Acidentes de trânsito: Sinal vermelho para os distúrbios do sono

maissaude.jpgUma empresa de ônibus identificou e ofereceu tratamento médico a motoristas que apresentavam distúrbios do sono. O resultado: uma redução de R$ 150 mil para R$ 30 mil mensais nos gastos com reparos após acidentes. Em outra empresa, o mesmo tipo de atendimento fez o índice de acidentes com vítimas despencar de 3,6 para menos de uma vítima a cada 100 mil quilômetros percorridos. Dados desse tipo, coletados em pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostram a importância de identificar o problema entre os motoristas profissionais.

Essas e outras pesquisas devem levar o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) a implantar mudanças na regulamentação do processo de habilitação, solicitando exames relacionados ao sono para motoristas profissionais com habilitação nas categorias C, D e E, tanto no momento da renovação da carteira quanto para a emissão de novas habilitações. ?Caso a resolução seja aprovada, os exames poderão ser feitos gratuitamente por toda a rede SUS?, afirma Marco Túlio de Mello, coordenador do Centro de Estudos em Psicobiologia e Exercício (CEPE) da Unifesp.

Sonolência e fadiga

Estima-se que em torno de 20 a 30% dos candidatos deverão ser encaminhados para a polissonografia. Entre os sinais indicativos do distúrbio estão sobrepeso, pressão arterial alterada, fatores emocionais e disfunção respiratória, entre outros. Estatísticas mundiais dizem que, depois do álcool, dormir ao volante é a segunda causa de acidentes de automóvel. De acordo com Marco de Mello, a sonolência e a fadiga são responsáveis por cerca de 30% dos acidentes nas estradas no Brasil.

A sonolência durante o dia ou no período de trabalho ocasiona a diminuição da atenção, aumentando os riscos de acidentes. Além disso, os distúrbios do sono provocam perturbações de humor, aumento de incidência de doenças cardiovasculares, hipertensão, desordem social e conjugal, além da possibilidade de causar doenças psiquiátricas graves.

Testes feitos em empresas de ônibus, preocupadas em investir em medidas de segurança, comprovam a eficácia dos exames de polissonografia e da alteração das escalas de trabalho para esses profissionais na vida do motorista profissional. São exames em que o paciente passa o período de sono conectado a eletrodos e sensores ligados a um computador, para medir as atividades do cérebro.  

?O retorno financeiro para as empresas é totalmente garantido, além de causar satisfação de passageiros e a melhoria na qualidade de vida desses funcionários?, afirmou Marco de Mello. 

Um acidente com vítima fatal pode custar até R$ 144 mil

No Brasil, morrem de 30 a 50 mil pessoas em acidentes de trânsito por ano. Desses acidentes, de 26 a 32% são em decorrência da sonolência e fadiga e 17% das mortes são causadas por adormecimento ao volante. São mais de 38 milhões de motoristas em todo o território nacional. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), dados de 2003, o custo médio de um acidente automobilístico no Brasil é de R$ 8.782,00, chegando a mais de R$ 144 mil quando existir alguma vítima fatal. Assim, pode-se deduzir que se levar em conta as menores estatísticas de mortes no trânsito (30 mil) por ano, o valor aproximado seria de mais de R$ 4,3 bilhões. Este valor não contabiliza as despesas com aposentadorias por invalidez, afastamentos de trabalho, medicação ou tratamentos e das atividades familiares e sociais.

Os horários de maior risco para os motoristas são entre 12h30 e 14h, das 22h às 23h30 e também das 3h30 às 5 horas da manhã. ?As estradas brasileiras matam mais que qualquer guerra recente e isso é um absurdo?, diz o pesquisador. Com efeito, além das mortes que ocorrem no local do acidente, cerca de 30% das vitimas internadas em hospitais em decorrência deles acabam morrendo e não são contabilizadas neste quadro total de vítimas fatais.

SINAL AMARELO ? ATENÇÃO!

– Precisa de atenção para focar objetos à distância.

– Pisca freqüentemente.

– Sente os olhos pesados.

– Boceja repetidamente.

– Dificuldades de lembrar os últimos minutos do trajeto percorrido.

SINAL VERMELHO ? PARE!

– Tem dificuldades em manter a cabeça na posição normal.

– Perdeu saídas ou não viu os sinais de trânsito.

– Saiu de sua pista.

– Escorregou para o acostamento.

– Teve que frear bruscamente.

SINAL VERDE ? DESCANSE!

– Encoste em um lugar seguro e iluminado da estrada.

– Beba cafeína ou um energético.

– Durma por 15 ou 20 minutos. A cafeína leva 30 minutos para fazer efeito, dormir nesse período ajuda a recuperar a atenção.

– Não tente usar truques para ficar alerta, como abrir a janela ou aumentar o volume do rádio.

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