento mais adequado é realizado pela cooperação de vários profissionais, entre eles, o otorrinolaringologista, o fonoaudiólogo e o ortodontista.