A saúde sob ameaça

Gordura visceral, hipertensão, glicemia alterada, triglicérides altos, bom colesterol baixo. Se três dentre estas cinco alterações forem identificadas no organismo, é bom a pessoa se preocupar, afinal, ela passa a ser uma séria candidata a sofrer, do que os médicos chamam de síndrome metabólica, uma série de condições clínicas que podem, conjuntamente, propiciar o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes. A estimativa é de que, entre 25% e 35% das pessoas no mundo, sejam atingidas pelo distúrbio.

De acordo com o cardiologista Dalton Précoma, essas condições podem se mostrar apenas como a ponta de um iceberg, já que podem esconder uma série de ameaças a órgãos vitais. ?As pessoas diagnosticadas com síndrome metabólica correm duas vezes mais riscos de sofrer infarto e derrame?, adverte. A faixa etária em que a síndrome se torna mais prevalente se localiza entre os 60 e 69 anos de idade, apesar de afetar pessoas com menos de trinta anos.

Para o especialista, tais critérios são provenientes de fatores, como predisposição genética, estilo de vida, tipo de alimentação, sedentarismo e estresse do dia-a-dia. Nessas condições, conforme Précoma, se encontram, aproximadamente, 60% dos brasileiros, de acordo com estudos da Organização Mundial da Saúde. O médico cita a circunferência abdominal ou gordura visceral como um dos fatores de risco mais preocupante. ?Esse tipo de gordura bloqueia a ação da insulina, sobrecarregando o pâncreas e trazendo o risco da incidência de aterosclerose?, explica.

Alimentação e exercícios

Um estudo recente associou o desenvolvimento dessas doenças com o alto consumo de alimentos ricos em carboidratos, como doces, pães e outros alimentos ricos em farinha e açúcar. Conforme, Alexandre Alessi, cardiologista do Hospital Santa Cruz, eles também aumentam rapidamente os níveis de açúcar no sangue, fazendo com que o organismo responda, aumentando os níveis de insulina. ?Em excesso, o organismo cria uma resistência, potencializando tais riscos?, comenta.

Alessi enfatiza que a síndrome metabólica é, geralmente, ligada à obesidade. Tudo piora quando a pessoa consome gordura em demasia na alimentação, não faz nenhuma atividade física e mantém o hábito de fumar. Nas últimas décadas surgiu outro problema ligado à síndrome metabólica: o estresse. Alguns estudos apontam que essa condição pode ajudar a desencadear a síndrome, servindo de gatilho para tais distúrbios.

Rubens Zenóbio Darwich, cardiologista da Clínica Costantini, comenta que ?fechar a boca? é o primeiro passo para se ficar longe da síndrome metabólica. Para o especialista, uma mudança na dieta, reduzindo-se a quantidade de calorias e aumentando a atividade física para diminuir o peso corporal, traz ótimos resultados. ?Muitas vezes, adotando tais hábitos, já basta para diminuir riscos sem recorrer a medicamentos específicos?, avalia. Por outro lado, várias substâncias têm se mostrado eficientes no controle da síndrome. Medicamentos voltados para aumentar a saciedade, equilibrar o gasto calórico, combater a formação de placas de gordura e a resistência à insulina, são os mais pesquisados.

Parâmetros variáveis

Nos últimos anos a comunidade médica tem sido surpreendida pela determinação de novos valores clínicos ou laboratoriais para identificar os parâmetros que definem a síndrome metabólica. Conheça alguns parâmetros utilizados atualmente pelos especialistas:

Pressão sangüínea ? A pressão arterial de 140 x 90 já não satisfaz aos médicos e os novos valores a serem alcançados baixaram para 130 x 80. Com tal medida, os riscos de acidentes vasculares, infartos e acidentes vasculares cerebrais diminuem.

Circunferência abdominal ? No Brasil, os valores ideais das cinturas dos homens e mulheres diminuíram. Para os homens não podem passar de 90 cm, para mulheres, 80 cm, exigindo maiores cuidados alimentares e atividade física.

Colesterol – Há alguns anos a taxa de colesterol máxima recomendável no sangue diminuiu de 260 para 200. Hoje se observam com mais atenção os níveis do bom e do mau colesterol isoladamente.

Glicemia de jejum ? Os especialistas em diabetes estão utilizando valores de glicose abaixo de 100 mg/dl. Glicemias de jejum entre 100 e 126 mg/dl são consideradas suspeitas.

Triglicérides ? Como estão ligadas diretamente ao LDL (colesterol ruim) não devem passar de 140 mg/dl.

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